sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PAPO DE MUNDIAL – J. COLANGELO


Direto de Nova York >>> Quando caminhava para a curva dos 70 anos, Jerry Colangelo conseguiu o que se julgava impossível: convencer os astros da NBA a esnobar as férias e vestir a camisa da seleção americana. O manda-chuva da USA Basketball conversou com cada um, olho no olho, e levou todos eles para Pequim. O resultado foi aquilo que a gente viu pela TV: ouro e redenção. Dois anos depois, lá está Colangelo, agora quase aos 71, recomeçando tudo do zero. Sem nenhum remanescente da geração olímpica, ele formou um grupo novo, com muito a provar. Sobre este e outros assuntos, o dirigente conversou com jornalistas brasileiros no Radio City Music Hall. Abaixo, as perguntas que eu fiz, sendo que a primeira foi a consequência natural à frase do cartola, que puxou a cadeira e soltou a primeira frase: "Leandro Barbosa, um dos meus favoritos!"

- REBOTE - Já que o senhor é fã do Leandrinho, o que acha desta seleção brasileira que, pela primeira vez em muito tempo, vai completa para um Mundial?
- JERRY COLANGELO - Vocês têm chances de obter muito sucesso. Leandro, Anderson e Nenê são três jogadores fantásticos, com o complemento de outros. É claro que você precisa estar saudável, e o Brasil sofreu com isso no passado. Eu diria que é uma seleção com boas chances de se dar bem no torneio da Turquia.

>>> "Temos um grupo jovem. Você pode falar com eles, contar como vai ser, mostrar vários vídeos. Mas até que eles entrem na quadra e levem umas trombadas, tudo é só um processo de aprendizagem"

- Quando o senhor iniciou o projeto chamado de "redenção" do basquete americano, com o compromisso de todos os craques, já dava para prever que, depois de uma conquista como a dos Jogos de Pequim, seria difícil manter todo mundo no grupo para o Mundial?
- É interessante, né, porque quando nós ganhamos o ouro, todos eles disseram que gostariam de continuar. Alguns falaram até em ganhar duas ou três medalhas de ouro, esta era a mentalidade. Em 2009, o All-Star Game da NBA era em Phoenix. Eu me encontrei com os integrantes da seleção do Leste que jogavam na seleção, e com o Oeste a mesma coisa. Perguntei a eles: "O que vocês querem fazer? Jogar o Mundial de 2010 e as Olimpíadas de 2012, ou descansar no Mundial para jogar as Olimpíadas?" Eles disseram: "Vamos ao Mundial também". Mas as coisas acontecem. E ninguém levou em conta o mercado de passes livres da NBA. Foi um fator muito importante neste ano. Não apenas aqueles mais famosos, mas outros menos conhecidos. Então, como havia muita indefinição, eu disse "Opa, tempo! Vocês todos podem pular esta fase". Decidimos montar um grupo, e eu acredito que, se você realmente acredita no projeto, funciona. Nas Olimpíadas, eu vejo que alguns destes jogadores de hoje vão se juntar aos que jogaram em Pequim. Mas isso é para ser discutido amanhã.

- No Brasil, tivemos um processo parecido com este, obviamente em escala menor. Após sofrer com ausências nos últimos anos, a Confederação e o técnico Rubén Magnano viajaram para conversar com vários jogadores, assim como o senhor fez com os americanos. Qual é a importância deste tipo de conversa para garantir o comprometimento de todos ao mesmo tempo?
- A resposta é muito simples: cria-se uma relação. É importante ir até o jogador. Você cria confiança e conversa com ele olho no olho.

- E o que o senhor falou para os jogadores naquelas conversas?
- Eu falava: "Se você comprar a minha ideia, eu acredito que você será uma pessoa melhor e um jogador melhor, defendendo seu país". Ele pode comprar a ideia ou não, mas quando você tem esse contato pessoal, fica diferente, funciona muito melhor.



- Agora, o processo recomeça praticamente do zero. Esta seleção americana tem muitos jogadores jovens, sem experiência no basquete da Fiba. O senhor vê este grupo pronto para lutar pelo título do Mundial na Turquia ou o objetivo está mais à frente, nas Olimpíadas de Londres?
- No dia 13 de setembro, eu te dou esta resposta (risos). É o dia após a final do Campeonato Mundial. Hoje, sinceramente, não dá para a gente saber. Temos um grupo de jogadores jovens. Não dá para saber como eles vão responder. Alguns até já jogaram no basquete internacional, mas não neste nível. Você pode falar com eles, contar como vai ser, mostrar vários vídeos. Mas até que eles entrem na quadra e levem umas trombadas, tudo é apenas um processo de aprendizagem.

4 comentários:

Diogo Aquino disse...

A grande verdade nisso tudo é que os EUA, são sempe favoritos.

Anônimo disse...

Concordo com o comentário acima. Estados Unidos sempre será uma potência. Vejam por exemplo o Kevin Durant; quem irá marcar um cara da altura dele, com a velocidade que ele tem? Rajon Rondo, armador que cresceu demais de 2 anos para cá. O único porém, voltando a repetir o que todos dizem, é o garrafão. Sem pivôs natos e com experiência, esse é sem dúvida o ponto fraco deles.

Anônimo disse...

Rodrigo, só uma correção. Na segunda pergunta acho q vc quis dizer "obviamente em escala MENOR" e nao MELHOR, certo?

Rodrigo Alves disse...

Claro, "menor". Já troquei lá, desculpa. Abraço!