quarta-feira, 16 de setembro de 2009
A PEDRA CANTADA
Vivemos dias estranhos. Até pouco tempo atrás, a seleção feminina era o grande xodó do basquete brasileiro, enquanto a masculina despertava a fúria do torcedor. Hoje, há uma esperança em relação aos rapazes e uma tremenda frustração no que diz respeito às meninas. Nada mais natural, diga-se. Temos agora uma equipe feminina perdida no meio do caminho entre a renovação e a "segurança" das veteranas, com um técnico que me parece igualmente perdido entre defender suas ideias e acatar o que pede a direção da CBB - leia-se Hortência.
No ano passado, fui a quase todos os treinos da seleção no Rio. Agora, como as atividades são em Barueri, não fui a nenhum, por isso ainda me sinto meio desconfortável para fazer análises sem saber exatamente o que acontece no dia-a-dia. De fora, sinto um Paulo Bassul igualmente desconfortável, cometendo erros como descartar jovens promessas e confiar em jogadoras que vêm se provando incapazes de ajudar a equipe em nível internacional.
O resultado - e isso, sim, dá para afirmar vendo apenas pela TV - é o basquete deplorável que a equipe apresentou contra a Argentina, onde só a promissora (e preterida) Franciele se salvou.
Sem tirar a responsabilidade de Bassul, no entanto, o que eu estranho é a surpresa de algumas pessoas com o declínio da seleção feminina. Isso é a maior pedra cantada do basquete brasileiro nos últimos tempos. Estava na cara que, quando a geração do Mundial 2006 perdesse fôlego, a gente ia afundar.
Nunca é demais lembrar que não temos mais Janeth na quadra - e sabe-se lá que função ela tem hoje no banco. Com a aposentadoria da veterana, a perda de rumo da rebelde Iziane e as ausências de Érika, pronto, lá se foi a nossa reserva de talento.
Todos têm sua parcela de culpa, mas a grande vilania não recai sobre as jogadoras, sobre Bassul ou até sobre Hortência, que me parece igualmente perdida no tiroteio. O lobo mau da história é o Grego, que esquentou a cadeira da CBB durante uma eternidade e não fez absolutamente nada para levantar o basquete feminino. Deixou o Campeonato Nacional virar sucata, foi incapaz de desconcentrar a modalidade do interior de SP e ignorou o trabalho de base.
Enquanto tínhamos craques como Hortência, Paula e Janeth, com a ajuda de elencos mais talentosos, ficamos entre os quatro melhores do mundo. Agora não temos mais o trio de craques, e os elencos foram minguando na qualidade. O cenário é claríssimo. Ou a CBB acorda e monta um programa sério para voltar ao topo daqui a uma ou duas décadas, ou nós vamos nos acostumar à triste mediocridade que assolou o masculino nos últimos anos.
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13 comentários:
Triste, patetico e irritante.
Juro que nao consigo pensar em termos mais positivos quando se tem que torcer pela permanencia de nosso unico lampejo de renovacao... So falta a Franciele ser cortada.
Lamentavel o que estamos vendo ate agora.
Gostaria muito de escutar o Bassul falar de peito aberto sobre o planejamento para o Mundial.
Temo que ele esteja sendo obrigado a engolir muita coisa. Nao vejo outra expicacao para a situacao atual.
A CBB na gestão do Grego não fez nada pelo campeonato feminino. Campeonato com meia dúzia de time traduz a total decadência das meninas.
É triste dizer mas dentro em pouco a Argentina vai no dar uma surra no feminino. É só esperar pra ver...
Grego é o grande culpado, mas boa parte dos dirigentes, tanto de federações quanto os de clube também tem sua parcela de culpa.
Assim como diversos treinadores e jogadores que abaixavam a cabeça e diziam amém (e isso continua..).
rodrigo esta devendo um artigo sobre o stockton, vou cobrar todos os dias.
O que eu posso dizer, é que não vai rolar renovação, tão cedo, as meninas não se sentem atraidas pelo basquete, é um esporte sem divulgação principalmente o feminino, a liga nacional é um lixo, não tem um trabalho de base de qualidade.
Rodrigo, vc falou tudo: Bassul perdido entre suas idéias (não podemos negar que ele não as tenha) e acatar o que a CBB - leia-se Hortência - deseja. E pra segurar o seu vemos que ele opta pela segunda alternativa... triste mesmo isso!!!!
Só nos resta torcer pelo nosso Basquete Feminino agora...
O que Janeth e Guidetti faziam no banco durante o jogo conta a Argentina... NADA!!!! PARECIAM DUAS MÚMIAS!!!!
Raul, vc é parente o John Stockton ?
Primo?
Amigo?
Irmão?
Namorado?
Caracas, deixa de ser chato cara!!!
Ele vai colocar a matéria um dia...
Mas não é assim que ele vai por não...
Aliás, se fosse comigo, nessa pressão, eu não colocaria...só pra deixar vc p. da vida...kkk
Senti uma distância do Bassul pro Guidetti e pra Janeth no jogo... parece até que os dois estão lá - principalmente a Janeth - pra vigiar o que se passa pra Hortência. Só é estranho porque o Guidetti já trabalhava com ele antes... tem algo de podre no reino do Basquete feminino!!!!
Outro absurdo foi o Bassul ter incluído a Helen (contundida) entre as 12 jogadoras do primeiro jogo, deixando a Franciele e a Nádia de fora. Seria por ordem da Hortência?
Não acho que o Bassul esteja perdido entre defender as suas idéias e aceitar o que pede a Hortência. Acho que ele está apenas perdido. Afinal não tinhamos Hortência em Pequim e ainda assim fomos um fiasco.
Parabens pela análise, que ao meu ver parece ser bastante correta. Quanto aos dirigentes de clubes, dizerem amém a tudo, até aceito em parte esta análise, mas temos que considerar que os clubes muito pouco podem se impor na maneira que a CBB vinha sendo administrada e nunca podemos nos esquecer, que se ainda nos resta uma ponta de esperança no basquete feminino, é justamente pelos clubes manterem suas equipes, sem o menor respaldo financeiro por parte das federações e confederações.
O que me parece mais preocupante é que o Bassul investe nas veteranas com o objetivo claro de garantir a vaga para o Mundial. O problema é que o Brasil não conseguiu vaga para os principais mundiais de base do basquete feminino e com isso se não der chance no Mundial às meninas pelo menos do sub 23 vai perder toda uma geração e dificilmente o Brasil retornará ao elenco das principais atrizes do basquete feminino. É importantíssimo que não tenha medo de arriscar no Mundial da República Tcheca. A Espanha que está a 1 ponto do Brasil no Ranking do basquete feminino da FIBA já declarou que pretende levar ao Mundial metade do time composto de atletas de até 24 anos
O Bassul tem que ousar!
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