BENDITOS NÚMEROS - PARTE 2 DE 3

No primeiro artigo da série sobre estatística no basquete, a gente conversou sobre a maneira como os números absolutos foram ganhando importância ao longo do tempo. De pontos, rebotes e passes, pulamos para informações combinadas, como quocientes de posse de bola e os índices de eficiência. Se o amigo quiser mergulhar mais, vai encontrar maneiras muito mais confiáveis de medir a qualidade de um reboteiro ou de um chutador.

Sabe quem foi o reboteiro mais importante da NBA nas duas últimas temporadas? Reggie Evans, ex-Denver e ex-Seattle, hoje no Philadelphia. Na lista absoluta, ele ficou em 46º (2006-07) e 37º (2005-06). Mas o rebound percentage leva em conta o número de oportunidades que cada jogador tem para pegar rebotes, baseado em arremessos desperdiçados pelo time e pelo rival.

E o chutador mais mortal da liga no último campeonato? Foi Brent Barry (na foto), do San Antonio, segundo a análise que combina e determina pesos diferentes para arremessos de dois, de três e lances livres.

Esse tipo de número inteligente virou uma febre entre os estatísticos com a chegada do plus-minus (aquele +/- que agora você encontra nos boxscores do site NBA.com).

Basicamente, trata-se da vantagem ou desvantagem de pontos que o time teve na soma de todo o tempo em que determinado jogador esteve em quadra. Esta, no entanto, é apenas a forma mais superficial do plus-minus, cheia de buracos e imperfeições. Na derrota para o Denver, ontem, LeBron James fez 27 pontos e teve +/- de -26. Cedric Simmons, com dois pontos, ficou com +7. Isso significa que Simmons jogou melhor que LeBron? Claro que não. O craque enfrentou os titulares adversários (a derrota foi por 22 pontos), enquanto o reserva provavelmente aproveitou o tempo contra a mulambada do rival.

A justiça começa a aparecer, mas ainda de forma leve e sutil, com o net plus-minus, que faz o mesmo cálculo, mas não por jogo, e sim por 48 minutos ou a cada 100 posses de bola.

Depois, surge o que parece ser, aí sim, uma grande revolução: o adjusted plus-minus, criado na Universidade de Indiana pelo professor Wayne Winston (foto) e pelo estatístico Jeff Sagarin. A partir de uma teia complexa de números, a idéia é analisar não só a diferença de pontos no período em que o atleta ficou em quadra, mas também a qualidade dos quatro companheiros de time dele e os quintetos adversários que ele enfrentou (com todas as suas variações ao longo da partida, claro). Ou seja, coisa de maluco!

Por essa análise, Kevin Garnett foi o MVP da temporada 2006-07. Até aí, nenhuma surpresa, certo? Mas que tal saber que Rajon Rondo (foto) e Anthony Parker estão no Top-20, e o brasileiro Anderson Varejão foi o 22º jogador mais importante de toda a liga? Veja as listas.

Para quem quiser brincar um pouco, o próprio NBA.com usa o +/- básico na seção Lenovo para determinar, por exemplo, qual o melhor trio da liga (hoje Duncan, Ginóbili e Parker, no San Antonio Spurs) ou a melhor dupla (Garnett e Pierce, no Boston Celtics). Para terminar, diga aí qual o quinteto mais eficiente atuando junto em quadra.



Até a rodada de segunda-feira, era esse aí acima, o do New Orleans Hornets, com Chandler, West, Peterson, Chris Paul e Stojakovic. O San Antonio, líder do Oeste, aparecia em 12º lugar, atrás de Portland e Sacramento. E agora, ficou confuso?

O tema é confuso mesmo. Na quarta-feira, a gente encerra a série sobre estatísticas com mais alguns dados e dicas de sites para quem está disposto a desvendar esse universo. Até lá.