quinta-feira, 26 de junho de 2008

UM BATE-PAPO COM CARL HERRERA


Carl Herrera / Foto: Rodrigo Alves

Colocar uma equipe jovem e desacreditada nas Olimpíadas após um longo jejum é o sonho dos 12 jogadores da seleção brasileira. Pois na manhã de quinta-feira, ao fim do treino no Maracanãzinho, os atletas nem notaram que um exemplo vivo observava tudo ali à beira da quadra. Com um boné branco e um pesado casaco de couro da NBA, Carl Herrera chegou sem alarde ao ginásio. O homem que levou a Venezuela aos Jogos de Barcelona em 1992 também brilhou na liga americana, com dois títulos pelo Houston Rockets. Hoje, aos 41 anos, ele é o assistente técnico da seleção que enfrenta o Brasil nos amistosos de quinta e sexta-feira. Após o treino, o ex-jogador boa-praça bateu um papo com o Rebote.

- REBOTE - Em 1992, você foi o destaque da Venezuela no
Pré-Olímpico e levou a equipe aos Jogos de Barcelona. O
que foi mais importante para conseguir aquela vaga?

- CARL HERRERA - Nós éramos um time faminto, que nunca tinha estado em lugar nenhum. Toda vez que a gente entrava em quadra, diziam: "O Brasil vai bater neles, a Argentina vai bater neles". Mas algo aconteceu logo após a partida contra Porto Rico: tivemos uma grande briga no vestiário. Muitos caras queriam fazer pontos, mas depois daquilo, todo mundo percebeu que precisávamos ser solidários. Passamos a jogar coletivamente,
um ajudando o outro em quadra. É assim que se ganha.

>>> "De certa forma, os times
da NBA se protegem. Eles fazem grandes investimentos nesses jogadores, gastam muito dinheiro,
é natural que não queiram cedê-los"


- Você jogou até o início deste ano e, agora, é assistente do técnico Nélson Solórzano. Sentiu muito a mudança?
- Durante os 20 anos em que fui atleta, eu já costumava analisar muito o jogo. Sempre ajudei os caras dentro da quadra. Então tem sido fácil. Há muito respeito dos jogadores por mim, e meu por eles. Essas partidas contra o Brasil vão ajudá-los muito na preparação do Sul-Americano. Queremos nos classificar para a Copa América, mas precisamos ser realistas. Brasil, Argentina e Uruguai são concorrentes muito difíceis. O único jeito de vencer
é defender, pegar rebotes e atuar de forma inteligente.

Treino da Venezuela / Foto: Rodrigo Alves- O grande destaque do time venezuelano no Pré-Olímpico de Las Vegas foi Hector Romero, que não está com a equipe agora. O que houve?
- Ele vinha jogando direto nos últimos 10 meses. Primeiro na Itália, e agora voltando para a Venezuela. Hector ficou muito tempo longe da família, então precisamos entender seu caso.

- O Brasil também apresenta ausências relevantes. Você, que já atuou na NBA, acha que vai ser sempre difícil contar com Leandrinho, Varejão e Nenê?
- Na Venezuela, também já tivemos este problema. De certa forma, os times da NBA se protegem. Eles fazem grandes investimentos nesses jogadores, gastam muito dinheiro com
eles, então é natural que não queiram cedê-los.

- Falando em NBA, como foi sua trajetória até conquistar
o bicampeonato com a equipe do Houston Rockets?

- É algo que você não imagina que vá acontecer. É muito difícil para nós, latinos, conseguirmos espaço. Quando cheguei à NBA, levei quase um ano para digerir o que significava jogar contra aqueles caras que eu só via na TV. Alguns companheiros meus naquele time ainda estão por aí. Sam Cassell, por exemplo, acaba de ser campeão com o Boston Celtics. Ele provou que, se você tomar cuidado com seu corpo, coisas boas acontecem.

4 comentários:

Anônimo disse...

leandrinho devia se inspirar nele, um cara pensa na seleção.

Anônimo disse...

Rodrigo, ótima reportagem!

Anônimo disse...

Rodrigo, ótima reportagem!

Anônimo disse...

Brilhou na NBA é um tanto quanto exagero, não?

confira:
http://www.basketball-reference.com/players/h/herreca01.html