O CASTELO PREFERIDO DO REI

De Nova York

A uma quadra do Madison Square Garden, já ficava claro quem era o dono da noite: um gigantesco painel publicitário da Nike mostrava LeBron James olhando Nova York de cima, enquanto David Lee aparecia logo atrás numa propaganda cinco vezes menor, em preto e branco, quase tímido com a presença do Rei.

LeBron estava em casa.

Dentro do ginásio, ele foi tão ou mais aplaudido que o time local. No lance que abriu o jogo, deu um corte seco no marcador e sapecou um tiro certeiro de longa distância. Era o começo de um primeiro quarto avassalador, com incríveis 19 pontos, cinco assistências, três rebotes, 8/9 nos arremessos e uma cesta de três no estouro do cronômetro. Difícil imaginar um pontapé inicial melhor para a turnê do blog.

Com o uniforme dos Cavs, LeBron se agiganta e domina as ações no Madison. Completamente à vontade, acerta o chute e ri para o rival; faz uma bandeja e volta para a defesa dando tapinha nas mãos dos Yankees à beira da quadra; e assim vai até o fim: 33 pontos, nove passes, oito rebotes, vitória tranquila por 100-91.



Sem o uniforme dos Cavs, LeBron é outra pessoa. Quando a porta do vestiário se abre, o formigueiro de jornalistas avança e encontra o dono da festa sentado num canto, calado, com os pés enfiados numa bacia de gelo, os dois joelhos enfaixados e uma das mãos imobilizada. Assim de perto, parece um súdito mortal.

Todos os outros jogadores do Cleveland vão embora, e só aí James começa a se mexer. Sem cerimônia, ele tira a toalha da cintura e fica como veio ao mundo, virado de frente para duas repórteres japonesas, ambas segurando o riso e fingindo que aquela situação era absolutamente normal. Desnecessário, bem que podia ter respeitado as moças, né.

Sem pressa, o craque calça as meias listradas em cinza e preto, veste a blusa xadrez nas mesmas cores e completa o figurino com calça e casaco pretos, óculos de armação grossa e brincos. No banco ao seu lado, dois celulares Blackberry dourados, um brilhando mais que outro. Enquanto passa um protetor labial e deixa a assistente loira (quase tão alta quanto ele) lhe ajeitar a gravata, LeBron troca breves palavras com Chris Broussard, da ESPN, e caminha em silêncio para a sala de entrevista coletiva.



Com o corpo curvado para a frente e braços imóveis embaixo da mesa, o craque encara dezenas de jornalistas e responde às perguntas em voz baixa, sem frases de efeito, sem um sorriso sequer, praticamente um calouro envergonhado. Levanta dali sem alarde e caminha até o ônibus dos Cavs passando por dois corredores que estampam quadros com grandes craques da história do New York Knicks. Será que em 2010 LeBron vai entrar para esta galeria? Bem, isso ele ainda prefere não responder.

Peço desculpas pela ausência de fotos próprias, mas minha câmera insiste em não conversar com meu laptop. Assim que eu conseguir descarregar o material, publico algumas imagens aqui, combinado?