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Nesta quinta-feira, contra o Canadá, Marcelinho Machado jogou todos os 20 minutos do primeiro tempo e mais oito do segundo. Marcou 13 pontos, pegou oito rebotes, roubou duas bolas e distribuiu cinco assistências, sendo uma delas espetacular, achando Tiago Splitter sozinho para concluir dentro do garrafão. Chutou apenas quatro bolas de longa distância, acertou três. Converteu os dois lances livres que cobrou. É verdade que Leandrinho liderou o ataque brasileiro com 27 pontos e Tiago Splitter fez bonito com 16, além de oito rebotes e três tocos. Mas o grande nome do jogo, o homem que ditou o ritmo da partida, bem, esse aí foi mesmo Marcelinho.
Ih, vai ter gente pulando deste primeiro parágrafo direto para a caixinha, cheio de pedras na mão. É natural, por vários motivos. O duelo contra o Canadá foi um amistoso, não teve nenhum efeito prático. Em jogos decisivos pela seleção, Marcelinho costuma cair de produção - e isso não é uma cornetada gratuita, é um fato comprovado por números; o Balassiano já levantou a estatística (
veja aqui) e o aproveitamento de três é de 17.9%.
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É claro que ele tem muita culpa nisso, mas há um outro fator que nem sempre a gente leva em conta: Marcelinho é um jogador que precisa de um técnico. Não para ensiná-lo a jogar, porque isso ele sabe muito bem, mas para lhe dar um norte e indicar seu papel dentro da quadra. Acostumado a ser ídolo nos clubes por onde passa, o ala costuma atuar acima do bem e do mal no terreno doméstico. Na seleção, é diferente. Marcelinho precisa de um esquema. Precisa de um técnico. Precisa de um Moncho.
No ano passado, quando estreou na seleção, o espanhol tinha um grupo esfacelado pelos desfalques, o que ainda garantia a Marcelinho o status de principal arma ofensiva. Por isso ele ainda chutou um bocado no Pré-Olímpico Mundial, com aproveitamento de 26.3% nas bolas de longe. Agora, para esta Copa América, Moncho tem Leandrinho como maior desafogo no ataque e, mais que isso, uma ótima dupla de garrafão (Anderson Varejão e Tiago Splitter) que o permite migrar o seu jogo para perto do aro.
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Resultado: Moncho está, finalmente, colocando em prática seu projeto-Marcelinho. Ao menos é o que parece pelos três amistosos - sempre com a velha ressalva de que é preciso esperar para ver na hora da verdade. Na Tuto Marchand, o veterano chutou 3/6 de fora contra a
Argentina, 1/2 diante de
Porto Rico e 3/4 contra os
canadenses. Mais que isso, as médias de assistências (5.3)
e rebotes (6.0) nos revelam
um jogador mais solidário e preocupado em ajudar no plano coletivo. Aliás, nem era preciso mostrar números, bastaria ter visto este último confronto com os canadenses, por exemplo.
Tudo isso serve para mostrar que, dentro de um esquema, com seu papel bem definido, Marcelinho ainda pode ser muito útil à seleção brasileira. Sei que muita gente vai discordar desta frase, mas a caixinha de comentários está aí para isso. Ao debate!