terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A VOZ DE IZIANE


Iziane / Foto: CBB

O basquete tem vários chavões. Um deles é: "Iziane não fala". Mentira. A jogadora
é tímida, bem diferente de ser uma pessoa arredia, reclusa, intransponível, como se diz. Após a partida em que sua equipe, o Ourinhos, venceu facilmente o Fluminense, a ala da seleção brasileira conversou com o Rebote e falou sobre seleção, estilo de jogo e, claro, da saudade do seu Maranhão.

REBOTE - O que está achando do Nacional feminino e como está sendo trabalhar com o Paulo Bassul pela primeira vez?
IZIANE - O nível das principais equipes é bom, sem dúvida. E a presença dos times muito jovens eu acho legal também, porque as amadurece mais rápido. Quanto ao Bassul, está sendo ótimo, pois nunca tínhamos tido tanto tempo de relação juntos.

Paulo Bassul / Foto: CBB- Você sente alguma mudança no seu jogo trabalhando com ele, que também a dirige na seleção? Seu volume de arremessos diminuiu?
- Não houve nenhuma mudança em meu jogo. O entrosamento com ele ajuda no meu entendimento do que ele quer passar. Sou receptiva às coisas que ele pede e ensina. E eu arremesso as mesmas bolas que achava que tinha que arremessar antes, pois sei por que fui contratada e da minha importância pro time.

>>> "Para mim, a melhor defesa ainda é o ataque. Sempre fui assim, principalmente com o Barbosa, que me incentivava a jogar assim. Agora, eu sei me adaptar a cada treinador"

- Mas uma das idéias mais fortes - não só dele como de sua antiga técnica na WNBA (Anne Donovan, da seleção dos EUA
e ex-Seattle Storm) - diz respeito ao setor defensivo, não?

- Isso para mim é relativo demais. Cada um tem sua filosofia, e eu respeito. O Paulo é estudioso, sabe o que faz, e preciso ouvi-lo. Quando ele fala que uma defesa bem construída é que forma um ataque sólido e que dita o ritmo de jogo da equipe, é uma verdade. Mas eu penso diferente. Para mim, a melhor defesa ainda é o ataque. Sempre fui assim, principalmente com o Barbosa, que me incentivava a jogar assim. Agora, eu sei me adaptar às decisões ofensivas e defensivas de cada treinador.

Iziane / Foto: CBB- O que você fala para quem diz que você chuta demais?
- Nada. Eu simplesmente não ligo. Sei o que o jogo pede, minhas funções, o que técnico pede e o que posso realizar. Se não estiver cumprindo com as minhas obrigações, deve ser ele, o técnico, a falar, né.

- Você parece ser muito autoconfiante, não?
- Tenho uma confiança muito alta mesmo. Como tudo em excesso faz mal, isso me ajuda e me atrapalha às vezes. Saí do Maranhão muito nova e sem nada. Se não tivesse convicção de que venceria ou acertaria nas escolhas, estaria ferrada.

>>> "Em Ourinhos, não exerço liderança alguma, e nem pretendo. Cheguei com o grupo formado. Na seleção é diferente. Mas líder mesmo foi a Claudinha no Pré-Olímpico"

- Muita gente também pega no seu pé por conta do aspecto de liderança? Como funciona isso em Ourinhos e na seleção?
- Em Ourinhos, não exerço liderança alguma, e nem pretendo. Cheguei com o grupo formado, com minhas funções muito bem definidas, e é isso. O que não impede de dar os meus pitacos também. Na seleção é diferente. Passei por uma geração e fiquei para uma outra. Lá, procuro conversar com as meninas. Mas líder, líder mesmo, foi a Claudinha no Pré-Olímpico do Chile. Eu, apesar de ser na minha, tenho uma personalidade muito forte, agitada, e prefiro ficar mais calada, conversando mais discretamente.

Iziane / Foto: CBB- E como foi para você jogar no Nordeste, contra o Sport, perto da sua família?
- (Sorrindo) Nossa, foi lindo demais ali. Parecia que eu estava no Maranhão. Minha família e meus amigos estavam na arquibancada. Até o jogo estar parelho, estava concentrada. Mas confesso que, depois que abrimos vantagem, eu só olhava para eles e me sentia muito feliz e realizada. Porque eles estavam vendo ali o resultado de muito esforço. Foi legal pra caramba. Acho que naquele jogo eu não errei nada (foram 32 pontos em 13-17 arremessos, 4-5 em lances livres).

- A experiência que você passou em Recife te fez pensar em formar um clube, ou um projeto, em São Luís?
- É uma possibilidade, sim. É ano olímpico, e tem agora essa nova lei de incentivo fiscal. Seria o ideal e maravilhoso jogar por lá. Sinto muita falta e gostaria de realizar isso mais para frente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Barbosa contaminou a coitada com essa filosofia mais velha que o rascunho da biblia de que a melhor defesa é o ataque. Acho triste isso vindo de alguem com tanto potencial

TONHÃO 07 disse...

Show de bola essa matéria... Espero ver muitas como essa por aqui...
Eu não conhecia muito sobre a Iziane, agora já sei algumas coisas sobre ela...
Eu treino na Assistencia Basqueteball Cataguases e ainda sou infantil... Sou novo mais sei que para ter um bom ataque tem que ter uma otima defesa... Meu professor jalber sempre fala issu... Será por que Iziane fala dessa forma???

Obrigado... Vou publicar o nosso blog para quem quizer conhecer...
http://basquetebol-kta.blogspot.com/

Abraço!!!

Anônimo disse...

Puts grila!!! Eu fui doido ler o que ela falaria sobre defesa/ataque e que decepção!!! Sei lá viu, acho que ela mais vai atrapalhar a seleção do que ajudar!!!