terça-feira, 5 de agosto de 2008

A BOLA E AS ARMAS



O coronel Bob Brown fala para os jogadores da seleção americana



O documentário Road to redemption, citado aqui ontem, levanta uma questão interessante e polêmica, que já foi abordada certa vez aqui no Rebote, mas não custa voltar a ela: a relação entre
a seleção americana de basquete e as Forças Armadas do país.

A exemplo do que tinha feito na época do Mundial, o dirigente Jerry Colangelo optou por estimular a proximidade entre jogadores e integrantes do Exército - em 2006, treinando numa base militar; depois, com palestras de oficiais feridos em batalhas recentes dos EUA.

Em princípio, não gosto dessa relação promíscua entre esporte e guerra, a ponto de colocar uniformes camuflados em atletas. Mas a cultura americana é bélica, especialmente após o fatídico 11 de Setembro, e não há como mudar isso a curto prazo. Até entendo, portanto, que o basquete tenha recorrido a esta união nociva.

O processo de reconstrução adotado por Colangelo passa, em grande parte, por motivar os jogadores a jogar pela seleção. Tirá-los do glamour da NBA e mostrá-los que também é importante representar o país. Pois o sentimento de patriotismo, tão valorizado por lá (a ponto de ser muitas vezes deturpado e resvalar feio na intolerância), encontra no Exército um enorme simbolismo. Daí o recurso usado pelo dirigente. Se serve de motivação para o que vai acontecer na quadra, talvez o objetivo tenha sido alcançado.

Só me incomoda expor os fãs do basquete, principalmente as crianças, ao conceito de patriotismo via guerra. Eu já tenho certas restrições ao patriotismo via esporte, que dirá à idéia de que amar o seu país é apontar um fuzil para um iraquiano. Pode ser ingenuidade, mas eu ainda prefiro a bola cá e os tiros lá.

6 comentários:

Elder disse...

Uma coisa que tem de ser dita qem relação a essa proximidade é que o Coach K, antes de treinar DUKE, foi assistente técnico de BOBBY KNIGHT no programa de basquete da ARMY (ACADEMIA DE WEST POINT) e, posteriormente, Head coach nesse programa. Inclusive, estive sapeando no site de west point, lá há um "prêmio" com o nome do Coach K: "The Mike Krzyzewski Teaching Character through Sport Award". Por isso, deve haver essa relação de caráter meio "dúbio" com o exército. Um abraço a todos!

Caboclo Risadinha disse...

Também me senti incomodado com essa proximidade quando assisti o documentário. Acho que seria melhor, por exemplo, levar os jogadores para orfanatos e hospitais.

Unknown disse...

Rodrigo, vai ser transmitido algum jogo de basquete masculino na TV aberta?
Abraços

Unknown disse...

Rodrigo, vai ser transmitido algum jogo de basquete masculino na TV aberta?
Abraços

Denis disse...

Eu acho que patriotismo no esporte só serve pra deixar a Copa do Mundo mais legal, mas é que nos EUA eles realmente enxergam o exército como simbolo máximo do patriotismo. Ganha o técnico com um time motivado em defender o país, ganha o exército com ótimos garotos-propaganda e perde todo o resto.

Importante também dizer que o exército americano é anunciante pesado nas transmissões de jogos da NBA nos EUA. Todo jogo tem pelo menos um comercial dor Marines.

Abração!

Anônimo disse...

eu nao vi o documentário, mas não acho de todo mal a ideia de aproximar (pelo menos os conceitos de patriotismo) a seleção nacional com o exército... acho que as lições que os jogadores devem ser submetidos são as de valorizar a pátria, ter orgulho em defender (nas quadras) a nação enfim, e não necessariamente estarem submetidos a treinamentos bélicos ou qualquer coisa do gênero...

mas por outro lado, sei bem que a cultura americano é um tanto quanto idiota em diversos pontos e temo pela forma como as "lições" estejam sendo passsadas....

mas de qlq forma, a ideia não é tão ruim assim...

pior é a seleção brasileira de futebol dos "pop-star" que na época dos treinamentos brincava de embaixadinha e dava showzinho pra gringo ver dias antes da copa do mundo de 2006... o resultado td mundo lembra