sexta-feira, 29 de agosto de 2008

TORNOZELOS E MEDALHAS




Cada caso é um caso, cada cabeça é uma sentença. Feita a ressalva, é impossível não avaliar as situações de Manu Ginóbili e Lauren Jackson com um olhar brasileiro. O astro do San Antonio Spurs e a estrela do Seattle Storm foram até Pequim, defenderam as suas seleções e agora, com as medalhas no peito, vão cuidar do físico. Os dois vão se submeter a artroscopias no tornozelo. Nada tão grave, mas o suficiente para colocar uma pulga atrás da orelha em suas equipes.

A comparação com os atletas brasileiros é inevitável. É claro que Manu e Lauren têm mais bala em seus times, é claro que suas seleções são bem mais importantes no cenário internacional. Ainda assim, os fatos comprovam que a dupla está disposta a sacrifícios para vestir a camisa de seus países.

Eu sempre resisto a cornetar os brasileiros da NBA, imaginando que eles tenham lá as suas razões - e pressões. Mas aí aparecem dois atletas de ponta, que ganham salários milionários nos Estados Unidos, sofrem pressão talvez até maior... e lá estão eles, com suas medalhas garantidas, rumo à mesa de cirurgia.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O MEU QUINTETO




O debate na última caixinha mostra como é difícil escolher o quinteto ideal do torneio masculino de basquete em Pequim. Como a gente já previa antes dos Jogos, foram muitos destaques para poucas vagas. Dava para formar, brincando, duas seleções de altíssimo nível. Mas como é para ficar só em uma, vamos a ela.

- Posição 1: Sarunas Jasikevicius (Lituânia)
- Com médias de 13 pontos e 5.3 assistências por jogo, o armador comandou os lituanos numa campanha exceltnte. Brilhou especialmente nas quartas-de-final, contra a China, e nas semis, contra a Espanha. Com isso, ganha por pouco do garoto Ricky Rubio e do argentino Pablo Prigioni.

- Posição 2: Kobe Bryant (Estados Unidos)
- Aqui está um caso em que os números enganam (o mesmo, aliás, poderia valer para Rubio). Kobe não teve estatísticas impressionantes, mas sua defesa e sua liderança foram cruciais para o ouro. O que ele fez na final, na hora mais difícil, é para ficar na história. Com isso, bateu Wade e Ginóbili.

- Posição 3: LeBron James (Estados Unidos)
- LeBron voltou a mostrar uma ótima adaptação ao basquete da Fiba. Com 15.5 pontos, 5.3 rebotes e 3.8 passes, fez de tudo. Ainda assim, só bate Rudy Fernandez porque o espanhol não foi tão constante. Rudy, aliás, podia estar na posição 2, mas resolvi deixá-lo aqui, como reserva de LeBron.

- Posição 4: Luis Scola (Argentina)
- Aqui, não há discussão. Brilhe ou não na NBA, este sujeito é um monstro. Com 18.9 pontos e 6.6 rebotes, manteve uma regularidade impressionante durante todo o campeonato. E deixou para explodir contra o rival mais forte: nas semifinais, contra os americanos, brincou com 28 pontos e 11 rebotes.

- Posição 5: Pau Gasol (Espanha)
- Cestinha das Olimpíadas, Gasol sobrou como pivô em Pequim. As médias de 19.6 pontos e sete rebotes já seriam suficientes para ele entrar na seleção. O mais importante, contudo, foi que ele espantou aquela fama de se apagar em horas decisivas. Superou o solitário Howard.

Agora que a gente já discutiu o quinteto à exaustão, vem outra pergunta que não quer calar: quem foi o MVP do torneio?

terça-feira, 26 de agosto de 2008

DATA-REBOTE: QUINTETO OLÍMPICO


A missão não é fácil, mas está lançada. Escolha aí, posição por posição, o quinteto ideal do torneio masculino de basquete em Pequim. Pode defender os seus candidatos aí na caixinha.

A TAL DA HEGEMONIA




As Olimpíadas terminaram e, até segunda ordem, eu continuo vivo. Não foi fácil virar madrugadas na redação ao longo das últimas duas semanas. Ficam os agradecimentos ao Rodrigo Chia, que mandou ótimos textos direto de Pequim, e a vocês, leitores, que mantiveram o debate em alto nível aqui nas caixinhas.



Para voltar aos trabalhos, queria dar um pitaco na discussão sobre a hegemonia da seleção americana. Primeiro, como alguém já disse na caixa, não acho que a palavra hegemonia seja a mais adequada para o momento. Até lá, os americanos ainda precisam voltar a ser dominantes no cenário internacional, com títulos em seqüência. O próximo desafio é o Mundial-2010, na Turquia.

A histórica decisão em Pequim comprova que os EUA têm adversários de verdade e podem, sim, tombar diante de rivais quase tão fortes quanto eles. A diferença, na minha opinião, é que, para isso acontecer, os outros precisam esticar o esforço ao máximo.

Como vocês já lembraram, um time A com todos os craques da NBA seria ainda mais forte do que este de Pequim - ao menos no plano individual - incluindo figuras como Duncan, Iverson, Garnett, T-Mac, Allen e Pierce. Espanha e Argentina, por outro lado, estavam muito mais próximas de seus elencos ideais.

Há um fator que deixa os americanos otimistas para o futuro: por mais que os adversários cresçam, a NBA sempre vai criar gerações fantásticas, com jogadores bem formados, excelentes na parte física e nos fundamentos, pontuados por candidatos a fenômenos - casos de jovens como LeBron, Wade e Paul no time atual. Isso está na cultura do país e vai permanecer assim durante muito tempo.

Nações fortes como Espanha, Argentina, Rússia e Grécia não têm craques em tamanha abundância. Precisarão manter o ótimo trabalho de base, o investimento pesado, e ainda contar com a sorte de juntar gerações fortíssimas - como esta dos espanhóis.

Por isso acho que os Estados Unidos continuarão brigando no topo do mundo. Mas podem, sim, ser batidos uma vez ou outra.

domingo, 24 de agosto de 2008

IMBATÍVEIS


Direto de Pequim )))

Com pouco mais de três minutos para o fim, Kobe Bryant parte para cima da marcação na linha dos três, sobe e solta um chute certeiro, levando a falta e tirando Rudy Fernandez do jogo. A diferença de quatro pontos (104-99), de repente, salta para oito. Kobe leva o dedo indicador aos lábios e manda a torcida calar a boca. A torcida, os rivais, o mundo inteiro. A Espanha ainda volta a encurtar a diferença, mas o esforço, como ao longo de todo o jogo, é em vão. Placar final: 118-107 para o "time da redenção".



A postura de Kobe no lance da decisão resume a campanha da seleção americana na competição: determinada, presunçosa, genial. É certo que a semifinal e principalmente a final não foram passeios. No entanto, se Argentina e Espanha atuaram muito bem, o que dizer dos Estados Unidos, vencedores de ambos os jogos? Os americanos apresentaram-se sempre num nível tão alto que, mesmo sem defender nada na última partida, só estiveram atrás do marcador no primeiro período.

A comparação com o Dream Team de 1992 é, antes de qualquer coisa, descabida, até porque duas das maiores estrelas daquela época – Magic e Bird – estavam em fim de carreira. Não há dúvida, porém, de que os jogadores atuais formam um grupo extraordinário. Diz-se, às vezes com um tom de despeito, que os americanos dependem muito do vigor físico. Mas a disputa pelos rebotes, a briga por posicionamento, as trombadas e escoradas não definem o basquete tanto quanto passes rápidos e arremessos de três?

A verdade é que o temor, a esperança ou até a confiança num novo fracasso americano baseavam-se, desde o início, mais nas recentes decepções do que no cenário atual. Uma equipe que pode se dar ao luxo de deixar Chris Paul e Dwyane Wade no banco, de jogar sem pivô, de destruir marcações por zona com bolas de três aos montes, não tem como perder. Parabéns às grandes Argentina e Espanha e aos talentosos Ginóbili, Scola, Nocioni, Prigioni, Gasol, Fernandez, Navarro, Jimenez... O problema é que os EUA são imbatíveis. Pelo menos até o Mundial.

EUA x ESPANHA: COMENTE AQUI!

sábado, 23 de agosto de 2008

MUITO ACIMA DAS OUTRAS






A seleção feminina dos Estados Unidos sobrou, e muito, nos Jogos Olímpicos. Com um domínio digno de time dos sonhos, atropelou todas as adversárias, desde Mali e Nova Zelândia até Rússia e Austrália. Ficou provado que, com um time desses, não há concorrência, ainda mais quando as australianas têm uma Penny Taylor a meia-bomba (1/7 nos arremessos) e uma Lauren Jackson prestes a entrar na faca para corrigir uma lesão.

No Mundial, com a Austrália completinha e a Rússia em melhor fase, as americanas tombaram. Não tinham Lisa Leslie, a grande personagem do torneio, com o quarto ouro olímpico; Candace Parker e Seimone Augustus eram mais ingênuas; Sue Bird jogou gripada na semifinal; e por aí vai. Agora, além de quase todas as peças em dia, vieram outras importantes, como Sylvia Fowles (fantástica), Kara Lawson e Cappie Pondexter.

Essa seleção só perde se jogar muito mal contra uma Austrália - no mundo todo, só a Austrália - muito inspirada. Como não aconteceu nem uma coisa nem outra em Pequim, deu o que deu.

HORA DE MOSTRAR O JOGO


Direto de Pequim )))

Pronto. Sem muita surpresa, a disputa do ouro olímpico no basquete masculino reunirá Estados Unidos e Espanha, as principais apostas antes da competição. Os dois jogos que definiram a final foram emocionantes às suas próprias maneiras. No primeiro confronto, decidido ponto a ponto, os espanhóis suaram para derrotar os arremessos precisos dos lituanos, que, apesar de irem perdendo jogadores-chave com cinco faltas, se mantiveram na luta até o fim. Na segunda partida, a emoção foi garantida pela raça dos argentinos, que se recuperaram de um sacode (30-11) no primeiro período para, sem Ginobili, dar um susto nos americanos e finalmente sucumbir com um placar digno de 101-81.. As semifinais reforçaram ainda mais a impressão de que a superioridade física e a qualidade do banco americano fazem a diferença. Invencíveis? Talvez não. Mas, na madrugada deste domingo, será bom a Espanha não esconder sequer um detalhe de seu jogo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

JOGO DOS NERVOS


Direto de Pequim )))

Que pressão é maior? A perspectiva de perder como franco favorito ou a expectativa de surpreender como zebra? Na semifinal olímpica entre as seleções femininas de Estados Unidos e Rússia, ao menos, a segunda falou mais alto. Depois de surpreenderem as estrelas da WNBA no primeiro quarto, fechando em 16-13, com boa atuação de Maria Stepanova, as russas tremeram. Até a metade do terceiro período, isso não teve muita importância, já que os EUA também atuavam com nervosismo. A partir daí, porém, as americanas demonstraram sua superioridade física e técnica, enquanto as russas desmoronaram nos próprios erros.

Nos EUA, destaque para Diana Taurasi, não apenas a cestinha da equipe com 21 pontos, mas responsável por chutes certeiros em momentos críticos da vitória por 67-52. As americanas, apesar do susto, acabaram numa ótima posição para a final: dificilmente repetirá uma partida tão ruim (22 bolas perdidas e 29% de aproveitamento nos arremessos de dois) contra a Austrália.

Na outra semifinal, entre as donas da casa e a equipe da Oceania, a China mostrou que até o Brasil, sim, a despeito de todas suas limitações técnicas, poderia chegar à disputa do bronze. Mesmo diante de uma Austrália sem Penny Taylor e sem inspiração, as chinesas anotaram apenas 18 pontos na primeira metade, com um show de arremessos horrendos, bolas perdidas e nenhuma capacidade de penetração. As australianas não foram muito superiores no ataque, mas jogaram certinho na defesa e dominaram os rebotes, garantindo um tranqüilo 90-56.

Para a final deste sábado, com Taylor e Lauren Jackson a meia bomba, resta à Austrália tentar sair na frente e rezar por um colapso nervoso das americanas. Possível, mas improvável.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

SÓ COM UMA CATÁSTROFE


Direto de Pequim )))

A última rodada da primeira fase do torneio masculino de basquete reforçou a impressão de que os americanos só perderão a medalha de ouro numa absoluta catástrofe. Ou se espanhóis, argentinos, gregos e lituanos esconderam o jogo magistralmente até aqui. Logo na segunda partida do dia, a Austrália sapecou 106-75 na Lituânia, única invicta até então ao lado dos Estados Unidos. Na rodada noturna, os EUA massacraram a Alemanha por 106-57, enquanto a Argentina venceu a Rússia por 91-79, mas não convenceu. Não fosse a grande atuação de Luis Scola (37 pontos), infalível nos tiros de média distância, os russos, que jogaram pouquíssimo nestas Olimpíadas, poderiam surpreender.

Muitos lembrarão que a Lituânia já tinha o primeiro lugar garantido, que a Alemanha precisaria de um milagre para se classificar e que Manu Ginobili jogou apenas 20 minutos contra a Rússia. E, claro, que a Espanha se poupou na derrota para os EUA, na rodada anterior. O fato mais importante, porém, é a forma como os americanos têm jogado: concentrados, aplicados taticamente e totalmente determinados a recuperar a imagem de Dream Team. Lebron James, em particular, parece disposto a tudo para conquistar o ouro e se sagrar como líder da equipe. A Austrália, primeira candidata a zebra, que se cuide.

sábado, 16 de agosto de 2008

HISTÓRIAS DIFERENTES


Direto de Pequim )))

As partidas entre Estados Unidos e Espanha, no feminino e masculino, tiveram vantagens finais bem parecidas para os americanos, mas histórias bem diferentes. No feminino, as espanholas, apesar de saírem atrás por 19-4, equilibraram a partida, sob a liderança da renascida Amaya Valdemoro, e fecharam a primeira metade em desvantagem de apenas cinco pontos (39-34). Uma das chaves da reação foi a coragem de partir para cima das americanas nas infiltrações. Os árbitros ajudaram, marcando muitas faltas, e a Espanha deu um susto real nos EUA. Só a incrível pane na segunda metade justifica o placar dilatado de 93-55 para as americanas. A história do jogo, contudo, serviu para aumentar a curiosidade em relação ao inevitável confronto entre EUA e Austrália.

No masculino, embora a vantagem dos EUA tenha sido quase idêntica, com 119-82, a Espanha nunca pareceu capaz de vencer. Apoiados pela torcida, ainda animada com a vitória da China sobre a Alemanha, os americanos entraram determinados no jogo e fecharam todas as portas a uma possível passagem da zebra espanhola. Nos raros momentos de dificuldade, Lebron James tratou de chamar a responsabilidade para si, atravessando a defesa adversária ou metendo providenciais bolas de três. Os tiros de longa distância, aliás, foram uma arma extra dos EUA, que acertaram 12 de 25 (Carmelo Anthony meteu quatro de seis). Na Espanha, pouco se salvou além de Felipe Reyes (19 pontos e oito rebotes em apenas 20 minutos) e Pau Gasol. Com Argentina e Grécia - os outros favoritos - sem convencer, o caminho de Kobe, Lebron e cia. rumo ao ouro pode ser mais fácil do que se imagina.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O DIA DO GRANDE JOGO


Depois da vitória incontestável sobre a Grécia, os americanos vão fazer o mesmo com a Espanha? Ou será o primeiro tropeço do time da redenção? O jogão está marcado para as 11h15 deste sábado, no horário de Brasília. Programa totalmente imperdível.

NEM OITO, NEM OITENTA




Quatro jogos, quatro derrotas, eliminação. O Brasil deixa Pequim com um sabor amargo de fracasso. Foi frustrante. O time inteiro errou, da armadora (e como errou a Claudinha) ao técnico (Paulo Bassul escalou e mexeu muito mal em diversas ocasiões). A análise do Bert,
no PBF, diz tudo sobre o que aconteceu dentro de quadra.
A jornada foi decepcionante,
sim, digo eu agora, mas não vergonhosa. Logo após o jogo contra a Rússia, ouvi muita gente por aí dizendo que, desse jeito, era melhor nem ter ido. Discordo.

O torcedor brasileiro - pelo menos este torcedor que acompanha de perto e entende do riscado - é exigente, e deve ser mesmo, porque a acomodação só nos empurra para baixo. Mas apontar o dedo para esta seleção é um tremendo risco de cair na injustiça.

Mico mesmo, daqueles grosseiros, foi a derrota para a Coréia no primeiro jogo. Aquilo, sim, é imperdoável. Depois da estréia, foi chato, foi frustrante, foi decepcionante, mas não foi nada de tão inesperado assim. Com as saídas pós-Mundial, o corte de Iziane (ela vai acabar voltando, apesar de eu discordar) e o desfalque de Érika, nosso time é de segundo para terceiro escalão - Pequim acaba de provar isso para quem, como eu, ainda tinha dúvidas.

Criticar treinadores nunca foi problema para mim, tanto que o anterior nem olha na minha cara, por isso me sinto bem à vontade para dizer aqui que a equipe evoluiu, sim, sob o comando de Paulo Bassul. Isso não significa que ele não tenha errado, claro, mas não consigo compreender sua execração pública nestas condições.

O técnico e as jogadoras têm sua parcela de culpa, mas a responsabilidade maior é de quem cuida do nosso basquete. É de quem deixou a modalidade chegar a este ponto. Não tenham dúvidas de que o sufoco para repor peças numa seleção é fruto direto do cenário de terra arrasada que temos visto. Se a gente fica fora dos Jogos no masculino e perde uma atrás da outra no feminino, então é porque o buraco é mais embaixo. E você, o que acha? Diga aí.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O BRASIL E OS OUTROS


Sobre o jogo do Brasil contra a Letônia, com direito a balde de água fria a dois segundos do fim, o roteiro foi aquele: alguns pontos positivos, pouco poder de decisão e muita falta de tranqüilidade. Mas acabou sendo a melhor atuação da equipe até agora, apesar de mais um resultado triste. Resta torcer por uma combinação improvável, e mesmo assim para enfrentar os EUA nas quartas. Vamos à China, onde está Rodrigo Chia, para falar sobre o restante da rodada.


Direto de Pequim )))

A partida entre Austrália e Coréia do Sul (90-62) serviu tanto como consolo quanto como lição para o Brasil. Por
um lado, comprovou que as australianas estão muito à frente das outras seleções do grupo A; pelo outro, mostrou, mais uma vez, que o técnico Paulo Bassul errou feio no plano de jogo contra as coreanas (se houve um).

A Coréia até começou bem: marcando forte no perímetro, manteve-se perto no marcador até metade do primeiro período e ainda ganhou de presente a saída prematura de Lauren Jackson com duas faltas. Logo, porém, a Austrália passou a fazer o óbvio: forçar o jogo no garrafão. As coreanas sentiram a altura e a superioridade física das adversárias, que usaram e abusaram
de Batkovic (18 pontos e 10 rebotes), Summerton, Grima e da própria Jackson. É claro que os erros grotescos da Coréia – um lance livre no vazio de Lee Jongae, um passe prensado nas próprias costas por Lee Misun e um dois dribles inacreditável de Kim Yeongok – não atrapalhou o passeio da Austrália.

A segunda metade do jogo foi um show de finalizações fáceis debaixo da cesta e contra-ataques em alta velocidade por parte da Austrália. Pelo menos, a derrota da Coréia mantém as esperanças da seleção brasileira numa combinação de resultados, além das vitórias sobre a Rússia e a Bielorrúsia.

No jogo de fundo, a brava seleção de Mali viveu um momento de glória ao marcar
8-7 no placar, graças aos tirambaços de três de Bagayoko e Sininta. Como a partida terminou com vitória dos Estados Unidos por 97-41, dá para imaginar o que aconteceu depois...

Os cambistas continuam fazendo a festa fora do Ginásio Olímpico de Wukesong (como em todos os outros locais de competição) sob as barbas de voluntários, seguranças e policiais ))) A torcida da Coréia do Sul, cada vez mais organizada, apareceu dessa vez com balões ))) A grandalhona Batkovic apareceu na platéia depois do jogo da Austrália para distribuir ingressos a familiares e autógrafos a torcedores ))) Na torcida pelas compatriotas, durante o baile dos Estados Unidos sobre Mali, estavam Chris Bosh, Carlos Boozer e Dwight Howard.

BRASIL x LETÔNIA: COMENTE!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

PARA O GASTO




Lá em 1992, o Dream Team original abriu caminho contra os angolanos nas Olimpíadas de Barcelona. Venceu por 68 pontos de diferença, com direito a show, arrogância e violência de Charles Barkley. Dezesseis anos e dois duelos olímpicos depois, o jogo desta terça-feira não foi tão fácil. Não que tenha sido difícil, mas os Estados Unidos fizeram um primeiro tempo meio arrastado e só conseguiram abrir vantagem após o intervalo. Mesmo assim, fecharam em 97-76, vitória até magra diante de um adversário fraco e ainda por cima desfalcado de Cipriano, seu melhor nome.

Continuo achando que os astros da NBA são favoritos, mas podem perder a qualquer momento. Na próxima partida, de quarta para quinta, contra a Grécia, tudo pode acontecer. Será a revanche da espetacular semifinal do Mundial-2006, quandos os gregos chocaram o planeta. Na segunda rodada em Pequim, contra a Alemanha, a equipe de Yannakis se recuperou da derrota na estréia e acertou a defesa. Resultado: Nowitzki e Kaman não viram a cor da bola. É assim que funciona.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

AINDA ABAIXO DA CRÍTICA


Micaela / Foto: Fiba

A reação foi bacana, os sinais positivos apareceram, mas o Brasil não precisaria ter se esforçado tanto no segundo tempo se o primeiro não tivesse sido tão abaixo da crítica. Ainda que a Austrália seja uma potência no basquete mundial, a equipe brasileira fez feio nos dois quartos iniciais. Por isso, a segunda rodada também foi de decepção.

Menos decepcionante que a estréia contra as coreanas, claro. A derrota que custa caro não é a de segunda, mas a de sábado. Em um grupo tão difícil, ganhar da Coréia era obrigação para quem quer se classificar. Agora ficamos nesta sinuca de bico, dependendo de triunfos sobre adversários mais fortes, como Letônia, Bielorrússia e Rússia. Impossível? Lógico que não. Mas a inconstância do time não é nada animadora para a seqüência das Olimpíadas. Deste canto, seguimos torcendo pelas meninas.

VINGANÇA AMERICANA


Tina Thompson / Foto: Fiba

As meninas dos Estados Unidos perderam para a China num amistoso da preparação. Na hora da verdade, a vingança foi categórica. A vitória por 108-63 sobre a equipe da casa, com direito a 23 pontos seguidos em determinado momento e atuação espetacular de Tina Thompson, mostra que as americanas estão realmente dispostas a abocanhar o ouro. E no masculino, será que os astros da NBA repetem a dose nesta madrugada, contra a fraca Angola? Qual o seu palpite para a diferença no placar?

BRASIL x AUSTRÁLIA: COMENTE!

domingo, 10 de agosto de 2008

UM EVENTO REALMENTE OLÍMPICO


LeBron James / Foto: Fiba

Se a Espanha bateu a Grécia com facilidade e transformou o que deveria ser um jogo épico numa partida normal, o mesmo não se pode dizer sobre este Estados Unidos x China. O placar foi bem mais elástico (31 pontos de diferença), mas o evento foi digno de uma grande Olimpíada. Quem viu a partida sabe do que eu estou falando.

A começar por um contexto maior, que inclui a feroz rivalidade entre os dois países no quadro de medalhas e a presença na platéria do presidente americano, George W. Bush, que tem feito críticas ao governo chinês.

Além disso, palmas para a torcida que lotou o ginásio e vibrou a cada ponto, a cada passe, a cada rebote. E como seria possível não vibrar se Yao Ming abriu o jogo com uma cesta de três???
Em seis anos de NBA, ele só tinha acertado uma vez, em 2002.
A segunda vez saiu justamente no primeiro lance da seleção chinesa nas Olimpíadas, com menos de 30 segundos decorridos.

Yao Ming / Foto: FibaO gigante ainda deu um toco espetacular em Kobe Bryant, e a China fez um ótimo primeiro tempo, com oito acertos em 12 chutes de longa distância. Os americanos, zonzos, não se encontravam. Aí veio o intervalo e tudo mudou. A defesa de Mike Krzyzewski acertou a mão e o placar foi se dilatando.

A partida só reforçou a minha tese de que os Estados Unidos são fortíssimos, mas podem perder a qualquer momento. Parece um paradoxo, mas não é. Basta que alguém encaixe o jogo por mais tempo do que a China conseguiu, e teremos um confronto bem mais equilibrado.

LITUANOS INCONVENIENTES




A Lituânia continua firme em sua saga de castigar favoritos. Após garantir a vaga em Pequim derrotando a Grécia no Europeu de seleções, a equipe báltica deu um trato na atual campeã olímpica. Com uma cesta de três fantástica de Linas Kleiza a dois segundos do fim, os lituanos bateram a Argentina na primeira rodada do basquete masculino. ´Não foi um arremesso difícil, eu estava aberto, sem marcação`, disse Kleiza. Se fosse contra a defesa do Brasil, imagina o que a gente não ia falar...

Os hermanos ficaram bem atrás e chegaram a reagir, missão difícil quando Ginóbili e Nocioni chutaram 1/7 cada um dos três.

O jogão da noite, no entanto, ficou longe da expectativa. Na reedição da final do Mundial, a Espanha passou fácil pela Grécia e venceu por 81-66. Com boas atuações de Fernandez, Calderon e Gasol, a equipe não teve problemas para superar a temida defesa grega. Mais uma prova de que a Espanha é a seleção que os americanos devem temer nestas Olimpíadas. A conferir.

sábado, 9 de agosto de 2008

A HISTÓRIA DE SEMPRE

Integrante da formação original do Rebote, Rodrigo Chia volta agora numa condição toda especial: durante as Olimpíadas, ele será o nosso correspondente na China. Para começar, fotos e texto sobre a decepcionante estréia brasileira contra a Coréia do Sul, neste sábado.

Direto de Pequim )))

Passo meses sem escrever sobre basquete e volto com
a mesma cantilena: seleção brasileira tropeça no nervosismo e na falta de organização. Na derrota para a Coréia do Sul, as meninas do Brasil dominaram claramente em diversas passagens, mas nos momentos decisivos o tradicional curto-circuito voltou a aparecer. Resultado: um péssimo começo de Olimpíadas e um imenso pé frio da cobertura do Rebote direto de Pequim.

Os últimos dois minutos e meio de jogo resumem bem os problemas brasileiros. A seleção vencia por 55-49 quando a Coréia decidiu apertar a marcação. A conseqüência, previsível, foi uma pane coroada com um erro de passe grosseiro faltando poucos mais de 20 segundos que permitiu o empate em 55-55. Depois do balde de água fria, entramos na prorrogação com três jogadoras penduradas, logo perdemos Micaela e acabamos de entregar o jogo lançando petardos desesperados da linha do três. É um roteiro conhecido no basquete brasileiro, feminino e masculino, que torna o placar final de 68-62 mais do que justo.



Sem ignorar os muitos desfalques na seleção, é quase inacreditável que, ano após ano, não se consiga dar um mínimo de organização e padrão tático à equipe. O Brasil teve duas jogadas eficientes: troca de passes para tiros de três de Chuca na esquerda (dois arremessos e dois acertos) e bola no garrafão para Kelly (cestinha com 13 pontos). Apesar disso, em vários ataques, à frente no placar e sem receber muita pressão, a seleção preferiu trocar passes perigosos de lado (29 erros do Brasil e 14 bolas roubadas para a Coréia no jogo) ou partir para o individualismo com Micaela (quatro acertos em 12 arremessos).

O mais desanimador é o seguinte: a Coréia não jogou nada! Em sua especialidade, os tiros de três, acertou apenas quatro de 24 (17%). Destaque para a armadora Lee Misun, que atormentou as brasileiras, e para a ala Beon Yeonha, que acertou quando tinha que acertar. Agora é torcer para a seleção do Brasil botar a cabeça e os nervos no lugar.

))) A Coréia do Sul apostou na constância e mudou pouco. A pivô Jung Sunmin, por exemplo, atuou 38 minutos e meio. Da equipe inicial, só Lee Misun jogou menos de 20 ))) A Coréia também contou com apoio de uma torcida que não cansava de gritar. Os brasileiros, presentes em número razoável, não conseguiram encarar a insistência dos coreanos. ))) No meio do jogo, a rede se enroscou na cesta brasileira, e, com a bola no outro lado, Êga resolveu entrar em quadra para ajeitá-la. Tomou uma bronca de Paulo Bassul ))) Entre as músicas que tocaram nos intervalos, Deixa a vida me levar (Zeca Pagodinho) e Ideologia (Cazuza).