sexta-feira, 24 de setembro de 2010

UM PAPO COM O SR. DEFESA


É difícil ver Bruce Bowen ali no belo ginásio do Marina Barra Clube e não lembrar daquela voadora no rosto de Wally Szczerbiak, ou da joelhada nas partes baixas de Steve Nash, ou das pisadinhas discretas nos tornozelos alheios. O homem que jamais poupou seus rivais ao longo de 12 anos na NBA estava ali, com um sorriso simpático, orientando os 40 jovens jogadores latino-americanos que participam do America’s Team Camp, clínica da NBA e da Nike que vai até domingo no Rio de Janeiro. O papo com ele rolou entre um exercício e outro, pontuado por risadas soltas do ex-ala dos Spurs.

- REBOTE - Você foi um dos melhores defensores que já passaram pela NBA e incomodou muito os adversários, que até te acusavam de jogar sujo. Defesa forte é basicamente o que está tentando ensinar para esses garotos na clínica aqui no Rio?
- BRUCE BOWEN - Tento ensinar tudo a eles. Você tem que investir em qualquer coisa que vá te colocar na quadra em momentos decisivos. Eu acertei alguns grandes arremessos porque estava lá na quadra. Em algumas vezes, o Gregg Popovich não desenhava uma jogada para mim, mas em outras sim. Se você está na quadra, tem a oportunidade de fazer parte de algo especial. Então é preciso achar o nicho que vai deixá-lo ali. A defesa foi o meu achado. Eu conseguia fazer outras coisas porque a defesa me permitia. Hoje não são tantos caras que defendem assim, então pode ser uma oportunidade para esses garotos.

>>> "Tiago pode virar para o Duncan e perguntar: 'Ei, Tim, o que eu preciso fazer aqui?' E Tim vai ajudá-lo. Sorte ter um futuro integrante do Hall da Fama para orientá-lo"

- Quando Popovich voltou agora das férias, falou sobre Tiago Splitter numa entrevista e disse justamente isso, que o brasileiro tem de achar seu papel no time. Ele citou você, dizendo que você só arremessava de alguns pontos da quadra, e em outros pontos era melhor que você nem andasse...
- [Risos] É verdade. Vai ser uma transição tranquila para o Tiago. Ele já está acostumado a jogar em alto nível. Além disso, pode chegar sem a pressão de ter que fazer muito. Pode virar para o Duncan e perguntar: “Ei, Tim, o que eu preciso fazer aqui?”. E Tim vai ajudá-lo. Sorte do Tiago ter um futuro integrante do Hall da Fama para orientá-lo.

- Além disso, o San Antonio é um time acostumado a abrir as portas para jogadores estrangeiros, vide o caso de Manu Ginóbili, que virou protagonista lá. Para você, que conhece tão bem essa franquia, é a casa certa para o Tiago?
- Acho que, antes de mais nada, o sucesso dos Spurs vai deixar o Tiago satisfeito. Eles têm a consciência de quem é o jogador e vão facilitar as coisas para ele. O que importa é deixá-lo confortável numa posição em que possa contribuir. Quem sabe o que ele pode fazer? Tudo vai depender de quanto ele vai aprender algumas coisas. Por exemplo, o jogo não é tão físico na NBA como é na Fiba. Ele vai precisar dosar a intensidade, ainda trazendo aquela energia, mas recuando.

- Você jogou até o ano passado. Já deu para sentir saudade?
- Na verdade não, estou me divertindo. Tenho passado mais tempo com a família e agora posso fazer mais coisa com eles. Trabalho como comentarista, então ainda posso acompanhar e falar sobre basquete.

- Não tem jogado nem a famosa pelada com os amigos?
- Nada. Os únicos caras com quem eu jogo atualmente são meus filhos (Ojani, de 5 anos, e Ozmel, de 3). E mesmo assim é aquela coisa de criança, né...

- Imagino que você não marque seus filhos com a mesma “intensidade” que usava contra os adversários na NBA...
- [Risos] Não, claro que não. Não defendo tão bem contra eles.

- E também não vai ficar maluco levantando da mesa no restaurante para marcar o garçom ou algo parecido, né?
- [Gargalhadas] Não! Sem dúvida, não!

11 comentários:

eZ disse...

faltou o famoso pé embaixo dos jogadores no alto para que pudessem torcer seus pés "sem querer" ...

sujo, mto sujo, mas ainda prefiro a nba dos anos 90, coisa de macho :)


aliás, ele podia ficar por aqui e ser membro vitalício das comissões no masculino e feminino né ?

só umas aulinhas de defesa de perímetro já tava bom ..

ótima entrevista!

Gary disse...

Muito boa a entrevista, deu até pra limpar um pouco a imagem de jogador imundo e chato que o Bowen tinha!

Anônimo disse...

estilo globo de entrevista
bobagem, 0 de profundidade e pouca relevência.

uma pena.

Anônimo disse...

eu preferia ver uma entrevista com o Harper, mto mais jogador... mto mais gente tbem.

marcar igual o Bowen tbem marco, é so segurar, soltar, segurar soltar, joelhada no saco, pisao no pé, e... vamos lá mais uma vez, tudo de novo.

Rodrigo Alves disse...

A entrevista com o Harper sai amanhã.

Gabriel disse...

Uma vergonha que a NBA almofadinha de hoje, que pune seus atletas por falta de "etiqueta" dentro e fora de quadra, não tenha banido esse cretino muito tempo atrás. E, pior ainda, que associe sua marca(e a Nike também, PQP) a esse competidor desleal.
Por fim, não tem nada pra ensinar aqui, sem sua sujeira, marcava apenas razoavelmente bem. Para aprender truques sujos temos especialistas muito melhores por aqui mesmo.

Anônimo disse...

Pessoal, este cup e so farinha pra pizza, e pra acender holofotes, conheço os garotos que foram pelo Brasil, brincadeira de mau gosto, escolha sem criterio, apenas tres garotos se destacam em seus clubes e campeonatos, tem ate menino que e reserva de garoto um ano mais novo, tem garoto que joga em equipe sem competitividade, tem garoto que não consegue entender o que lhe e falado, garoto com problema de disciplina, quem assistir vai entender o que estou escrevendo, duresa pro nosso basquete.

eZ disse...

Grabriel, eu já tô sentido falta do Rasheed hahaha

acho que o shaq é o último dos moicanos. ... vai acabar a rivalidade, as provocações, defesas fortes e só o happy hoops, com jogadores felizes, uniformes cada vez mais coloridos ...

so faltam começar a usar óculos sem lentes ...

como o mundo está chato! hahahah

Gabriel disse...

eZ, o basquete no mundo todo está nas mãos de pessoas que não compreendem a alma desse esporte, e a tendência é piorar. Os últimos playoffs, por exemplo, foram uma vergonha, tudo era falta de ataque, e jogadores como Shaq e Dwight Howard foram impossibilitados de jogar.
Também sentirei falta da presença do Rasheed.
Creio que grande parte do problema vem do fato de os jogadores tirarem grande parte(ou a maior) de seus ganhos com publicidade, então não precisam jogar tanto e sim cuidar da imagem.
Quem dera os jogadores da NBA vivessem do "bixo" por vitórias...

Glauber da Rocha disse...

Muito legal a entrevista Rodrigo
Como eu gostaria de ter o prazer de entrevistar um grande jogador como ele, um mestre na defesa do perímetro, mesmo usando de certos artifícios ilegais para atingir seu propósito.
Uma vez ele mandou um alô pra nos do blog pelo twitter.
Um abraço Rodrigo

Guilherme Kamus disse...

Um dos melhores defensores que eu vi. Marcava demais, um verdadeiro carrapato.

Excelente entrevista, parabéns.