terça-feira, 28 de setembro de 2010
MUITO ALÉM DA QUADRA
O Brasil vai atravessando a segunda fase do Mundial da República Tcheca aos trancos, carregando não apenas uma incômoda desvantagem de pontos no grupo F, mas principalmente arrastando um enorme, pesado e desconfortável fardo de desconfiança. Hoje, a vitória dramática sobre o fraquíssimo Japão manteve o país respirando no torneio, graças a uma atuação monstruosa de Érika e dois tiros milagrosos de Silvia e Iziane. Para continuar vivo, é preciso bater as donas da casa na quarta-feira. E aconteça o que acontecer, o caminho até aqui já diz muito sobre o nosso basquete feminino.
As jogadoras, que já entram em quadra sob uma chuva de tomates, cá entre nós, são as menos culpadas da história. Opa, é claro não vou aqui tirar toda a responsabilidade delas, por um simples motivo: a incrível falta de vibração em alguns jogos. Contra as baixinhas japonesas, todo mundo correu e lutou, mas o jeito apático como o time jogou contra a Espanha, por exemplo, vai direto para a conta das atletas.
O buraco neste caso é muito mais embaixo. Ou em cima. A culpa maior está no descaso de quem comanda. Está na confederação que, durante anos e anos da gestão anterior, sucateou o Campeonato Nacional e jamais implantou um projeto sério e abrangente para as categorias de base ou para a formação de treinadores. Resultado: nossas meninas crescem fazendo tudo errado, e o resultado na elite é esse festival de erros de fundamentos.
Também tem culpa a nova gestão, que tropeçou no planejamento e escolheu o lado errado na queda de braço entre um bom treinador em má fase e uma estrela que se julgava acima do bem e do mal. Caiu Paulo Bassul, ressurgiu Iziane, até agora chutando todas com o aproveitamento ruim de 33% (22/66) - e esse índice só subiu agora, com uma atuação melhor diante das japonesas. À beira da quadra, o espanhol Carlos Colinas não consegue domar a ala desenfreada, muito menos organizar o time, e reforça a cada jogo (tomara que ainda me desminta) a impressão de que foi escolhido no famoso estilo "não tem tu, vai tu mesmo".
A curto prazo, a seleção se agarra à esperança de repetir agora uma atuação incrível como a do Mundial de 2006, quando atropelamos a República Tcheca nas quartas. Não custa nada torcer. A longo prazo, a torcida é para que tudo – tudo mesmo – mude no basquete feminino. Se não mudar, voltaremos a essa mesma discussão chata e repetitiva no Pré-Olímpico de 2011, nas Olimpíadas de 2012, na Copa América de 2013, no Mundial de 2014, no Pré-Olímpico de 2015, nas Olimpíadas de 2016, na Copa América de 2017...
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Um comentário:
Excelente foto da birrenta.
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