sexta-feira, 14 de março de 2008
UM SONHO DE LIBERDADE
Com apenas 28 anos, Julio Pacheco vai escrevendo sua surpreendente história no basquete. Em menos de oito anos, passou de jogador a integrante de comissão técnica numa universidade americana. Trabalhou como olheiro em Florianópolis, fez intercâmbio nos EUA como estudante-assistente na Kennesaw State University, foi técnico de base e intérprete em clínicas. Em um desses cursos, foi chamado para ser assistente da equipe feminina da Arkansas Tech University. Na primeira temporada, conseguiu chegar às finais, que começam hoje.
Em entrevista ao Rebote, ele conta um pouco de sua biografia, fala das responsabilidades e revela as diferenças daqui e de lá.
REBOTE - Como é a visão dos americanos diante de um estrangeiro que chega a um posto tão importante na terra deles? Você sonha melhorar o basquete brasileiro com sua experiência nos EUA?
JULIO PACHECO - Eu fui extremamente bem recebido e sou respeitado no cargo que ocupo. Obviamente há um interesse, por ser uma conexão para atletas brasileiras virem jogar nos EUA, mas, além disso, meu histórico e experiência foram fatores que contaram para ocupar esta posição. Tenho muito interesse em dividir com os treinadores brasileiros o conhecimento que venho acumulando.
>>> "Não existirá melhora enquanto houver inveja e ciúmes. Isto deprecia a classe de técnicos,
e quem perde é a modalidade"
- Como você vê o basquete brasileiro hoje?
- É triste a fase que o basquete brasileiro enfrenta. Há uma grande falta de compromisso daqueles que gerenciam a modalidade. O Brasil tem um potencial magnífico, mas muita gente desiste no meio do caminho porque falta o mínimo necessário em termos de organização. Os treinadores também precisam se organizar e se unir. Todos precisam falar a mesma língua, se capacitando, estudando e quem sabe criando diferentes níveis, como existe no vôlei ou no basquete argentino. Não existirá melhora enquanto houver inveja e ciúmes. Isto deprecia a classe de técnicos, e quem perde é a modalidade. É necessária uma reorganização geral do basquetebol brasileiro.
- Você acha que permaneceria trabalhando no basquete brasileiro se não surgisse a chance de sair para um oásis do basquete mundial?
- Eu estava prestes a iniciar a faculdade de Administração, pois estava muito difícil sobreviver da modalidade no Brasil. A oportunidade que tive aqui realmente salvou minha carreira no basquete. A estrutura no Brasil é precária e existe um descaso por parte das autoridades que administram - ou pensam que administram - o esporte. Mas ainda tenho esperança de um dia o basquetebol ser respeitado e reconhecido como uma modalidade que o povo venha a se apaixonar, como acontece com o futebol.
- Sua equipe é da Divisão II. Como funciona a estrutura universitária do esporte nos Estados Unidos?
- Os EUA organizam seus esportes em divisões devido à quantidade de modalidades e universidades que participam das competições. Diferente do Brasil, onde há acesso e rebaixamento, nos EUA as universidades não mudam de divisão por títulos ou por desempenho, mas pela condição financeira. Quanto maior o investimento financeiro, maiores as chances de participar de divisões mais elevadas.
- Como é seu dia-a-dia como assistente técnico?
- Somos três técnicos - o principal e dois assistentes. Sou responsável pela musculação, bem como os treinos individuais
de fundamentos, em que as atletas trabalham em diferentes aspectos do jogo. Além disso, faço recrutamento de atletas-estudantes para próximas temporadas.
- Conte-nos um pouco da trajetória do time nesta temporada e sobre a atleta brasileira do elenco, Daiane Domingos. Que dizer dela?
- Terminamos em segundo lugar na Conferência do Golfo do Sul, com 25 vitórias e cinco derrotas. Ficamos por 16 jogos (três meses) invictos, fato que nos levou ao ranking nacional. Atualmente estamos na décima posição entre as melhores equipes do país. Neste fim de semana disputamos o Regional Sul da NCAA. O vencedor dessa competição passa à próxima fase, que reunirá as oito melhores do país na famosa Elite 8, que revelará a grande campeã nacional no dia 29 de março. A Dai, como todos a conhecem, já esta por aqui há quatro anos. Excelente atleta e uma pessoa muito cativante, teve atuações importantes em vários momentos, com média de 40% da linha de três pontos, seu arremesso favorito. É extremamente versátil, pode jogar em diferentes posições, está se formando agora e provavelmente deverá seguir como atleta profissional.
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14 comentários:
Bom saber que alguns conseguem escapar do buraco negro da modalidade no Brasil. Parabéns para o Julio e para a entrevista!
GRANDE Júlio. Da UFSC (a calça não mente) para o mundo!
Parabéns!
Como não adimirar um cara desses...
Não é pq é meu irmão, mas esse cara é meu ídolo...Merecedor e mais que competente...AMA O QUE FAZ!
Parabéns meu irmão.
Gde e forte abraço.
Se o Leandro é o único irmão de sangue do Júlio me considero um irmão "postiço' devido a grande amizade que temos há mais de uma década. Fico imensamente feliz com o reconhecimento recebido por ele fora do País e melhor ainda sendo nos EUA referência mundial na modalidade. Parabéns "irmão" e ainda mais sucesso. Abraço.
Dai galego mai!!!
Q beleza hein. Parabéns pelo esforço e o reconhecimento está aí!!!
Um grande Abraço e lembranças mandadas também pelo Tião!!! hauhauahuuahua
Parabéns Júlio, fico muito feliz e orgulhosa de ver um amigo brilhar na modalidade que tanto amamos. Realmente lamentável o Brasil valorizar tão pouco um esporte como o basquete. Dá uma "invejinha" ver times universitários como este que vc auxilia, pois vc sabe o tamanho da dificuldade que é por aqui, vc viveu conosco o "perrengue" que é manter uma equipe feminina. Mais uma vez parabéns e boa sorte!
Um beijo grande da Amiga Raquel Piazza Branco
Tudo de melhor ai Julio
É muito importante para nós que estamos aqui ralando por um espaçinho, ter uma pessoa como você para nos espelharmos. Se você rala sua oportunidade chega, esse cara ralou muito e merece.
Vôos mais altos para você
Abraço
Acelon
Parabéns Julio. tive pouco contato com você mais deu pra ver que vai ser m bom treinador quando voltar pro Brasil.
Esse cara é foda!
Fui atleta e tive um contato de longe com o seu trabalho, baseado na motivaçao. Muito bom!
É exemplo pra todos os tecnicos, desde a nova geraçao até a antiga.
Apesar nao de me conhecer de fato, fica aqui meus votos de prosperidade.
Julio, o esporte (basquete) vem sendo um tema de grande interesse das ciências sociais, buscando entender este fenômeno nas diversas formas de manifestação.Acredito que no Brasil e Santa Catarina teremos gestores comprometidos com o basquete dando condições e principalmente credibilidade.
Parabéns você sempre foi um diferencial como técnico e com esta oportunidade de fundamentar-se na melhor escola de basquete do mundo, quando retornares ao Brasil você fará a diferença na formação destes futuros gestores, tutores do basquete.
Abraços
Veronica
Conheço o Julio desde 1990, muito mais que um amigo é realmente um irmão. Moramos juntos por 3 anos em Floripa e até hoje lembro da motivação e do esforço dele estudando e trabalhando dia e noite por amor a este esporte. Tudo que o Julio alcançou foi merecido e suado. Tenho certeza que esta é só mais uma fase das muitas que virão.
Amigo, ainda mais sucesso para vc e tenha certeza que chegarás onde almejas...
Grande abraço.
Júlio, parabéns pelo seu trabalho, que particularmente admiro.
Um grande abraço,
Davi
Nossa um professor de E.F olha onde parou nossa tenhu maior orgulho de ter te conheçido e que venha mas estrelas a brilhar para vc, vc merece cara, vc lutou para estar onde está um abraço.
Aldo Couto.
la do Pedro Paulo Rebello
Abração Felicidades cara SUCESSO A MIL!
Po...nunca imaginei ver uma entrevista do julio num site sério de basquete e nem imaginava que ele chegaria tão longe, até pq quando treinei com ele, nunca me pareceu um treinador para esse nível do esporte...
Cada um tem sua sorte não é mesmo...se ele conseguiu chegar tão longe, mais sorte ainda e muito sucesso!
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