segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A HISTÓRICA SEMIFINAL DE 2004




No primeiro artigo da série Decifrando Magnano, a gente viu nos números como jogava a Argentina no vice mundial de 2002 e no ouro olímpico de 2004. Mas avaliar o trabalho do técnico apenas com estatísticas seria uma pretensão sem tamanho. Então, para esclarecer um pouco mais a análise, fui assistir a um jogo que pode ser considerado simbólico daquela equipe: a semifinal dos Jogos de Atenas, quando os hermanos superaram os Estados Unidos e pegaram embalo para bater a Itália na final.



O video acima é o trecho final dessa partida, e ela está inteira no
You Tube, com a narração em inglês, dividida em 14 partes.

Clique e veja: 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14

Vi no arquivo que tenho no meu PC, na transmissão argentina,
o que talvez até ajude a entender melhor a filosofia da equipe.

Começando pelas críticas, a Argentina entrou naquele jogo meio desatenta nos passes. Diante de uma defesa ligada nas interceptações, cometeu 20 desperdícios no total. Tirando isso, o ataque era uma aula: raríssimas precipitações nos chutes, muita movimentação sem a bola, troca de passes até achar a melhor jogada e, por consequência, um ótimo aproveitamento (57% nos tiros de dois e 50% nos de três, sendo 4/6 de Ginóbili, cestinha naquele dia com 29 pontos).

Na defesa, a precisa marcação por zona dos hermanos castigou
os rivais, que não conseguiam acertar de fora e erraram cinco de
seus primeiros seis chutes (acabariam com 3/11 da linha de três).

Após fazer 43-38 no primeiro tempo, a Argentina de Magnano fez
seu recital na volta do vestiário. A vaga na decisão começou a se
desenhar com uma sequência de 13-2 na abertura do 3º período.
Tudo isso sob o comando de um inspiradíssimo Pepe Sanchez,
que distribuiu passes espetaculares e sobrou na visão de jogo.

A vantagem pulou para a casa dos 10 pontos e assim ficou até o fim. Nos últimos três minutos, os argentinos fizeram o que deveria ser feito: deixaram o relógio correr, sem desespero. O único que às vezes ficava afoito era Walter Hermann, que, para azar dos americanos, não errava uma! A vitória por 89-81 (clique aqui para ver as escalações e o boxscore) foi construída sob a cartilha do basquete ideal, com defesa incansável e ataque equilibrado.

É assim que a gente sonha ver o Brasil de Magnano, mas será
que dá? Não depende apenas dele, claro. Para dar certo, outros
fatores entram em quadra, como estrutura, projeto de basquete
do país e, evidente, a qualidade dos jogadores. Este é o tema do
terceiro e último artigo da série, que será publicado amanhã.

9 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito deste post. Parabens

Alfredo Lauria disse...

Já tem uns 4 meses que eu assisti essa partida pela última vez, mas lembro que dois aspectos me chamaram muita atenção, além dos já destacados pelo Rodrigo:

1- Os cortes dos pivôs, sempre atentos com os espaços abertos no garrafão para receber a bola embaixo da cesta sem marcação (Oberto e Nocioni, por exemplo). Tanto Varejão, quanto Nenê são mestres na tarefa em suas respectivas equipes. Na seleção faltaria talvez mais jogadores com a qualidade de passe. Quem costuma ter essa visão de jogo e precisão, quando não muito interessado nos arremessos é o Machado.

2- Os argentinos jogaram limpo, mas foram duros, como deve ser feito. Não teve essa de não disputar uma bola, jogar sem encostar no adversário. Eles se metiam na frente de todas as jogadas e não tiram o corpo para evitar o contato. Os norte-americanos perderam a cabeça até aquela emblemática agressão no final da partida (foi o Iverson? Agora não lembro)...

Essa partida foi realmente emblemática. Foi uma surra! Quem assisti do início ao fim chega a conclusão de que os norte-americanos não tiveram chance alguma, apesar do placar não ter sido muito dilatado.

Luiz Fernando Paes disse...

que show de informações!! hoje de noite vou assistir esse vt aí, acho que já vi os minutos finais algum dia perdido ..

acho que apesar do nosso basquete em geral ser fruto dos defeitos dos últimos anos, estrutura, técnicos ruins, essa coisa toda, acho que a seleção brasileira pode conseguir trilhar um pouco diferente em competições anuais ..

escalando os 8 ou 9 jogadores de bom nível que temos, um garrafão respeitável completo com Nenê, Anderson e Splitter, e toda a carga tática, planos de jogo, que já melhoraram com o Moncho e tendem a ficar melhor ainda com o argentino, acho que a seleção pode dar um passo maior ...

filtrar da nossa matéria prima, e achar bons jogadores pra formar uma boa equipe, que consiga jogar junta, entrosada, e equilibrada é um ponto chave, que imagino que o Magnano consiga fazer ..

pra seleção acho que nosso problema é achar jogadores, principalmente na 3 e na 1, com gabarito suficiente pra encarar um torneio forte como o mundial

são os dois anos chave dessa geração de Nenê, Leandrinho e cia .. e tenho medo porque vejo pouco destaque a nível desses caras pra querer entrar na NBA e tudo mais, há uns 4 ou 5 anos que não entra brasileiro lá .. kd a renovação??!

Unknown disse...

O Brasil tem o leandrinho que joga muito bem mas nas ultimas competições vinha sendo forçado a carregar o time no ataque... Na copa América já foi melhor varejão ajudou muito.. O garrafão do Brasil me agrada muito Nene, Varejão e Splitter principalmente os dois primeiros são muito bons mesmo em nível internacional, os jogadores da posição 3 e posição 1 que são os mais difíceis, Huertas e Valtinho são os melhores que temos mas o valtinho sempre tem seus problemas lá , na 3 tem o Machado , Marquinhos e Giovanone ( nunca acerto o nome dele ). Tanto na 1 qunanto na 3 o Magnano pode conseguir fazer com que os jogadores rendam mais , orquestrando seus movimentos em quadra, o Alex ainda pode ser usado como armador, ficando em quadra mais pela sua defesa do que visão de jogo. São esses os jogadores que podemos esperar resultados a não ser que surja alguma revelação.

Marco disse...

Rodrigo, muito interessantes essa série de matérias, parabéns!

Henrique Lima disse...

Bela matéria. Alfredo novamente carimbou um comentário excepcional.


Da minha parte eu acrescento que:

As maiores diferenças nossa para os hermanos são:

- Tempo de treinamento e conhecimento do sisetma proposto pelo técnico e sua fisolofia de trabalho. Magnano terá pouco tempo com o selecionado brasileiro. Com o time argentino e esta semi final olimpica era o final do ciclo.

Ele ja conhecia todos os jogadores e todos sabiam o que esperar e qual o trabalho dele. Isso é mto importante.


- QI de jogo dos hermanos. Oberto é um pivo que no auge desmontava defesas com passes bem feitos, bandejas bem realizadas, o feijao com arroz pra la de bem feito. Não temos um pivo com QI alto de jogo.
Com intuição pro jogo principaklmente para quebrar sistemas defensivos com um passe ou um bloqueio.

Varejao é um atleta mais mecanizado e Nene apesar de ser um bom passador, qdo no perimetro não é comum em ve-lo somente passando a bola pra lateral.

De toda forma, acredito em sucesso nosso no Mundial. Faremos melhor do que nos ultimos 4 ou 5 Mundiais que fomos.

Fomos oitavos em 2002, acredito muuito que temos tudo para superar esta posição.

Mas não podemos cobrar mais do que o time poderá fazer no curto tempo que terá para assimilar as ideias de Magnano.

jdinis disse...

Me desculpem Diego e Henrique Lima, mas vocês já viram o Tiago Splitter jogar?

Anônimo disse...

PG - Huertas / Nezinho
SG - Duda / Alex / Tavernari
SF - Marcelinho / Guilherme
PF - Murilo / JP / Splitter
C - Baby / Paulão

* A NBA não deve liberar os jogadores que atuam lá para as competições...

Clóvis Rafael disse...

Henrique vc falou muito bem no seu comentário... Mas OBERTO, está longe de ser o que vc disse!!!!

Nenê é um excelente passador e com ótima visão no post baixo!!!! E além disso, é muito mais jogador que o OBERTO!!!!

No garrafão hermano, o único e enorme diferencial é o LUIS SCOLA... Mas eu acho que SPLITTER está muito próximo do nível de jogador que SCOLA atualmente é!!!!!

Nosso garrafão, até pelo biotipo, é superior ao dos hermanos... O que faz uma diferença enorme é o perímetro, eles tem pelo menos 3 bons armadores, tem um "gênio" que é MANU e tem ALAS que ajudam muito na defesa e até no ataque, diferente de nós, que temos apenas HUERTAS em um nível internacional para armar o jogo, temos Leandrinho para pontuar, mas nunca será um MANU no auge e além disso falta alas para jogar na defesa e serem eficientes no ataque como HERMANN, NOCIONI e DELFINO!!!!

Além da qualidade maior nos fundamentos, que os hermanos possuem, falta mais peças com qualidade nas posições de armador e ala... Tavernari poderia ser mais aproveitado na ALA, tem uma qualidade defensiva muito superior a qualquer atleta do perímetro de nossa seleção e pode ser mais trabalhado para ser um NOCIONI aqui pela seleção brasileira!!!!

Um abração!!!