O VENENO DA SERPENTE

Quem viu Kill Bill vol. 2 sabe o que é uma Black Mamba. Em uma das melhores cenas do filme, Daryll Hannah, de tapa-olho, lê a descrição da internet enquanto o personagem de Michael Madsen agoniza no chão após levar uma picada no rosto. "O veneno da serpente", diz Hannah, "pode matar em 20 minutos". Não por acaso, Black Mamba é o apelido desse rapaz, Kobe Bryant.



Com a diferença de que, para matar o Orlando Magic no jogo 1 da final, ele precisou de menos tempo. Uns 12 minutos, digamos, aqueles 12 do terceiro quarto, quando o craque deu o bote fatal.



Com uma atuação espetacular nos três primeiros períodos, Kobe eletrificou o Staples Center e atropelou o Orlando. Antes de sair para descansar um pouco no último quarto, o camisa 24 anotou 36 pontos, oito assistências e sete rebotes. Não errou um lance livre sequer (7/7) e só foi cometer seu primeiro desperdício após acumular esses números, nos segundos finais do 3º período.



Após tomar fôlego, Kobe ainda voltou à quadra, a sete minutos do fim, quando a coisa já estava decidida. Terminou com 40+8+8, 8/8 nos lances livres e aquele solitário desperdício. Fantástico.



Apesar do show na vitória por 100-75, não dá para dizer que Kobe ganhou o jogo sozinho. Seus companheiros fizeram bonito na defesa, especialmente em cima de Howard. Perseguido em toda a partida, o pivô do Orlando até conseguiu soltar passes valiosos para os jogadores de perímetro. Mas a turma dos chutes falhou feio, e o Magic foi afundando até perder o rival de vista. Juntos, Lewis, Turkoglu, Alston, Lee, Nelson e Pietrus acertaram apenas 18 de 56 arremessos, aproveitamento pífio de 32%.

O jogo 2, claro, será uma outra história. Dificilmente o massacre vai se repetir, até porque Stan Van Gundy já deve estar pensando nos ajustes que vai fazer. Mas o fato é que Kobe
e os Lakers abriram a decisão mostrando que não estão dispostos a repetir os erros de 2008, contra o Boston. E algo me diz que a serpente ainda não gastou todo o seu veneno.