quarta-feira, 4 de agosto de 2010

PAPO DE MUNDIAL - NEZINHO


No basquete brasileiro, ele é uma espécie de campeão de críticas. E tem plena consciência disso. Aos 29 anos, Nezinho está de volta à seleção, ainda carregando os rótulos de "maluco" e "irresponsável". Marcado pelo gesto de insubordinação no Pré-Olímpico de 2007, quando se recusou a entrar em quadra durante uma partida, o armador sabe que mudar a imagem não é fácil. Para tentar entender melhor o que se passa na cabeça não só do Nezinho, mas do Welington Reginaldo dos Santos, conversei com ele durante quase meia hora após o treino da noite de segunda-feira. Com uma elogiável disposição para reconhecer fraquezas e analisar temas delicados, ele não fugiu de nenhuma resposta. E garantiu que, no Mundial da Turquia, a torcida não verá nem a compulsão nos arremessos, nem a imaturidade que já lhe causou tantos problemas.

>>> "Aqui na seleção meu estilo de jogo muda muito, não vou ficar tacando bola"

- REBOTE - Você ficou dois anos fora da seleção, e agora está de volta. Qual é a diferença entre o Nezinho de 2007 e o Nezinho de 2010?
- NEZINHO - A palavra principal é amadurecimento, de forma global, tanto do meu jogo como da minha pessoa. Quando você fica mais velho, vê as coisas de um jeito diferente e vê coisas que você não via. Isso me ajudou bastante dentro da quadra.

- Ainda hoje, quando você chega à seleção para disputar um Mundial, o que mais se ouve é: "Nezinho é maluco, vai chutar todas as bolas". A impressão é de que o seu estilo de jogo não combina com o que o Rubén Magnano prega, um basquete mais equilibrado. O que você acha?
- Acho que a gente tem que saber se colocar. Eu sou um armador que também gosta de arremessar. Mas quando chego aqui, tem o Leandrinho, o Alex, o Marcelinho. Já joguei em times onde eu tinha que armar e chutar, como Assis, Limeira. Aqui na seleção meu estilo de jogo muda muito, não vou ficar tacando bola.

- A maioria achou que o Rubén puxaria o Fúlvio. Alguns jornalistas que cobrem os treinos conversaram para tentar entender o porquê da sua escolha. A conclusão foi de que, num Mundial, o técnico optou por um jogador mais "cascudo", que vai partir para dentro na trombada se tiver que partir, e vai jogar mais duro se tiver que jogar. Você acha que foi isso?
- Pode ter sido isso. Para um campeonato de nível A, pode ter pesado bastante. Já tenho 29 anos, apesar de o Fúlvio ter quase a minha idade, mas o Magnano pode ter pensado que, com quase 30 anos, dá para eu me virar lá no Mundial.

>>> "As críticas já me incomodaram muito. Até 2004, 2005, eu ficava mal até para entrar em quadra. Hoje, com experiência, isso me dá força para treinar ainda mais"

- Você é um cara que costuma sofrer muitas críticas o tempo todo.
- Bastante.

- Inclusive minhas aqui no blog. Como você lida com isso? Te incomoda?
- Já me incomodou muito. Até 2004, 2005, eu via aquilo, meu irmão me ligava, alguém me ligava e dizia: "Nossa, você viu o que estão falando?". Eu ficava mal até para entrar em quadra. Mas hoje, com experiência, isso me dá força para treinar ainda mais. Se eu estiver confiante, pode falar o que quiser, não vai interferir no meu jogo. Pode falar que eu sou feio, que eu chuto bola, faço isso, aquilo. Isso não me perturba mais.

- Sua família é muito envolvida com o basquete [Nezinho é sobrinho da campeã mundial Roseli e primo de Karen e Silvia Gustavo]. Os parentes também se sentem atingidos quando você é criticado?
- Até hoje. Eles me ligam, mas eu falo para relaxarem. Às vezes a gente perde um jogo, aí vem aquele monte de porrada. Antes ficava todo mundo emburrado. Hoje eu falo: "Vamos para casa, acabou o jogo. Se é só um dia para ficar em casa, vou curtir vocês". Mas há cinco anos era diferente, era bem pesado.

- Falando em família, seu pai está atravessando um problema de saúde, né.
- Uma semana antes da apresentação, ele teve um AVC [acidente vascular cerebral] e ficou com o lado direito do corpo paralisado. Hoje já está andando e se recuperando legal. Ele falou: "Vai para a seleção, que eu vou me tratar, vou melhorar".

- Você ficou marcado pela polêmica de 2007, quando peitou Lula Ferreira e se recusou a voltar à quadra num jogo do Pré-Olímpico [na foto, com o então assistente Guerrinha]. Hoje, olhando para trás, como avalia aquele episódio?
- Às vezes você quer muito jogar, ajudar, mas as coisas não acontecem do jeito que você quer. Eu já queria ter jogado o torneio Pré-Olímpico anterior, então para mim aquele era o meu momento, entendeu? E na minha cabeça, eu não achava que estava sendo utilizado da maneira correta. Então aconteceu aquela situação. Que foi errada. No mesmo dia, quando chegamos no hotel, eu liguei para o quarto do Lula, perguntei se podia falar com ele, e ele disse que sim. Conversei com ele, pedi desculpas à pessoa e ao técnico. Ele falou que eu tinha agido errado, que não poderia ter feito aquilo. Voltei para o Brasil, falei a mesma coisa com a imprensa, publicamente. E a gente resolveu. Graças a Deus isso foi superado e eu pude voltar à seleção. Quando o Magnano teve a primeira conversa comigo, para falar de uma possível convocação, isso me deu um gás que você nem imagina...

- Como foi essa conversa?
- Na época que ele foi visitar os meninos nos Estados Unidos e na Espanha, ele também quis conversar com alguns aqui no Brasil. Pediu para falar comigo, com o Alex, com o Guilherme e com o Valtinho – mas a filha do Valtinho estava doente e ele não pôde ir. Fomos jantar, e ele perguntou como estava a nossa cabeça, essas coisas.

- Antes dessa conversa de aproximação com o Magnano, você imaginava que o episódio de 2007 podia fechar as suas portas na seleção?
- Claro. No ano seguinte, eu fiz um bom Paulista, uma boa Supercopa, e não fui chamado. Falei: "Pô, acho que não vai dar mais". Em 2009 também, com a Copa América. Mas nunca desisti. Sempre quis e treinei firme nas equipes em que eu estava.

>>> "Hoje cada um sabe o seu lugar na seleção. Nezinho, você é aqui, Leandrinho, você é ali. Há dois, três anos, não era assim"

- Olhando para este grupo de hoje, com todo mundo jogando junto e sob o comando de um técnico campeão olímpico, você acha que existe alguma possibilidade de acontecer uma atitude como a sua de 2007?
- Acho que hoje todo mundo está consciente, mais amadurecido. Cada um sabe o seu lugar. Nezinho, você é aqui, Leandrinho, você é ali. Há dois, três anos, não era assim. Tem muita diferença. Um era mais afoito, outro achava que podia ter outro papel.

- O Marquinhos, que está aqui hoje, também teve esse pensamento em 2007.
- Pois é. Mas hoje todo mundo está mais velho. Eu tenho dois filhos, o Marquinhos tem dois filhos, o Alex tem duas filhas, o Leandrinho tem uma filha.

- A chegada dos filhos muda mesmo a cabeça?
- Muda muito. Eu já sei que preciso ter mais consciência, sei o que não posso fazer, sei que tem um pessoal lá em casa me esperando.

- Voltando àquela conversa com o Magnano, você citou o Valtinho. Ele foi seu companheiro de time no último NBB e parecia empolgado com a seleção. O que houve para ele mudar de ideia e pedir dispensa?
- Ah, me surpreendeu. Ele estava bastante contente. Pegou todo mundo de surpresa, e eu também, que estava lá no Sul-Americano quando vi a notícia.

- Para finalizar, o que a torcida pode esperar de você no Mundial?
- Comprometimento. No Sul-Americano eu saía da reserva, às vezes jogava de 2, às vezes de 1, não jogava o primeiro quarto. Não queria saber disso, eu corria e queria ganhar o jogo. Estou amadurecido, confiante e feliz de estar aqui.

11 comentários:

Anônimo disse...

rodrigo e leitores, bom dia!
gostei da entrevista, mas duvido (até pelo q vi no nbb) q o néééézinho vá contribuir p a seleção neste mundial.
RODRIGO, gostaria q vc entrevistasse o horroroso marcelinho machado p saber como ele pretende jogar na seleção.
creio ser isso mt importante pq o MM, juntamente c o néééézinho, nem deveria fazer parte da seleção (ambos chutam, chutam, chutam e raramente acertam; ambos são horríveis na defesa e por aí vai).
como "wings", concordando com a maioria dos colegas, entendo q o leandro barbosa e o alex (q NÃO tem 1,90 m. de altura, mas é um BAITA jogador), o marquinhos e o lento porém bom guilherme deveriam fazer a rotação (eu chamaria um cara novo p ganhar experiência, pois rotação c 12 só espanha e argentina e olha lá).
abraço,
jeferson.

Unknown disse...

CANONIZAÇÃO
Que bom acordar pela manhã e aasistir a êsse ritual de canonização.De qualquer forma, ficamos combinados que êste senhor tem consciência do que faz.Ele disse:"pode falar que sou feio" "tasco a bola faço isso e aquilo" Enfim...é uma guerra entre um égo malcriado e a crítica. Eu, com certeza, não lhe chamarei de feio pois gosto muito do meu Brasil.
Ele pertence a uma das mais tradicionais famílias do basquete paulista e brasileiro. Esperemos que lembre disso. Jogar profissionalmente, e com essa tremenda responsabilidade, não deixa espaço para reações assim, afinal, o armador detem toda a "trama" de um time. Se ficar fazendo "isso e aquilo"...
Parabéns pela sua família e recuperação para o Sr. seu pai.
Boa sorte

Anônimo disse...

Ocorreu uma mudança de atitude em relação ao comprometimento e disciplina, o que é o deveria ser básico para qualquer atleta, ok?

Só um detalhe, não estamos falando de um craque que cometeu indisciplina e que precisamos desesparadamente de sua volta à seleção, nem de um jovem talento que precisa se enquadrar ao esquema. Estamos falando do Nezinho, um armador mediano, que erra passes básicos, arremessa de qualquer maneira e não tem leitura de jogo. Apenas corre, dribla e infiltra, como um peladeiro.

Pelo péssimo desempenho que demonstrou no Sul Americano, ele jamais deveria ter sido convocado. Quando ele vinha do banco era um desastre até para seleção B no Sul Americano, imagine o que pode acontecer na seleção A, disputando um Mundial.

E por favor, não leve pelo pessoal. É uma crítica em relação ao aspecto técnico mesmo.

Ricardo

Anônimo disse...

Gostaria de saber o que o Nezinho pensará se o Brasil jogar uma zona covarde a partida inteira contra os EUA!

Anônimo disse...

Gostaria de saber o que o Nezinho pensará se o Brasil jogar uma zona covarde a partida inteira contra os EUA! [2]

Anônimo disse...

Está claro que a maioria não gostaria do Nezino na seleção, mais pelo nível do jogo dele.

Aquela atitude que teve no Pré foi revoltante e absurda ainda mais com o Lula que praticamente o revelou em Ribeirão Preto no COC e o chamou para seleção contra tudo e contra todos.

Tecnicamente vejo Nezinho como um retrato da fraqueza do nosso basquete nos últimos anos, aqui ele consegue se destacar nos campeonatos e acaba sendo inevitável sua convocação, pela pouca qualidade dos outros.

Porém, é importante saber que ele se arrependeu e entendeu que errou, é um enorme passo, e ninguem deve ser condenado eternamente, já que somos humanos e sujeito a erros.

Agora é torcer e se ele tiver que jogar mais tempo em quadra, que cale nossa boca, pois será bom para a seleção e para o nosso basquete e isso é o que importa.

abraços

Sandro

Anônimo disse...

Quero ver se ele aguenta ficar no banco uma partida inteira. Ou se tem maturidade suficiente para jogar somente alguns segundos durante o jogo.

bigmanrj disse...

MagNezinho é feio pra KCT, infelizmente sob todos os aspectos, inclusive pelo seu basquete. Não dá para exigir muita aplicação e marcação de um fiapo de jogador magricelo.
No mínimo inteligência pra não chutar muitas bolas e atenção e menos insegurança na condução da laranja de um lado para o outro da quadra. É só isso que eu espero dele nestes, imagino, 2, 3 minutos de média neste Mundial.

bigmanrj disse...

Aproveitando, já que citaram uma possível entrevista com o Cagão, aproveitando a oportunidade...

Marcelinho "Cagão" Machado, que adora um NBB, tirando a final - onde sumiu - provavelmente estava usando o toillete(sanitário), faz chover canivete aberto quando veste a camisa do Flamengo em campeonatos caseiros, mas quando o assunto é no nível mundial, se borra todo e tasca a fazer uma M atrás da outra.
Uma pergunta que gostaria de fazer é: Você tem consciência que quando mais jovem sumia do jogo e chutava 357 bolas de 3 por partida com um aproveitamento ridículo e não marcava nem uma folha de papel no chão e hoje a seleção tem jogadores 10X mais importantes do que você? Dá pra se por no seu lugar, seu Cagão desgraçado?

bigmanrj disse...

Desculpe-me Rodrigo, mas acho que exagerei um pouco, pode tirar o desgraçado da minha pergunta que ficaria melhor só o Cagão.

Anônimo disse...

Nezinho... Nezinho...

O que dizer?

Bom, se ele for para o Mundial, é a primeira prova que o Magnano não tem opções de armadores. Por que para levar essa "coisa" para armar jogo num mundial, mesmo por 2 ou 3 minutos, não dá!!!

Mas ainda bem que caso ele vá e jogue, vai ser por poucos minutos. Menos mal...

Ah... o comentário aqui sobre tal "jogador" eh Técnico!!! Por que se fosse avalia-lo nas atitudes como homem, ele tava lascado... cagão ia ser o menor dos adjetivos!!!

Abraço a todos!