terça-feira, 7 de abril de 2009

DRIBLANDO TERREMOTOS




Os terremotos que começaram a atingir a região central da Itália nesta segunda-feira já deixaram mais de 230 mortos. Neste momento em que muitos brasileiros tentam a sorte no basquete europeu, bati um papo com o carioca Bernardo Rocha, que chegou à Itália em fevereiro e joga no Teramo, da primeira divisão. O garoto de 23 anos está a 60 quilômetros de L’Áquila, centro da tragédia. E ainda assim viu os armários se abrirem, os objetos voarem da estante e a cama chacoalhar como se fosse uma máquina de lavar roupa. Só na terça-feira ele testemunhou quatro tremores – um deles, durante a entrevista ao Rebote.



REBOTE - O tremor da noite de hoje (terça-feira) foi o segundo mais grave até agora. Em que lugar você estava?
BERNARDO - Eu estava na cama, conversando com uns amigos meus na internet, quando a casa toda tremeu, as portas dos armários se abriram, e minha cama ficou tremendo. Aí levantei correndo e fui para o térreo com o jogador búlgaro que mora comigo – ele está fazendo uns testes no time. Foi só o tempo
de pegar o meu telefone celular e o meu passaporte.

>>> "É como se você ligasse a máquina de lavar roupa, colocasse para centrifugar e ficasse em cima dela. Mas isso na sua casa toda"

- E quanto tempo levou para voltar ao normal?
- Quando nós chegamos ao térreo, tinha gente chorando. Depois de uns 10 minutos já tinha muita polícia e muitos carros de bombeiro passando pelas ruas daqui. As escolas estão fechadas, as aulas estão suspensas por causa disso. O ruim do terremoto
é que não tem como você prever quando vem o próximo.

- Como foi o primeiro terremoto, o mais grave?
- Foi muito estranho. É difícil explicar como é um terremoto. É como se você ligasse a máquina de lavar, colocasse para centrifugar e ficasse em cima dela. Mas imagina isso sendo a sua casa toda. Tudo que estava pendurado ou em estantes caiu no chão. O prédio tocou uma sirene. Durou uns 20 ou 30 segundos, mas parecia ser uma eternidade. No início pensei que fosse um sonho, depois fui ver que era a casa inteira tremendo mesmo.

- Sua família está no Brasil? Como tem sido o contato?
- Minha família está toda no Rio. Minha mãe e meu pai me ligam sempre que possível, e eu também tento informá-los quando um novo tremor acontece, para que eles não fiquem assustados.

>>> "Quando fiz faculdade no Texas, eu enfrentava furacões, chuva de granizo, nevascas. Agora são os terremotos. Só faltam vulcões e avalanches, aí eu completo a lista de desastres naturais (risos)"

- Nestes dois dias, os terremotos fizeram você repensar a vontade de permanecer jogando na Itália?
- Não. É claro que me faz sentir falta do meu país amado, onde não acontece nada disso! Mas o amor e a vontade de jogar me ajudam a superar mais esse obstáculo. Eu até brinco com meus pais. Quando fiz faculdade no Texas, eu enfrentava furacões, chuva de granizo, nevascas. Agora são os terremotos aqui na Itália. Só faltam vulcões e avalanches, aí eu completo a lista de desastres naturais (risos).

- E como tem sido a experiência no basquete italiano?
- Muito boa! O Teramo está em terceiro na Liga A italiana (primeira divisão) e tem jogadores de altíssimo nível, como Pepe Poeta (eleito o melhor jogador da Itália neste ano), Jaycee Carroll (que teve contatos com times da NBA na liga de verão) e Valerio Amoroso (titular da seleção italiana). Quando joguei no universitário dos Estados Unidos (Texas) foi uma experiência muito boa, mas aqui na Itália está sendo fenomenal.

Quase no fim da entrevista, Bernardo interrompe o papo e diz: "Está tremendo de novo aqui, já falo contigo". Ainda bem que desta vez foi bem mais leve. O Rebote deseja boa sorte ao garoto, não só para driblar os terremotos, mas para brilhar nas quadras europeias.

2 comentários:

Jônathas Waldhelm disse...

gostei da entrevista, boas respostas do garoto.
tomara que fiquei bem lá e que os terremotos não atrapalhem mais, nem ele nem o país em geral.

Jônathas Waldhelm disse...

o Dimitri Souza, que tb joga lá na italia tb passou por apuros na noite de segunda.

http://esportes.terra.com.br/interna/0,,OI3688311-EI1885,00-Jogador+brasileiro+vive+noite+de+panico+na+Italia.html