sexta-feira, 17 de abril de 2009

TRÊS PONTOS - A NOSSA SELEÇÃO




Até agora, o nosso debate sobre os três pontos ficou restrito ao âmbito dos clubes. Afinal, é ali que tudo começa. Mas a gente não podia encerrar o assunto sem passar pela seleção brasileira, que é uma espécie de produto final. É lá que tudo vai parar, certo?

Esses dois pontos (clubes e seleção) estão diretamente conectados. Nos três últimos torneios importantes que o Brasil disputou, tirando Leandrinho, Guilherme, Tavernari e Huertas, nossos chutadores atuavam ou atuam aqui no país: Marcelinho, Duda, Alex, Valtinho, Fúlvio, Nezinho e Marquinhos.

Para ter uma ideia de como a questão se transfere para o âmbito das seleções, fiz o seguinte: peguei os jogos do Brasil nesses três torneios (o Mundial de 2006, o Pré Olímpico das Américas
em 2007 e o Pré-Olímpico Mundial em 2008) para comparar a quantidade e o aproveitamento dos nossos chutes de três com os dos rivais (só nos jogos do Brasil). Aqui está o resultado:



Não sei se alguém tem outra explicação, mas para mim o cenário parece óbvio. Como as defesas de perímetro dos nossos times são muito frágeis, os brasileiros se sentem à vontade para chutar muito de três no terreno doméstico. Quando estamos diante de outras seleções, com marcação mais forte, nossos atletas não conseguem arremessar tanto, e - o pior - o aproveitamento cai bastante, já que o número de chutes sem contestação é menor.

Com os rivais, acontece o contrário. Diante de uma defesa de perímetro esburacada, eles chutam mais de três pontos e, sem contestação, mantêm um bom nível de acerto. Por essas e outras, levamos 13 cestas de longe da Alemanha, 19 dos EUA,
15 de Porto Rico, 11 do Líbano, 10 do Qatar, e por aí vai...

Em resumo, a defesa frágil e o tal "estilo" dos três pontos não só empobrecem as partidas aqui dentro como transformam nossa seleção em presa fácil para qualquer rival mais organizado lá fora. Agora me digam: o que falta para começar a mudança?

21 comentários:

adriano disse...

Mais um ótimo post dessa série, Rodrigo.
o que falta para começar a mudança é que o ensino de basquete seja reformulado no país. que os garotos aprendam os fundamentos do jogo desde cedo, independente da posição, e que defesa é a parte mais importante do jogo. não precisamos virar o San Antonio Spurs, mas podemos defender e atacar com a mesma dedicação.

No adulto, temos alguns jogadores lá fora já expostos a novos conceitos de jogo e atuando em alto nível, então pode ser que, através de uma nova seleção, completa com o 1º escalão e com um trabalho sério de treinamento, surja um time bom que influencie o basquete praticado no país. tomara. abraço

Anônimo disse...

Rodrigo,
Altamente tendenciosa este post.
Pois,pegou a pior fase do Basket para exemplo.
Quero ver pegar está estatistica no Pam de 87.
Com Oscar,marcel e cia ou pegar está fase como referencia.

Baguete disse...

Otimo estudo, Rodrigo! Parabens!

Nao faz o menor sentido pegar dados de 87, como sugere o Anonimo acima, ja que estamos tratando do PRESENTE. Todo mundo sabe que o basquete brasileiro era melhor ha 22 anos atras, certo?

Abracos!

Baguete
www.twitter.com/arturbm

Anônimo disse...

Parabêns Rodrigo!!! Excelente comentário!!!
Chutar da linha dos três pontos contra times locais (sem citar nomes) em campeonatos locais (estaduais e nacional) é fácil!
Contra estrangeiros, onde a marcação é cerrada e tem alas de até 2,07 cm em cima, nossos chutadores afinam!
Ademais é sabido que pivô (posição que estamos bem servidos) não ganha jogo! Onde estão nossos atletas da posição 1, 2 e 3 para decidir as partidas internacionais nos últimos 5 minutos de jogo?

Luciano de Souza Siqueira

lssiqueira@superig.com.br

marexal disse...

Excelente a série de reportagens, acho que qualquer pessoa de inteligência mediana que lê as matérias entende que o Brasil erra ao adotar essa tática dos tiros de 3 como carro chefe do ataque. Digo mais, dá pra se perceber que há um exagero nesse tipo de jogada, o que acaba por revelar uma carência grande nos outros fundamentos e até nos valores humanos que possuímos... não temos, por exemplo alas com o potencial de um Nocioni, um Delfino, um Ginobili. Não temos alas fortes que agüentam o jogo no garrafão, pegam rebotes, infiltram, enterrram na cara de pivôs da NBA e ainda chutam de fora com aproveitamento melhor do que o nosso. O Alex é um guerreiro capaz disso tudo talvez, mas fica devendo na estatura o que fez o popovich puxar ele pra armação nos tempos de spurs... Quanto à cultura tática o que me preocupa ainda mais é a falta de ênfase na defesa. Simplesmente nem nós aqui, que temos uma vivência maior do que a média em termos de acompanhar jogos de basquete, não temos por hábito conceentrar nossos argumentos na defesa. A verdade é que o jogador que se empenha mais na defesa acaba sempre em segundo plano. No primeiro ano desta liga já temos até jogo das "estrelas" e, claro não podia faltar, campeonato de 3, mas temos um prêmio pro jogador defensivo do ano, ao final da temporada, algum levantamento estatístico sobre o time que mais defende, quem rouba mais bolas? A comparação com a argentina, que nos tempos de oscar e Marcel não tinha time pra bater o Uruguai, é inevitável. Então pra ficar nos chutadores de 3: Ginobili é um dos maiores ladrões de bola da liga e Nocioni destaque nos rebotes. O que eu sugiro é que passemos a pensar o jogo em todos os seus aspectos, não só o ataque.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Se nós olharmos para o posicionamento de pernas de nosos jogadores veremos que falta esse trabalho.

Material humano no Brasil não falta.
Não é possível que num país desse tamanho não se possa juntar 200 caras de mais de 2 m e treiná-los para serem laterais com movimentaçao suficiente para marcar.

Se extraíssemos do pelos menos uns 10 ou 20 com essas credenciais para fazer esse tipo de trabalho ténico desses?

Para tanto precisávamos de um plano geral unindo o basquete e a escola ou torneios regionais fortes com visibilidade.

É SÓ OLHAR O CONVêNIO DA FEDERAÇÃO ESPANHOLA COM O GOVERNO E O CARREFOUR NO PROJETO DO MINIBASKET.

Acontece que o nosso basquete é muito concentrado em poucas regiões e quem não está nesseS centros fica alijado de participar

Como os clubes de hoje são em regra administrados e treinadoS pelos mesmos há decadas isso acaba impedindo a renovação tática e é só repetição do mesmo.

Por exemlo o Neto auxiliar do Moncho é na teoria o sucessor dele.

Quantas palestras e clínicas na Europa ele tem feito as custas da CBB?

Isso teria que ser rotina não só para um eventUal técnico da seleção como para os técnicos de clubes.

Precisamo estudar a forma de treinamento e formação de jogadores em alguns países que estão hoje a nossa frente.

Ver como o pessoal lá trabalha na base dando fundamentos.

Muitos costumam só criticar um Varejão, Leandrinho por faltar alguns fundamentos no seus jogo mas é muito mais difícil impor fundamentos quando o cara já está formado tanto na idade como fisicamente.

Os nossos clubes e a CBB tem que começar a mandar o povo la fora estudar isso e depois aos poucos
ir implantando alguns equipaments e estrutura.

Aumentando esse intercâmbio principalmente com os técnicos formadores que trabalham nas equipes de base até mesmos os profissionais. Por que não?

A defesa , arremesso e trabalho de pivô no Brasil soam como coisas tão incomuns que se transformam num bicho de sete cabeças, se houver investimento na troca de experiênca com os novos tecnicos e os antigos se quiseram, tudo isso vai ser encarado como algo natural para os novos valores.

Senão vai continuar tudo no discurso do que devemos fazer e que na verdade fingimos fazer, ou fazemos mal, pois não temos treinamento adequado e competente para isso.

Por que toda entrevista de técnico no Brasil em clube ou seleção é sempre a mesma coisa: "precisamos marcar defender, não arremessar de 3 e bla´blá blá bla´"
mas na prática ...

Sérgio disse...

Nos jogos internacionais temos o momento mais oportuno para evidenciar o tamanho do nosso equívoco na maneira de jogar. Contra uma defesa consistente, fica claro o nosso erro em confiar na bola de 3 como principal estratégia. Aqui os números não mentem. Se calcularmos a média por partida dessas 3 competições, vamos ver que tomamos 28,8 pontos em bolas de 3, e fizemos 18,3 no mesmo fundamento. Ou seja, é como se começássemos cada partida 10,5 pontos atrás no placar. Isso é muita coisa em partidas que terminam geralmente com placar apertado. Só esses números já seriam suficientes para fazer qualquer técnico ou dirigente de bom senso parar para pensar. Em resumo, especificamente no fundamento bolas de 3, permitimos mais pontos aos adversários e somos barrados pela sua forte defesa. Obviamente uma boa estratégia de jogo não poderia se basear nesse fundamento.

Para mim a única solução possível seria a longo prazo e passa pela formação de base. Nossos garotos devem aprender desde o início a jogar dando tanta importância aos fundamentos de defesa quanto dão aos de ataque. E isso deve fazer parte de uma reestruturação técnica pensada a longo prazo. Intercâmbio é necessário, mas enquanto não se estruturar uma maneira de aplicação sistemática desses conceitos a partir da base, não haverá progresso. Para isso seria necessária uma interação entre a CBB e a LNB, a liga buscando imprimir uma nova filosofia técnica em nível profissional e a confederação atuando na mesma direção na formação de base, na massificação do esporte.

Só não sei se concordo muito com o Marexal, quando compara nossos jogadores com os argentinos. Não sei se devemos a eles individualmente quando pensamos nos jogadores que atuam fora do Brasil. Leandrinho já foi o melhor sexto homem concorrendo com Ginobili. E Nenê, Spliter e mesmo Varejão tem progredido muito. O problema maior não está nos jogadores individualmente, mas sim na maneira coletiva de jogar. Eles jogam um basquete com conceitos que nós não utilizamos. Talvez até por não utilizarmos esses conceitos, nossos jogadores que atuam fora e que se habituaram a eles, venham tendo restrições a atuar pela seleção.

Rodrigo, parabéns pela excelente série durante a semana. Um caminho de análise digno de ser aprofundado por quem comanda o nosso basquete.

Um abraço
Sérgio

Marexal disse...

Olá sérgio, sou fã do Leandrinho, acho que com ele temos um ala de primeira, pra montar uma seleção, isso se ele tiver interesse de jogar realmente, já é uma diferença entre ele e o ginobili. O jogo do leandrinho é basicamente transição e arremesso, nesses dois fundamentos ele é um dos melhores do mundo, mas acredito que o Ginobili está uns degraus acima, pois defende melhor, infiltra melhor, arremessaa tanto quanto, pensa melhor o jogo, sabe a hora de disparar e a hora de cadenciar o jogo... Já vi um monte de vezes o leandrinho bater pra cima da defesa que nem louco, daí toma toco e invariavelmente erra. O ginobili é muito mais mortal quando bate pra dentro, quase imarcável, precisa dum kobe ou dum lebron pra parar o hermano, tanto que nos finais dos jogos, na sua melhor forma, mesmo com parker e duncan no time, na hora de fechar aquele jogo apertado era quase sempre ele que começava e terminava a jogada. Pivôs, concordo contigo, temos melhores do que eles, sem esquecer do Scola que é excelente e só perde mesmo pro Nenê, mas no jogo isto fica diluído, não sei das estatísticas, mas tenho impressão que eles acabam nos dominando até nos rebotes e arremates perto da sexta, mas claro nós só jogamos de três...

Guilherme disse...

Rodrigo, sensacional essa série de reportagens. Não deixa pedra sobre pedra. É um material que deve susbsidiar a preparação da seleção para as próximas competições, e mais do que isso, para que os treinadores das nossas equipes reflitam sobre o nosso modelo de jogo. Parabéns!

Marcelio Leal disse...

Parabéns Rodrigo.
Ótima série. Comecei imaginando que o problema fosse o ataque e no final é a defesa.
A defesa realmente é muito fraca nos jogos do Brasil.
Temos poucos denfensores como Varejão e seu irmão na época do Vasco. E se não mudar as coisas vão continuar contagiando quem jogar por aqui.
Quanto ao Leandrinho, acho que ele já melhorou muito o controle pra o chute, é só ver que ele está no top 50 de aproveitamento. Ao contrário do J. Tavernari que é está descontrolado ainda, mas que é novo e pode mudar.
O problema nosso é o número 3 mesmo. Número 1 e 2 ainda dá pra conseguir, número 4 e 5 estamos bem servidos dentro e fora do Brasil.
Mas número 3 é complicado...

Por fim, foi humilhante ver a Alemanha acertar aquilo tudo de 3 no Brasil.

Anônimo disse...

Impiedoso, Rodrigo. Só não vê quem não quer.
Parabéns!
Roby Porto

mayrink12 disse...

Essa resposta é fácil. DEFESA

Rodrigo, quem defende contra ataca!!!
nosso time tem aquela famosa defesa marcação de guarda de transito onde só apontam!!
aí fica dificl
mas acho que outra melhora para isso no ataque seria colocar os nossos pivôs como principal ponto de referencia, para aí quando dobrar a maracação colocar pra fora para os chutes de 3!!!
tems ótimos pivos com condições disso e de bom passe.

pra mim essa solução ou melhor maneira de jogar seria melhor

mas para isso falta um bom defensor no time
nosso melhor defensor é o alex
huertas,barbosa,marcelinho,marquinhos se entendessem que temos que marcar um pouco já era alguma coisa!!

Anônimo disse...

peguei os jogos do Brasil nesses três torneios (o Mundial de 2006, o Pré Olímpico das Américas
em 2007 e o Pré-Olímpico Mundial em 2088
)

:)

@lisangelo disse...

Anonimo,

Com base nos dados levantados o Rodrigo esta fazendo uma previsao de que 2088 sera o ano da virada do nosso basquete, em que estaremos de volta as olimpiadas! :)

Marcos disse...

Realmente, esses chutes de 3 andam junto com o fracasso do basquete brasileiro. Eu já passei muito nervoso com o Marcelinho na seleção, sei que ele ainda vai longe (o Moncho parece que o escolheu como seu pupilo), fica difícil alguma mudança asism.

JRamone disse...

Ótima série de textos, muito bem fundamentados! Já havia me deparado com a chatice dos jogos de hoje em dia no país onde há essa loucura nos chutes de 3. No time aqui da minha cidade até que somos mais 'contidos', mas bobeou livre na linha onde os pontos valem mais... chuta! Será que alguém (treinadores e jogadores) sabem de tudo isso, leram alguma linha dos textos. Seria uma boa!


SUCESSO!

Anônimo disse...

Rodrigo sei que vc está falando da nossa seleção, mas ontem (17/04) aconteceu mais um jogo pelo estadual juvenil no RJ.

Tijuca x Flamengo. O Tijuca mandou no jogo e só administrou o placar, porém o que me chamou atenção foi que o time do FLA chutou 22 bolas de 3 pts e só converteu 6.

Não me recordo do aproveitamento do Tijuca,mas foi muito melhor... O Atleta tijucano Luiz Felipe arremessou 5 e converteu 4 e o carioca (Tijuca também) chutou 5 e converteu 3.

Se na base é assim o futuro da nossa seleção passa não ser o dos melhores.

Basquete Brasil disse...

Rodrigo,parabéns pelo seu trabalho,esclarecedor e enxuto.Pena que ele venha confirmar nossas notórias deficiências defensivas e a quase completa ausência de correções técnicas por parte da maioria de nossos formadores e estrategistas.Um abraço, Paulo Murilo.

Anônimo disse...

Acho que falta jogadores que defendam melhor tambem na seleção ou que se ajustem mais facil a defesas mais fortes mas que venham do banco mantendo um ritmo, seja um duda que ainda vai melhorar muito na sua defesa ...ou até um shamel se naturalizando pode ser mais positivo do que um marcelinho machado na seleção...outra sugetão que faço é analisar esse estilo de 3 pontos dos clubes brasileiros que desse jeito conseguiram ganha o sul americano e liga das américas ai sim ese assunto ficaria encerrado...
é só lembrar as atuações de alex e marcelinho nessas decisões para ver que é assim que ainda jogamos diferente daquele time d vasco que chegou na final do mcdonalds open

AHMED IDJI OTTA disse...

Li que o problema começa na base...concordo que seja um dos problemas.
Para termos um real treinamento de base, seria necessario nosso basquete ser um bom produto para nas categorias de base o treinador receber bem para investir em sua carreira(clinicas, livros, viagens)...temos rarissimos lugares(clubes) onde encontramos um bom treinador nas categorias de mirim e infantil...na maioria dos lugares estáministrando os treinamentos, algum atleta ou ex-atleta para complementar a renda...e as vezes alguem com pouca instrução mas com muita disposição e que muitas vezes nem recebe salario.
Aonde esta a escola de treinadores, cantada em versos pela CBB?

Problemas temos varios, esse é só um deles.

Precisamos é de organização