quinta-feira, 31 de julho de 2008
A VITÓRIA E A GORJETA
A seleção americana masculina bateu a Turquia na manhã de hoje sem muita dificuldade. Mehmet Okur está fora do time europeu, e Hedo Turkoglu chegou a bater bola antes da partida, mas foi poupado pelo técnico Bogdan Tanjevic. Sem a dupla, a vitória por 114-82 ficou ainda mais tranqüila. Os EUA comemoram as boas atuações de LeBron James e Dwight Howard, que vinham de lesões. O primeiro foi o cestinha, com 20 pontos, e se movimentou bem. O segundo distribuiu cravadas a torto e a direito.
A história mais curiosa até agora, no entanto, foi contada por Chris Sheridan, da ESPN, que está acompanhando a equipe. Sem citar nomes, ele afirma que um dos craques botou a roupa na lavanderia e, distraído, esqueceu 1.100 dólares em um dos bolsos. Um funcionário do luxuoso hotel Venetian devolveu a grana e ganhou uma singela gorjeta de US$ 100.
LAUREN JACKSON FALA AO REBOTE
Musa australiana se divide entre a rivalidade e admiração pelo Brasil
Cestinha do primeiro amistoso contra o Brasil, nesta semana, Lauren Jackson ficou só olhando no segundo. Sentindo dores no tornozelo direito, a musa australiana foi poupada, mas garante que estará 100% nas Olimpíadas. Sorte das Olimpíadas. Pena que, contra as brasileiras, ela tenha ficado ausente de mais um capítulo da rivalidade verde-amarela que vem se desenhando ao longo desses últimos anos. É o que atesta a própria Lauren, lá do outro lado do planeta, na Oceania, em entrevista ao Rebote.
"Sem dúvida existe uma forte rivalidade entre a Austrália e
o Brasil, que já vem de algum tempo. Nós adoramos jogar contra vocês. As brasileiras
são passionais e jogam bem fisicamente. Por isso foi tão importante para o nosso time disputar esses dois amistosos agora", diz a sempre simpática jogadora, hoje com 27 anos.
A rixa saudável entre as duas seleções se explica pelo fato de que uma foi campeã mundial na casa da outra. Em 1994, o Brasil de Paula, Hortência e Janeth ganhou o título na terra dos cangurus. As Opals deram o troco em 2006, no Ibirapuera, quando bateram as donas da casa duas vezes e levantaram a taça. Ainda assim, Lauren era tratada como ídolo em São Paulo.
"Aquele ali foi um momento fantástico para todas nós. Os torcedores foram maravilhosos. No dia-a-dia, as pessoas eram muito tranqüilas, mas a gente adorava aquele jeito como elas sempre torciam e cantavam nas arquibancadas o tempo todo. Foi uma experiência incrível, espero que eu consiga voltar logo ao Brasil", avisa a pivô, que já passou cinco vezes por estas terras e se encantou.
Fora das quadras, a jogadora não foge da condição de musa. Já chegou a posar nua para uma revista australiana e de biquíni para um ensaio na americana Sports Illustrated. Ao mesmo tempo, mantém hábitos curiosos, como ouvir músicas do bizarro Marilyn Manson antes das partidas. Com a bola laranja na mão, no entanto, ela esquece os holofotes e leva o trabalho a sério. Eleita duas vezes MVP da WNBA, pelo Seattle Storm, Lauren se concentra agora no objetivo de conquistar uma medalha inédita.
"Acreditamos em nós mesmas e podemos conquistar esse ouro.
Mas será preciso levar à quadra, todo dia, o máximo da nossa capacidade. Os Jogos de Pequim terão várias seleções realmente fortes e equilibradas", prevê a jogadora, que já tem no currículo as medalhas de prata conquistadas em Sydney e Atenas. Será que finalmente chegou a hora de subir mais um degrau no pódio?
PARA QUEM AINDA NÃO VIU...
no Da Linha dos 3. Leitura obrigatória, dê um pulo lá.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
UM PAPO COM SUE BIRD
A apenas nove dias da estréia
nas Olimpíadas, Sue Bird sabe
que tem pela frente a missão
de levar os Estados Unidos de
volta ao topo. A armadora de
27 anos admite que, depois da
derrota no Mundial do Brasil, a
medalha de ouro em Pequim se
tornou uma obsessão. Após os
treinos de terça, Sue falou ao
Rebote sobre os Jogos, a pivô
Kelly, a rebeldia de Iziane e as
lembranças da vinda ao Brasil.
REBOTE - Além de nomes importantes que vinham defendendo os EUA nos últimos campeonatos, a equipe agora tem o retorno da pivô Lisa Leslie e a evolução visível de jovens atletas como Candace Parker e Seimone Augustus. Dá para dizer que esta vai ser a melhor seleção americana dos últimos anos?
SUE BIRD - Acho que só vai dar para saber isso depois das Olimpíadas. Geralmente, não importa o que está no papel, e sim o que acontece na prática. Importa, principalmente, a conquista da medalha de ouro. É nisso que estamos concentradas agora.
>>> "Definitivamente, existe para nós uma expectativa de redenção,
já que perdemos aí no Brasil"
- Vocês perderam o Mundial no Brasil, enquanto a equipe masculina vem de fracassos consecutivos. Ganhar o ouro em Pequim virou questão de honra para o país?
- Definitivamente, existe para nós uma certa expectativa de redenção, já que perdemos aí no Brasil. E tenho certeza de que o masculino também pensa assim. Queremos muito retomar o caminho do ouro, e pensamos nisso o tempo todo. Espero que a gente consiga o objetivo.
- A pivô brasileira Kelly agora está no seu time, o Seattle Storm. Apesar de ela não ter muitos minutos nos EUA, deve ser titular do Brasil nas Olimpíadas. O que você espera dela?
- A Kelly é uma ótima jogadora. Infelizmente, ela atua na posição da Lauren Jackson e da Yolanda Griffith, atletas de nível olímpico. Por isso é tão difícil para ela. Nos últimos cinco jogos da equipe, quando a Lauren já tinha saído para treinar com a Austrália, a Kelly jogou mais tempo e se saiu muito bem. Conseguimos ver muitas coisas que ela não tinha mostrado no início da temporada. É uma ótima presença no garrafão e vai fazer bonito em Pequim.
>>> "As pessoas no Brasil são muito legais. E é claro que, se eu
tiver outra oportunidade, volto
para aí sem pensar duas vezes!"
- A Iziane, que também jogava com você, foi cortada da seleção quando se recusou a voltar para uma partida no Pré-Olímpico. A Kelly chegou a te contar o que aconteceu?
- Não, a gente não chegou a conversar sobre isso. É claro que, sem ter estado lá, eu não sei exatamente o que houve. Mas acho que o Brasil vai sentir falta da Izi. Ela é uma excelente atleta, uma ótima pontuadora. Nós jogamos contra o Brasil no Mundial e parecia claro para mim que ela seria o ponto de referência do time após a aposentadoria da Janeth. Então é claro que ela vai fazer falta, mas os times costumam se esforçar mais quando perdem peças importantes. Sei que o foco da seleção brasileira em Pequim vai ser em cima de quem está no elenco hoje.
- Que lembranças você guarda do Brasil? E quando volta?
- Eu amo o Brasil. Nós demos a sorte de ir para aí, no Mundial de 2006, numa época do ano em que não estava muito calor nem muito frio. As pessoas são muito legais, e eu gostei muito da cultura local. É um país ótimo. E é claro que, se eu tiver outra oportunidade, volto para aí sem pensar duas vezes!
terça-feira, 29 de julho de 2008
ÉRIKA ESTÁ FORA. GRAZI VOLTA
O pior aconteceu: Érika está fora das Olimpíadas de Pequim. A pivô voltou a sentir dores na perna após ficar 31 minutos em quadra pelo Atlanta Dream na partida de domingo. Não sou médico ou fisioterapeura, mas para quem se recuperava de uma fratura por estresse, jogar por 31 minutos me parece um tremendo exagero da técnica do time, Marynell Meadors - especialmente para uma atleta que começou no banco de reservas. A presença de Érika mudaria totalmente o status da seleção em Pequim, e sua ausência torna muito mais difícil a missão de conquistar uma medalha nos Jogos.
No lugar dela, adivinhe, volta Grazi. Não é a primeira vez que a pivô retorna ao time após ser dispensada. E, deste canto, não a vemos reclamando desta condição ou fazendo corpo mole. Boa sorte à Grazi e às meninas, que por sinal enfrentam a Austrália amanhã cedo, no segundo amistoso, ainda sem Kelly e Micaela.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
MADRUGADAS COM MANU
Para o bem de quem gosta do basquete, foi-se o tempo em que a gente não conseguia ver bola laranja na tela. Tudo bem que a TV aberta continua afastada, mas na fechada, pelo menos, temos boas opções. Quer um exemplo? O Esporte Interativo transmite, a partir desta madrugada, o Diamond Ball, último torneio preparatório antes das Olimpíadas. Às 4h45 de segunda para terça (com reprise às 22h), a Argentina de Manu Ginóbili encara o Irã, que aliás vinha treinando nos Estados Unidos. Na quinta, às 7h45, tem Argentina x Sérvia ao vivo, e na sexta, às 8h15, a final do torneio, que ainda conta com China, Austrália e Angola.
Os hermanos, por sinal, fizeram outro amistoso com a Espanha no sábado e perderam feio, por 87-62. A exemplo do que tinha acontecido na última semana, quando os campeões mundiais venceram por 90-88, a partida foi tensa e cheia de faltas técnicas.
CHOQUE DE REALIDADE
A nossa seleção feminina foi atropelada pela Austrália na manhã desta segunda-feira, no primeiro dos dois amistosos entre as seleções (o próximo
será na quarta-feira, às 7h de Brasília). O resultado de 99-62, com 19 pontos da musa Lauren Jackson, dá uma idéia da pedreira que a renovada seleção do Bassul vai encontrar em Pequim. Tudo bem que amistoso é amistoso, mas vai ser quase impossível encarar de igual para igual equipes como Austrália, Estados Unidos e até a Rússia. É bom lembrar que o Brasil perdeu quatro das cinco titulares do último Mundial, quando ficou em quarto lugar: Alessandra, Janeth, Iziane e Helen. A única que sobrou foi Êga, que não vive boa fase. Ou seja, a renovação é dolorosa. Talvez isso seja até bom para tirar a pressão. Brigar por uma vaga nas semifinais parece viável. Mas pensar em medalha é um sonho alto demais.
SONHOS E SONHOS
A seleção masculina dos EUA treina esta semana em Macau, onde ficará hospedada no cinematográfico hotal Venetian, que abusa da extravagância ao reproduzir partes da cidade italiana de Veneza, com direito a canais e gôndolas. Tem gente que chama a equipe atual de Dream Team. Eu discordo, mas admito que, com Kobe, LeBron, Wade, Kidd, Paul, Carmelo, Howard & Cia, este é o time mais talentoso desde o original, em 1992. Quer comparar? Então primeiro, dê uma olhada no top-10 da incrível seleção que disputou as Olimpíadas de Barcelona com Magic, Jordan e Bird:
Agora, veja uma coletânea de lances dos EUA no Pré-Olímpico das Américas de 2007, em Las Vegas, ainda sem Dwyane Wade.
E aí? Comparou? Então nos diga a sua conclusão na caixinha.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
TIA NANCY ENTRA EM QUADRA
Aos 50 anos, Nancy Lieberman tornou-se a jogadora mais velha
a atuar numa partida da WNBA - o recorde, aliás, já era dela, quando tinha 39. Após a pancadaria de terça-feira (não viu?), que suspendeu cinco jogadoras do Detroit Shock, o técnico Bill Laimbeer ofereceu um contrato de sete dias a Nancy, uma das figuras mais importantes do basquete feminino americano.
Dizem, aliás, que foi uma sacada para desviar o foco da briga.
Com seu nome no Hall da Fama, a ex-jogadora topou voltar da aposentadoria. Largou o trabalho de comentarista da ESPN e entrou em quadra nesta quinta. Saiu sem pontos, mas deu dois passes, um deles sem olhar para a companheira Olayinka Sanni.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
FALA QUE EU TE ESCUTO:
>>> "Ontem o Bassul veio conversar comigo para dizer que eu ia ser cortada. A minha única chance era a Érika não ficar apta para jogar em Pequim. Mas como ela vem se recuperando bem, isso é quase impossível. Estou muito triste"
GRAZI, pivô da seleção, em entrevista a Lydia Gismondi, do Globoesporte.com, no embarque para a Austrália, nesta quinta-feira. Tudo bem que o corte já era esperado, mas é difícil não se solidarizar com essa menina diante das saias justas que ela vem passando.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
DATA-REBOTE: O OURO OLÍMPICO
O PÉ QUE PREOCUPA
Não é qualquer pé, esse aí da foto. O tornozelo enfaixado pertence a LeBron James, que sofreu uma torção nos treinos da seleção americana, em Las Vegas, e ligou o sinal de alerta na equipe. Os médicos garantem que não é nada muito grave. Mas vale lembrar que a equipe já tem Dwight Howard e Dwyane Wade voltando de problemas físicos. Convém abrir o olho.
CONTRAMÃO EUROPÉIA
Reserva no Atlanta Hawks, Josh Childress resolveu abandonar a NBA e tentar a sorte na Europa. Ele assinou com o Oympiakos, da Grécia, e o contrato de três temporadas mostra que o garoto está mesmo disposto a fincar bandeira do outro lado do Atlântico. Não chega a ser uma grande surpresa, né? Vários casos recentes, incluindo o do brasileiro Tiago Splitter, mostram que, à exceção do primeiro escalão de astros, a Europa já consegue competir com a NBA. O jornal espanhol Marca, aliás, publicou nesta semana um artigo interessante sobre esse tema do êxodo às avessas. Clique e dê uma olhada.
PASSA A BOLA!
))) Conforme esperado, Espanha x Argentina foi um jogaço.
Para quem quiser ver o último minuto, com direito a animadas cheerleaders e Ricky Rubio marcando Ginóbili, aí vai o link.
))) No Da Linha dos 3, Fábio Balassiano bateu um papo com Penny Taylor, da Austrália, eleita melhor jogadora do Mundial de 2006. Entre as inúmeras ótimas frases, eu destaco o trecho em que ela diz: "Passei o último Natal na casa do Rodrigo". Pois é.
))) No remodelado Basquete Brasil, o professor Paulo Murilo debruça sua análise sobre a Liga Nacional - pelo prisma político.
terça-feira, 22 de julho de 2008
EM BUSCA DE CÉREBROS
O basquete brasileiro, mais do que nunca, vive de pequenos espasmos. Vez por outra, até surgem alguns leves sopros de esperança: seja uma saudável renovação no comando técnico da seleção feminina; a evolução de alguns jogadores na Europa (vide Splitter e Huertas); essa nova liga que promete união entre todos os clubes (será?); iniciativas isoladas e heróicas no trabalho de base. Aqui e ali, coisas boas acontecem. No plano geral, contudo, o cenário que se desenha para os próximos anos na modalidade é absolutamente sombrio, não há como negar.
É sombrio porque, a médio prazo, não vislumbra transformação alguma em larga escala. Na entrevista ao Esporte Interativo, o presidente da CBB se mostra tranqüilo quanto à reeleição. Cita federações que eram rebeldes e hoje estão alinhadas. Nas entrelinhas, canta vitória quase um ano antes do pleito.
Alterar esse sistema nefasto de votação é um longo processo, que parece inviável no Brasil
de hoje. Já circularam e ainda circulam pelo nosso Congresso Nacional propostas de mudança nos estatutos, por exemplo abrindo o voto para todos os atletas federados. Mas o lobby contrário é grande e, vocês sabem, tudo que é aprovado em Brasília passa por uma grande peneira de interesses.
A saída, portanto, passaria pelo surgimento de uma chapa de oposição realmente forte, que tivesse prestígio para chamar a atenção dos patrocinadores, estômago para convencer os votantes e caráter para fazer isso sem cair naquela máxima vigente do uma-mão-lava-a-outra.
O problema é que tal chapa simplesmente não existe. E
isso não é um mal apenas do basquete, mas do esporte brasileiro em geral. Nossos dirigentes são despreparados e acomodados na formação.
O basquete, por acaso, até tem uma pessoa que destoa do perfil cartola-preguiçoso. Uma pessoa que carrega a bagagem do ídolo e, mesmo assim, foi em busca de novos estudos para crescer, evoluir e aprender a administrar. Chama-se Maria Paula Gonçalves da Silva. Pena que a sujeira do mar de lama, geralmente, afaste indivíduos limpos.
TERÇA NOBRE PARA O BASQUETE
Garbajosa de um lado, Nocioni do outro. E eles são só coadjuvantes...
Se você quer ter uma idéia de como será o torneio masculino de basquete nas Olimpíadas de Pequim, a tarde desta terça-feira reserva um aperitivo de altíssimo nível. Espanha e Argentina se enfrentam às 15h (de Brasília, com transmissão do SporTV), num amistoso de encher os olhos. O Desafio das Estrelas, como vem sendo chamado o evento em Madri, põe frente a frente o atual campeão do mundo e o dono do ouro olímpico. Não por acaso, todos os ingressos para o Palácio dos Esportes estão vendidos.
A Espanha vai levar à quadra 10 campeões mundiais, incluindo Gasol, Garbajosa, Navarro e Calderón. Os dois que não estiveram no Japão são Raul López e - simplesmente - Ricky Rubio, o jovem fenômeno do basquete europeu. A Argentina, por sua vez, terá Scola, Nocioni, Delfino, Oberto e, principalmente, Manu Ginóbili, que volta após se recuperar da lesão. Dá para perder esse jogo?
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A PERVERSA BOLA DE NEVE
Fico feliz ao ver que o tom nas caixinhas de comentários está muito menos para caçar bruxas e mais para apontar caminhos e soluções. Diante disso, quero colocar mais um assunto na mesa de debate. No sábado, a coluna "Panorama Esportivo", do jornal O Globo, noticiou que a ausência da nossa seleção masculina em Pequim deve reduzir o repasse de verbas da Lei Piva para a modalidade. "O Comitê Olímpico Brasileiro vai privilegiar os esportes que tiverem trabalhado melhor e evoluído em comparação às participações anteriores", informa o texto.
O mesmo vai valer para modalidades que não se classificaram para os Jogos, como ciclismo, badminton, pólo aquático e hóquei.
É bom salientar, como já fiz aqui, que a CBB não vem usando bem o dinheiro público, inclusive o patrocínio da Eletrobrás. A aplicação dos recursos deveria ser fiscalizada de forma rigorosa pelo COB e pelo Ministério do Esporte. Isso é uma coisa. Outra coisa é a lógica perversa da distribuição desses investimentos.
As modalidades que mais precisam se fortalecer passam a receber menos dinheiro, enquanto o vôlei, por exemplo, enche cada vez mais os seus cofres. Por favor, nada contra o vôlei, muito ao contrário, está de parabéns pelo trabalho sério nos últimos anos - e eu repudio esse ciúme bobo.
Mas o governo não pode criar uma bola de neve para refletir, no esporte, a desigualdade que temos no plano social. No caso do basquete, com a administração atual, duvido que a coisa melhore, mesmo com a entrada de mais dinheiro. Em todo caso, é uma injustiça com o feminino, que tem ido sempre às Olimpíadas, e às outras modalidades, que tendem a entrar num círculo vicioso de fracassos. Vamos ficar de olho.
domingo, 20 de julho de 2008
FALA QUE EU TE ESCUTO:
>>> "As críticas aqui no Brasil são muito interessantes. As pessoas não conhecem, não têm informação, aliás não querem se informar, criticam e
não dão nenhuma sugestão"
GERASIME BOZIKIS, O GREGO, em entrevista a Vitor Sérgio Rodrigues, da TV Esporte Interativo, no dia seguinte à eliminação
do Brasil. Vale a pena clicar aqui e conferir a íntegra do papo.
NÃO PERDEMOS POR ESPERAR
Anote aí: no dia 9 de agosto, às 22h, a bola sobe para o torneio masculino de basquete das Olimpíadas de Pequim. E logo no primeiro dia, tem um Espanha x Grécia para tirar o nosso fôlego na revanche da decisão do Mundial-2006. Difícil vai ser segurar a ansiedade até o início dos Jogos. Pelo menos cinco das 12 seleções entram na briga com chances reais de conquistar a medalha de ouro (Estados Unidos, Argentina, Grécia, Rússia e Espanha). Entre as que correm por fora, teremos atrativos de peso, como Dirk Nowitzki, Yao Ming e os talentos coletivos de Croácia e Lituânia. É melhor economizar o seu sono agora, porque em agosto vai valer a pena virar as madrugadas.
No Pré de Atenas, a Europa confirmou sua força e mandou gregos, croatas e alemães aos Jogos. O continente vai ter metade das 12 seleções em Pequim. Não bastasse a grande quantidade de países, ainda mais após as divisões da União Soviética e da Iugoslávia, os euroeus levam a sério esse negócio de bola laranja, com estrutura e torneios fortes.
Enquanto isso, as Américas precisam acordar. À exceção de EUA e Argentina, o resto ficou pelo caminho: Brasil, Porto Rico, Canadá, Uruguai, México, todos estão eliminados da maior competição esportiva do planeta.
OS MELHORES DESTE PRÉ-OLÍMPICO
- Dimitri Diamantidis (Grécia)
- Marko Tomas (Croácia)
- Dirk Nowitzki (Alemanha)
- Chris Kaman (Alemanha)
Sexto homem: Theo Papaloukas (Grécia)
Técnico: Panagiotis Yannakis (Grécia)
E você, o que acha? Quais são os seus eleitos da competição?
sábado, 19 de julho de 2008
ECOS DA ELIMINAÇÃO
))) No Da Linha dos 3, Fábio Balassiano faz um levantamento
dos aproveitamentos de arremesso de Marcelinho Machado nas
partidas decisivas da seleção de 2003 para cá. É assustador.
))) Gustavo Cardoso, que está em Atenas e escreve artigos para
o site da Fiba sobre o Brasil, gravou entrevistas com os atletas
após a eliminação na sexta-feira. Clique aqui e confira o vídeo.
))) Um dia depois da eliminação, 20 clubes se reuniram no Rio
para a fundação da Liga Nacional de Basquete, que organizará
o próximo Brasileiro com a chancela da CBB. Saiba mais aqui.
ALTOS E BAIXOS DO SÁBADO
Contra Porto Rico, a Grécia deu mais um show de basquete e
garantiu a vaga em Pequim. A equipe alia uma disciplina tática
incrível ao domínio total dos fundamentos. De quebra, encontra
espaço para lances plásticos, como pontes aéreas e passes de
costas. Panagiotis Yannakis é hoje o melhor técnico do mundo.
Em entrevista ao Gian, no UOL, Grego se declarou candidato à
reeleição em 2009 e justificou dessa forma: "Faltam coisas para
terminar. Isso não depende dos resultados. Todos os estados
estão jogando basquete e conseguimos vencer a dificuldade de
um país do tamanho de um continente". Só pode ser brincadeira.
O JOGO DOS SETE ERROS
Sobre a equipe de Moncho Monsalve e o jogo de sexta-feira, eu não tenho muito a comentar. Apenas que os dois atletas mais indicados para marcar Nowitzki (Ricardo e Marcus) sequer entraram em quadra. Mas no geral, ainda acho que o espanhol fez a seleção evoluir e tenho certeza de que os jogadores deram tudo o que podiam. Em meio à missão-relâmpago de absorver novos conceitos em pouco mais de um mês, o elenco se viu muito desfalcado e, na hora da verdade, trombou com dois times de alto nível. Levamos duas pancadas. Diante de tal cenário, não foi nenhuma vergonha.
Vergonha é o que vem sendo feito com o basquete brasileiro.
A seleção masculina foi à Olimpíada pela última vez em 1996.
No ano seguinte, Grego assumiu a CBB. E lá vamos nós para 16
anos de jejum olímpico, com inúmeros erros fora da quadra:
1) Negligência na formação de treinadores. Mal orientada e, em geral, preguiçosa, a classe parou no tempo. Tanto que um espanhol de segundo escalão se mostrou melhor que várias das nossas opções caseiras.
2) Ausência de um projeto decente para categorias de base. Não há uma filosofia para formar novos atletas de acordo com os princípios do basquete moderno. A molecada cresce perdida e sem fundamentos.
3) Incapacidade de organizar campeonatos internos fortes, fruto de uma tola queda-de-braço com os clubes (na qual os clubes também têm culpa). Será que isso vai mudar agora?
4) Total falta de comunicação com os jogadores que atuam na NBA. Não há acompanhamento ou diálogo. A confederação e os atletas muitas vezes se falam por comunicados impessoais.
5) Visão muito limitada para
o marketing, que inviabiliza o basquetebol como negócio e espetáculo. Não há um projeto para massificar a modalidade, torná-la mais atrativa e levar a torcida para dentro do ginásio.
6) Mau uso do dinheiro (que é público, diga-se), com atrasos de premiações, seguros não pagos, entre outras mancadas.
7) Marginalização dos ídolos. É só conferir os nomes: Oscar, Hortência, Paula, Marcel, Wlamir, Amaury, Rosa Branca, enfim, todos os grandes ídolos do basquete criticam a CBB de forma contundente. Não é possível que todos sejam loucos e só a confederação esteja certa em sua maneira de administrar.
Eu sou radicalmente contra qualquer espécie de golpe. Nós vivemos num país em que as coisas devem ser resolvidas de forma democrática, ainda que essa democracia seja frágil e, neste caso, fique limitada a menos de 30 cabeças, muitas delas influenciáveis. Exigir voto consciente dos presidentes de federação em maio de 2009 é ingenuidade, eu sei. Mas não há outro caminho, ao menos até que a lei seja alterada. Deste canto, continuamos cobrando. E torcendo sempre para que haja alguma luz no fim do túnel.
NATÁLIA FORA DA OLIMPÍADA
Paulo Bassul reclamou dos erros de passe da seleção feminina no Pré-Olímpico. Por isso, cogitava usar Adrianinha e Claudinha juntas na quadra, conforme me disse no início dos treinos para Pequim. A opção abriria vaga no elenco para mais uma armadora, a baixinha Natália, que seria uma opção imediata no banco. Pois ela não está na pré-lista divulgada na sexta-feira, com 13 jogadoras. Como os treinos mudaram para São Paulo, não consigo mais acompanhar de perto o dia-a-dia da seleção.
O técnico deve ter seus motivos para manter no grupo mais
uma ala (Fernanda Beling) e repetir a estrutura do Pré: duas armadoras (Claudinha e Adrianinha), cinco laterais (Karla, Karen, Micaela, Chuca e Fernanda) e cinco pivôs (o último corte deve ficar entre Êga, Mamá, Kelly, Franciele, Grazi e Érika). A tesoura aponta para Grazi, mas Bassul tem dúvidas sobre Érika, que se recupera de lesão, e Kelly, que não vem jogando pelo Seattle.
TORCENDO PARA NÃO CHOVER
Em jogo válido pela temporada regular da WNBA, New York Liberty e Indiana Fever se enfrentam logo mais... a céu aberto. As equipes vão medir forças no Arthur Ashe Stadium, palco do US Open de tênis. Além do atrativo de ver um jogo de basquete numa arena descoberta, os fãs poderão participar de inúmeros eventos ao longo do dia, entre promoções, exibições de ex-jogadores e shows musicais com o V Factory e os Menudos (sim, eles ainda existem, e ok, o evento também tem seus defeitos).
sexta-feira, 18 de julho de 2008
ESTATUTO DA CONFEDERAÇÃO
Título II, Capítulo I Art. 13 - As eleições serão realizadas quadrienalmente, respeitando o ciclo olímpico, no mês de maio do ano seguinte ao dos Jogos Olímpicos. Art. 19 - As candidaturas ao cargo de Presidente da CBB deverão ser registradas até o dia 31 (trinta e um) de janeiro do ano subseqüente ao dos Jogos Olímpicos, mediante instrumento firmado por, pelo menos, 2 (dois) dos seus membros filiados, com direito a voto que estejam em pleno gozo de seus direitos, acompanhado do currículo do candidato a Presidente da CBB, da carta subscrita manifestando aceitação, e do nome dos candidatos aos cargos de membros do Conselho Fiscal.
Da organização, dos poderes e dos órgãos de assessoramento
__________________________________________________
Foi-se mais uma Olimpíada para o basquete masculino. Ainda vamos falar bastante sobre jogadores, comissão técnica e o
que aconteceu na quadra. Só não podemos perder o futuro de vista. Em maio de 2009, a CBB muda o seu comando. Ou não.
BRASIL x ALEMANHA - COMENTE!
Para ver as estatísticas ao vivo, é preciso fazer um registro rápido - é só incluir um e-mail qualquer e criar uma senha. Se quiser ver em tamanho maior, clique em "Live Stats | All Games".
O ENIGMA DO GARRAFÃO
Então, ao que parece, vamos mesmo de Baby e Splitter para frear o garrafão da Alemanha.
"Neste caso, eu iria de posição 4 e faria a marcação sobre o Nowitzki", diz Tiago no site da CBB. Hum... preocupante. Não que o pivô do Tau Cerámica seja incapaz, mas vamos correr o risco de sobrecarregar nosso melhor atleta com faltas. Para piorar, Murilo é dúvida, com uma lesão na perna. Sendo assim, eu ainda preferia que Moncho deixasse Splitter cuidando de Kaman, e tentaríamos a sorte revezando os outros quatro em cima de Dirk: dois de trombada (Baby e Marcus) e dois de técnica (Ricardo e JP, se bem que JP não anda muito técnico).
Por mais que se quebre a cabeça, Nowitzki tem talento suficiente para superar a marcação de todos eles (incluindo Splitter). O jeito é jogar uma defesa solidária, atenta ao lado da ajuda e, vá lá, torcer para que ele não esteja naqueles dias de capeta.
Não concordo muito com esse papo de "deixar o homem jogar e anular o resto do time". Na teoria, é lindo. Na prática, se Dirk faz 45 pontos, nós damos adeus à Olimpíada. Em todo caso, se o garrafão é deles, precisamos levar vantagem no perímetro. A vitória deve passar pelas mãos de Huertas, Alex e Machado, além de reservas como Jonathan e Fúlvio. Bem,
o problema é que o perímetro também precisa funcionar no aspecto defensivo, e isso me dá arrepios só de imaginar.
A rigor, a seleção vai encarar hoje, às 13h30, em Atenas, o seu milésimo "jogo da década". Se ganhar, terá mais um no sábado. Tomara que, desta vez, o resultado seja diferente dos anteriores.
VAI DESCANSAR, MICAELA!
Nos treinamentos da seleção feminina, em São Paulo, Micaela sofreu uma lesão muscular na coxa direita. Os médicos que acompanham o elenco afirmam que a recuperação requer duas semanas de repouso, e Paulo Bassul garante que a jogadora estará 100% nas Olimpíadas. Então tá. Feito o registro, eu já esqueci o assunto. Não quero nem pensar na possibilidade de essa menina ser cortada às vésperas da Olimpíada, a exemplo do que aconteceu na anterior, em Atenas. Neste grupo, ninguém merece mais do que ela a passagem para a China. Então trata de descansar essa perna.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
ELE ESTÁ DE VOLTA
A foto ao lado não é de arquivo. Yao Ming, de fato, voltou a jogar basquete. Foi ontem, na cidade de Hangzhou, em partida entre China e Sérvia, pela Copa Stankovic. O pivô do Houston Rockets, que não atuava há cinco meses por causa de uma fratura por estresse no pé esquerdo, ficou em quadra por 12 minutos, anotando 11 pontos e quatro rebotes. O resultado esportivo não importa tanto. Mas quando o gigante entrou em quadra, na metade do primeiro quarto, os organizadores da Olimpíada certamente respiraram aliviados. Ficar sem o ídolo nacional seria um baque.