segunda-feira, 3 de março de 2008
UM RAIO-X ANTES DA DECISÃO
É impossível apontar um favorito para a final do Nacional feminino nesta noite - mesmo com a situação física de Karla, de Catanduva. Por isso, vale a pena fuçar as estatísticas antes de arriscar um palpite para o quinto jogo - fato que não acontecia desde 2003/04, quando o mesmo Ourinhos, então dirigido por Vendramini, perdeu para Americana, de Paulo Bassul.
Destaque de Catanduva, Natália, a líder em assistências com 7.1 por jogo, tem quatro das oito melhores marcas do campeonato, sendo duas contra Ourinhos (uma na final). Nos quatro jogos, são 9.2 passes e 12.7 pontos (nos dois jogos de fora de casa, 14 apenas) e duas roubadas. Veloz e com ótima visão de jogo, a atleta ainda peca nas coberturas, na marcação de corta-luz e, o principal, no “freio pré-bandeja” (por ser muito rápida, ela dribla a rival com facilidade, mas passa do ponto antes do arremesso).
Cestinha do Nacional com 26.4 pontos e dona de 10 das 15 melhores pontuações do torneio, Iziane não está bem na final. Se os 15 pontos não são desprezíveis, seus 38% nos arremessos são ruins. No jogo 4, a ala foi substituída no começo do primeiro quarto, voltou no fim do segundo e viu do banco o massacre de 23-8 de seu time na volta do intervalo. Aliás, os terceiros períodos são favoráveis ao time de Bassul (22.5 contra 16.2).
Praticamente sem marcação no garrafão, Lisdeivi, a terceira reboteira do Nacional com 10 por partida, brilha na série. Além dos 13.7 rebotes nos quatro jogos finais, a cubana também lidera Ourinhos com 16.7 pontos e aproveitamento de 57.7%, além de ter distribuído 10 tocos na série.
Fator que também pode fazer a diferença, o banco de Ourinhos manda na série. São 22.7 pontos contra 10.7 das suplentes de Ferreto. No quarto jogo, Iza e Karen (foto) obtiveram oito rebotes, somaram 29 pontos e foram fundamentais na reação da equipe. Apesar disso, Gattei, em virtude da contusão de Bethânia, foi a única atleta que esteve em quadra nos 40 minutos dos últimos dois jogos, e o cansaço pode pesar nas costas da excelente armadora.
Outro dado respeitável é o número de erros. Evoluindo jogo a jogo (22, 15, 11 e cinco), Catanduva tem a já alta média de 13.2 desperdícios por jogo, contra 20 de Ourinhos, que, por outro lado, tem melhor média de assistências (17.5 contra 15.5). E os chutes de três pontos? Apesar de aproveitamentos idênticos (31% de Ourinhos e 32% do rival), chama a atenção o volume de bolas tentadas de três pontos de Catanduva (22.5, seis a mais por partida que o atual tricampeão brasileiro).
Com tantos dados, arriscar algo torna-se menos lotérico, mas não mais seguro. O jogo desta noite pode dar o inédito título nacional a Ferreto (foto) ou carimbar o terceiro troféu de Bassul. Ourinhos tem vantagem de atuar dentro de casa, mas Catanduva tem atletas com personalidade assustadora, como Ariadna e Natália. O mais legal é notar que os dois times têm craques já tarimbadas (Iziane e Karla), e mais uma série de jovens atletas que poderão brilhar por um longo período por seus clubes e pela seleção.
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2 comentários:
Que bom caro Fabio,iniciar a semana acessando um blog que,pela força e qualidade de seus redatores,nos brinda com materias de todos os matizes,da NBA até o nosso carente basquetebol.Esse é o caminho,que infelizmente não posso seguir, por carencias pessoais e materiais,mas que se rejubila pelo belo trabalho de vocês.Parabéns.Paulo Murilo.
Os numeros nao sao suficientes pra traduzir tudo o que acontece em uma partida, mas na hora de tirar duvidas... E as estatisticas vao ficando cada vez mais aprimoradas.
Ta ai uma boa ideia para um site: um banco de dados com estatisticas dos atletas nacionais.
Existe isso?
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