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Sobre a equipe de Moncho Monsalve e o jogo de sexta-feira, eu não tenho muito a comentar. Apenas que os dois atletas mais indicados para marcar Nowitzki (Ricardo e Marcus) sequer entraram em quadra. Mas no geral, ainda acho que o espanhol fez a seleção evoluir e tenho certeza de que os jogadores deram tudo o que podiam. Em meio à missão-relâmpago de absorver novos conceitos em pouco mais de um mês, o elenco se viu muito desfalcado e, na hora da verdade, trombou com dois times de alto nível. Levamos duas pancadas. Diante de tal cenário, não foi nenhuma vergonha.
Vergonha é o que vem sendo feito com o basquete brasileiro.
A seleção masculina foi à Olimpíada pela última vez em 1996.
No ano seguinte, Grego assumiu a CBB. E lá vamos nós para 16
anos de jejum olímpico, com inúmeros erros fora da quadra:
1) Negligência na formação de treinadores. Mal orientada e, em geral, preguiçosa, a classe parou no tempo. Tanto que um espanhol de segundo escalão se mostrou melhor que várias das nossas opções caseiras.
2) Ausência de um projeto decente para categorias de base. Não há uma filosofia para formar novos atletas de acordo com os princípios do basquete moderno. A molecada cresce perdida e sem fundamentos.
3) Incapacidade de organizar campeonatos internos fortes, fruto de uma tola queda-de-braço com os clubes (na qual os clubes também têm culpa). Será que isso vai mudar agora?
4) Total falta de comunicação com os jogadores que atuam na NBA. Não há acompanhamento ou diálogo. A confederação e os atletas muitas vezes se falam por comunicados impessoais.
5) Visão muito limitada para
o marketing, que inviabiliza o basquetebol como negócio e espetáculo. Não há um projeto para massificar a modalidade, torná-la mais atrativa e levar a torcida para dentro do ginásio.
6) Mau uso do dinheiro (que é público, diga-se), com atrasos de premiações, seguros não pagos, entre outras mancadas.
7) Marginalização dos ídolos. É só conferir os nomes: Oscar, Hortência, Paula, Marcel, Wlamir, Amaury, Rosa Branca, enfim, todos os grandes ídolos do basquete criticam a CBB de forma contundente. Não é possível que todos sejam loucos e só a confederação esteja certa em sua maneira de administrar.

Eu sou radicalmente contra qualquer espécie de golpe. Nós vivemos num país em que as coisas devem ser resolvidas de forma democrática, ainda que essa democracia seja frágil e, neste caso, fique limitada a menos de 30 cabeças, muitas delas influenciáveis. Exigir voto consciente dos presidentes de federação em maio de 2009 é ingenuidade, eu sei. Mas não há outro caminho, ao menos até que a lei seja alterada. Deste canto, continuamos cobrando. E torcendo sempre para que haja alguma luz no fim do túnel.