POR UM TRIZ

De fato, o jogo 2 foi outra história.
E até a história da série poderia ser outra a esta altura, se Courtney Lee tivesse concluído a ponte aérea no lindo lance que encerrou o quarto período. Mas o "se" ainda não existe no basquete e, mesmo aos trancos neste domingo, o Los Angeles Lakers venceu por 101-96, na prorrogação, abrindo 2-0 no confronto. Um enorme passo no caminho que leva ao troféu.

Não vou pregar Lee na cruz, como parte da imprensa americana começou a fazer logo após a sirene final. O calouro jogou pouco tempo (12 minutos), voltou à quadra na fogueira após a eliminação de Mickael Pietrus e fez tudo certinho no lance. Enquanto Hedo Turkoglu fazia o ótimo passe do meio da quadra, ele venceu a marcação de ninguém menos que Kobe Bryant, projetou o corpo no ar e pegou a bola levemente além da conta. Ao contrário do que parece, não é mole acertar aquela bandeja.

Lee à parte, o fato é que, após a pancada no jogo 1, o Orlando saiu
do buraco com uma tática semelhante
à de quinta-feira: usando Dwight Howard como isca. Bem marcado no garrafão, o pivô liberou bastante espaço no perímetro. E a diferença é que, desta vez, os arremessadores estavam prontos. Rashard Lewis foi fantástico (34 pontos, 18 no segundo quarto) e Turkoglu também teve seus momentos (22 pontos, 17 no terceiro).

O próprio Howard, apesar dos sete erros, terminou com expressivos 17 pontos, 16 rebotes, quatro passes, quatro tocos e quatro roubadas. Não chegou a ser o Super-Homem, mas foi um Clark Kent pra lá de honesto.

Voltando a Turkoglu, ele brilhou no quarto período, assumindo a criação ofensiva quando Van Gundy deixou Alston e Nelson no banco. Depois, com a saída de Pietrus, o turco fez um excelente trabalho de defesa em cima de Kobe, incluindo o belíssimo toco no fim do tempo normal (foto acima).

(Aqui, abro um parêntese. Tudo bem Stan Van Gundy jogar sem armadores, mas ele precisa arrumar um jeito de fazer isso sem deixar J.J. Redick em quadra nos momentos decisivos. É um jogador de NCAA, nada mais. Errou sete de seus nove arremessos e deu um passe bisonho na prorrogação que permitiu ao LA abrir seis pontos.)

Os Lakers jogaram o suficiente para arrancar uma vitória sofrida, porém crucial. Não que seja impossível a virada do Magic, mas é difícil prever três vitórias seguidas na Flórida.

Pau Gasol voltou a mostrar muita consistência, com 24 pontos e 10 rebotes. Lamar Odom, com 19+8, também foi bem. Kobe Bryant, apesar dos 29 pontos e oito passes, ficou longe daquele assassino que vimos no jogo 1. Cometeu sete desperdícios de bola e, no fim, sofreu para se livrar da marcação de Turkoglu. Ao menos, foi inteligente para distribuir o jogo em alguns momentos importantes.

É assim, com inteligência, que se ganha título. Mesmo na noite em que as coisas não funcionaram tão bem, Kobe & Cia deram um jeito de garantir o resultado. Com 2-0 na bagagem, a viagem para Orlando será bem mais agradável.

))) No Twitter do Rebote: a estatística ao lado dos Lakers, o feito de Howard e a tal "bomba" anunciada por David Stern.