segunda-feira, 10 de agosto de 2009

TROCANDO IDEIAS COM MIKE BROWN




Mike Brown teve, digamos, uma passagem relâmpago pelo Rio de Janeiro. Último a chegar para o Basketball Show 2009, o técnico do Cleveland Cavaliers trocou o habitual terno por um bermudão mais adequado ao sol que apareceu forte neste domingo no céu da cidade. Na entrevista coletiva após o jogo, Brown roubou a cena com um show de bom humor e simpatia. Em seguida, eu consegui sentar com ele para uma conversa em separado. Nós falamos sobre o trabalho com os Cavs, a chegada de Shaq, a fatídica série contra o Orlando e a "maldição" que envolve o prêmio de técnico do ano.

- REBOTE - O ataque do Cleveland evoluiu muito na última temporada, e você creditou esse sucesso ao seu assistente John Kuester, responsável pela parte ofensiva. Aqui no Brasil, até por motivos financeiros, ainda não temos muito o hábito de usar assistentes para funções específicas. Para você, qual é a importância de dividir responsabilidades com a sua comissão?
- MIKE BROWN - Eu me sinto muito à vontade com meus assistentes. Eu já fui assistente e, naquela época, queria me tornar um técnico principal e gostava que me fossem delegadas funções. Quando eu me mudei de San Antonio para Indiana, trabalhei como coordenador defensivo para o Rick Carlisle. Ele me deu muita responsabilidade e me fez enxergar melhor o jogo. É isso que eu tento fazer com meus caras em Cleveland: delegar funções e ajudá-los a crescer, como aconteceu com John Kuester, que agora foi contratado para treinar o Detroit Pistons.

>>> "Na temporada regular, eu espero não colocar Shaq em quadra por mais de 25 minutos por partida"

- Na próxima temporada, você tem o desafio de colocar Shaquille O`Neal na rotação, o que não é uma tarefa das mais simples. Quais são seus planos para ele? Poupá-lo na temporada regular para usá-lo com mais força nos playoffs?
- Sim. Eu, Shaq e Danny Ferry vamos sentar e conversar sobre isso. Vamos determinar quantas partidas ele vai jogar. É claro que ele não vai estar nos 82 jogos, é muito para um cara como ele. O que eu posso te adiantar neste momento é que, durante a temporada de classificação, eu espero não colocá-lo em quadra por mais de 25 minutos a cada partida, para que ele esteja bem no mata-mata.

- Já se vão três meses desde aquela série contra o Orlando na final do Leste. Você já parou para pensar com calma sobre o que deu errado? Olhando para trás hoje, faria algo diferente?
- Bem, provavelmente sim, eu teria feiro algumas coisas de modo diferente. Algumas coberturas defensivas, por exemplo. Coloquei alguns jogadores para marcar certos caras do Orlando durante muito tempo, talvez demais. Nossa cobertura de corta-luz não foi boa, o jogo de corta-luz deles nos atingiu demais, então eu deveria ter trabalhado isso de uma forma um pouco diferente.

>>> "Eu entendo que é muito importante para um jogador representar o seu país, seja nas Olimpíadas ou em qualquer torneio"

- Há uma certa "maldição" rondando o prêmio de melhor técnico do ano na NBA. Mike D`Antoni, Avery Johnson e Sam Mitchell foram demitidos, Byron Scott não teve uma temporada muito boa. Você tem algum tipo de superstição ou preocupação sobre isso?
- [Risos] Não, até porque na verdade eu não vejo o prêmio como uma conquista individual, é um processo coletivo. Se você for reparar, o Doc Rivers ganhou o prêmio e depois foi campeão com o Boston, então não sou supersticioso quanto a isso. O fato é que, se você ganha jogos, fica bem. Se não ganha, fica mal.

- [Depois de eu já ter me despedido do técnico, o Alfredo, do Draft Brasil, deu mais uma ideia de pergunta. Voltei, e Brown não se furtou a respondê-la] Sempre que a seleção brasileira se reúne, volta à tona o debate sobre os jogadores da NBA, que nem sempre se apresentam. Como técnico do Anderson Varejão, como você vê o fato de ele abdicar das férias nos Estados Unidos para jogar a Copa América com a seleção?
- O Anderson é um cara jovem, então tudo bem ele jogar. A única coisa que me preocupa - espera aí um pouco, deixa eu bater aqui na madeira - é essa questão das lesões. É claro que qualquer jogador pode se machucar a qualquer momento. Ao mesmo tempo, eu entendo que é muito importante para um atleta representar o seu país, seja nas Olimpíadas ou em qualquer torneio. Além de entender, eu gosto, acho que é bom para ele.

7 comentários:

Vagner Vargas disse...

Muito bom, Rodrigo. Acompanhei o jogo só pela TV mesmo e o Mike Brown pareceu ser um cara bem descontraído mesmo. Legal ver esses caras vindo pro Brasil, foi um bom passo pra quem um dia quer receber jogo de pré-temporada. Só espero que o Mike Brown pare no Orlando mais uma vez nos playoffs. ;)

Duda 11 disse...

Bela entrevista Rodrigo! Já que vc esteve presente no evento, gostaria de saber a sua opinião sobre um jogo da pré-temporada da NBA aqui no Brasil. Foi apenas uma ideia ventilada, ou vc sentiu que existe mesmo uma chance real para tal? Valeu, abs...

PauloRJ disse...

Muito legal Rodrigo, muito boa a oportunidade que esses eventos geram para que se possa ter acesso a esse nível de profissionais...

Anônimo disse...

Ótima entrevista com o Mr. Potato.

Renatinho disse...

Fala Duda11 , aqui é Renatinho ( ex flu ), como vai cara ??? Bom te ver na seleção, boa sorte para vc e estou torcendo pelos meus antigos companheiros !!!

Anônimo disse...

Po, muito legal. O Mike Brown, parece ser muito simpatico e claro, entende muito de basketball, em especial de trabalho defensivo.

Bom, acho que ele terá trabalho com a ofensiva do Cleveland. Mas, acho que o cara que tem COY, tem que saber solucionar isso rapidamente.

O time sentiu muito pra mim, nao so na defesa na final do Leste. O ataque, nos mintos finais, dependiam qause que exclusaivamente de cortes pro Lebron, otempo todo ....

enfim, boa sorte pra ele !

Unknown disse...

Uma coisa fica muito clara...Sente-se que,por educação, êle jamais responderia que, ceder jogador para seleção não chega a ser amargo mas,não lhe parece dôce. Isso reforça o que sempre tenho falado..."Precisamos ter em mente uma seleção doméstica com certo grau de responsabilidade".Isso implica em elevar(e muito) o grau de profissionalismo dos nossos técnicos, dos formadores de atlétas desde o pré-mirim. Não podemos fazer Olimpíada com as condições que temos.
P.S. A Espanha ja começa a usar do expediente da NBA. Nega aos estrangeiros o direito de jogar pela sua Pátria. Isso é sério. Reflitam a extensão dessa atitude