quarta-feira, 29 de setembro de 2010

QUATRO ANOS QUE PARECEM 40




No Mundial de 2006, tive o privilégio de ver no Ibirapuera uma das melhores atuações que a nossa seleção feminina de basquete já teve: 75 a 51 nas quartas de final em cima da República Tcheca, que era campeã europeia e vinha sendo uma das atrações do torneio. Foi um show do Brasil, veja só, um Brasil comandado por Antonio Carlos Barbosa – não, eu não tenho saudades dele. Iziane liderou o ataque naquela partida, com 23 pontos. Mas foi Janeth, com uma lesão no tornozelo, que fez chover: 15 pontos, 10 rebotes, quatro roubos e três assistências.

Corta para quatro anos depois. A seleção volta à quadra hoje, às 13h, para enfrentar a mesma República Tcheca, de novo num jogo de vida ou morte – agora só para nós, não para elas. As diferenças para aquela atuação épica? Bem, são muitas. A começar pelo fato de que, desta vez, são as tchecas que estão em casa. Além disso, Janeth já não entra mais na quadra, e sem pegar na bola não dá para contribuir da mesma forma.

[Aliás, cabe uma pausa: você acha que Janeth, hoje, aos 41 anos, teria vaga nesta seleção? Se ela treinasse com o grupo desde o início e atuasse por tempo limitado, seria útil? Agora, depois do leite derramado, fica mais fácil levantar essa bola, claro. Mas bate uma dúvida...]

Ok, voltando às diferenças. O Brasil de 2006 tinha uma média de 13, 14 erros por jogo, ao contrário dos 25 ou 19 que já vimos neste Mundial. O Brasil de 2006 pegou a Coreia e lhe enfiou 20 pontos pela goela. O de agora perdeu para elas. O Brasil de 2006 ainda era um time que dava gosto de ver jogar, talvez o canto do cisne da geração que colocou o país entre os quatro melhores.

A equipe atual (ainda com algumas daquelas jogadoras, mas em fase pior) não tem dado gosto de ver jogar. Pode até dar hoje, surpreendendo as donas da casa, sei lá. Aliás, é bom que dê, se quiser continuar viva no Mundial. Ganhando, estamos nas quartas. Ganhando e torcendo por uma vitória do Japão sobre a Coreia, entramos até em terceiro e escapamos dos Estados Unidos. Perdendo? Bom, aí só nos classificamos se as japonesas bateram as coreanas por 1, 2 ou 3 pontos de vantagem. Qualquer coisa diferente disso nos manda de volta para casa. Será que dá?

3 comentários:

Mozart Maragno disse...

Érika e Iziane viraram duas "All Stars". E temos ótimas jovens, que não haviam em 2006 (EGA ERA TITULAR). A diferença está no banco. Em 2006, tínhamos um técnico obsoleto, mas que não complicava. Iziane jogou basquete para quinteto ideal. Daí inventaram que ela tem que jogar com freio de mão puxado. Ela não sabe e não vai saber. Deixa ela chutar, mas dando confiança, como fazia o Barbosa. O Colinas quer fazer uma revolução tática e travou o time.

Duda 11 disse...

Acredito que é reflexo da administração do basquete feminino, que não tem o processo de renovação que merece! O time está ficando velho, e não vemos jogadoras de ótima qualidade surgindo...Na minha opinião, temos apenas 2 jogadoras de alto nível (IZiane e Érika) e não temos uma armadora de gabarito!

Anônimo disse...

Parabéns pelo "belíssimo" trabalho, Hortencia!