terça-feira, 29 de janeiro de 2008
UM PAPO COM MONCHO
Simpático e de fala mansa, Moncho Monsalve, novo técnico da seleção brasileira, não mudou o tom de voz nem nas perguntas mais duras, prova de que o conciliador de que a CBB tanto precisa pode ser ele.
Por telefone, da Espanha, o treinador falou de tática, tempo de contrato, e admitiu que ser bom com palavras não lhe dá nenhuma segurança de que trará os resultados desejados.
>>> "Ainda não assinei contrato com a CBB. Mas confio no senhor Bozikis, e isso não me preocupa. Tenho um compromisso verbal"
REBOTE - De quanto tempo é seu contrato com a confederação brasileira e o que representou o convite para dirigir uma equipe com um nível que o senhor jamais comandou?
MONCHO MONSALVE - Aos 63 anos, eu já não esperava mais ser chamado para um cargo tão importante. Foi uma surpresa e ao mesmo tempo um sonho se realizando. Nunca treinei uma equipe de ponta. Ainda não assinei contrato com a CBB. Mas confio no senhor Bozikis (Grego), e isso não me preocupa. Tenho um compromisso verbal, e só haverá algo escrito depois da nossa reunião em Madri no começo de fevereiro. Se nos classificarmos para as Olimpíadas, posso continuar como consultor ou treinador.
- É verdade que o senhor tem uma hérnia que o impede de dar treinamentos?
- Tive um problema grave de hérnia na coluna, fui operado, estou fazendo tratamento, e o médico me garantiu que, até o fim de março, poderei voltar às atividades físicas normalmente. Quando for ao Brasil, ainda na primeira metade de fevereiro, estarei em ótimo estado de saúde.
- Não é tarde para conhecer a estrutura e os novos jogadores?
- Concordo que não é o ideal, mas estou seguindo o campeonato por estatísticas e, em fevereiro, poderei ver dois ou três jogos.
>>> "Há problemas claros no jogo de cinco contra cinco, na defesa e
na condução de bola. É preciso ter mais equilíbrio e cadência"
- Como vê a reação de técnicos brasileiros contra seu nome?
- Acho isso normal, cada um tenta defender o seu lado. Mas só peço que me julguem pelo meu trabalho, não pela minha nacionalidade. Sou eu que estou chegando, preciso me conectar a eles, e não o contrário. Vou precisar deles, afinal a comissão terá dois assistentes brasileiros. Quero que me ajudem a desempenhar um bom papel. Já converso com o Lula Ferreira e vou querer falar com Hélio Rubens, Guerrinha, Flávio Davis...
- O senhor assistiu aos últimos jogos da seleção brasileira? O que achou?
- Há problemas claros no jogo de cinco contra cinco, na defesa e na condução de bola. Não vou mudar o basquete daí, mas sei como ajudá-los. É preciso ter mais equilíbrio e cadência.
- E como melhorar isso? Poderia falar um pouco sobre sua carga tática e a correção dos erros de fundamento?
- O primeiro ponto que vou enfatizar é a defesa. Defesa forte impulsiona um jogo de transição de qualidade e um contra-ataque bem feito. É preciso criar um jogo mais eficiente para os pivôs também. Um exercício que gosto é o seguinte: a cada três passes, um será para o interior do garrafão. Isso é básico. Outro fator que quero que os atletas entendam é o do "um passe a mais", que possibilita um arremesso mais seguro e que, inclusive, o Marcelinho Machado conhece. Muitos alegam que ele é um chutador voraz, mas quando jogou comigo ele se adequou ao estilo. Quanto aos fundamentos, este será um grande problema, porque terei pouco tempo, infelizmente. Mas temos como minimizar isso.
>>> "Claro que soube (da crise que envolveu Marquinhos). Mas isso não o exclui da convocação, até porque não o conheço bem. Vou conversar com ele e ver o que aconteceu"
- E sobre os jogadores brasileiros, quem o senhor está observando?
- Splitter e Huertas, por exemplo, vejo todos os fins de semana, e eles estão muito bem. Outros que estão na Espanha merecerão uma chance, principalmente o Marcus (foto), o Paulão, o Rafael e o Caio Torres. Tenho visto também o Murilo, de quem gosto muito, Guilherme, Alex e João Paulo Batista. Sobre os da NBA, a mesma coisa - estão sendo observados. Com relação aos da NCAA, não os conheço bem, mas sei que há um na BYU e um em New Mexico [o treinador não lembra os nomes de Jonathan Tavernari e Hatila Passos]. Tenho que buscar informações sobre eles. Além disso, pretendo fazer um camp com todos que podem formar o time. A primeira semana servirá para eu definir os 12.
- E em relação à posição 3, maior deficiência da seleção? O senhor soube do problema do Marquinhos no Pré-Olímpico?
- Claro que soube. Mas isso não o exclui da convocação, porque não o conheço bem. Vou conversar com ele e ver o que aconteceu. Sou partidário da filosofia do Pat Riley: quem quer participar do círculo, que esteja dentro. Quem não quer, que saia e tudo bem. Além disso, não vou permitir que o Marquinhos faça isso comigo, com o time e com a carreira dele, porque não é a melhor decisão. Por aqui me consideram um bom psicólogo porque lido bem com atletas. Considero que temos deficiências nesta posição, sim, mas nada que não possamos corrigir.
- Muita gente gostaria de ver o Brasil jogando com três pivôs. Isso é possível?
- Claro que sim! O Varejão e o Murilo (foto) têm capacidade para fazer a posição 3. Hoje, no mundo, times jogam com dois armadores, três alas baixos, três pivôs. Nada é impossível, desde que haja treinamento e construção de espaços.
- E como está sendo seu estudo dos adversários?
- Tenho visto fitas com jogos de todos os adversários europeus. Sobre os africanos, tenho bons contatos e espero obter as fitas rapidamente. Mas também quero que nossos adversários se preocupem conosco, e não apenas o contrário. A verdade é que o Brasil tem um excelente grupo de jogadores, e ainda precisa se concretizar como um time. Estou lendo muito também. Coisas de Dean Smith, Chuck Daly, Obradovic e Mike Fratello me serão úteis.
>>> "Sei que a CBB me contratou, mas o correto é que cada país,
como ocorre na Europa, tenha uma liga própria, sem interferência da entidade máxima, que deveria apenas chancelar o campeonato"
- O senhor soube do racha entre a confederação e os clubes paulistas, que estão fora do Nacional? O que achou?
- Soube, sim. Tive informação, inclusive, de que o Oscar tentou fazer uma liga antes, mas não teve muito sucesso. Se isso acontece, o retrato é claro: a relação entre equipes e confederação não está indo bem. Sei que a CBB me contratou, mas o correto é que cada país, como ocorre na Europa, tenha uma liga própria, sem interferência da entidade máxima, que deveria apenas chancelar o campeonato.
- E a barreira da língua, como vai fazer para superá-la?
- Já comprei um livro aqui, para tentar diminuir esse problema. Mas basquete não tem mistério. Tenho que me fazer respeitar, pois sou eu que estou chegando. Se precisar, falo em espanhol, inglês, portunhol, qualquer coisa para que os jogadores tenham carinho e respeito por mim.
- Por fim, aonde esta seleção brasileira pode chegar?
- Não tenho dúvida de que conseguiremos a vaga olímpica. Depois saberemos se vamos brigar por medalhas. Prefiro ir passo a passo, até porque sou ótimo com palavras, mas estou aí para ser julgado pelos meus resultados dentro da quadra, não?
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26 comentários:
Como o próprio Moncho diz, não dá para julgar um técnico só pelas palavras, ele vai ter que provar seu valor na quadra. Mas algumas declarações me deixaram mais otimista. Em vez de apenas criticar sem conhecer, talvez seja o momento de esperar e dar ao sujeito um voto de confiança. Boa sorte a ele. Abraços!
Concordo com o Rodrigo, pela entrevista parece ser uma pessoa, pelo menos, consciente. Mas temos de esperar pra ver o trabalho como sera feito, e que pelamordedeus a CBB faço um planejamento decente, com tempo para treinar. Alguem sabe qnd o nene podera voltar a jogar?
Tadinho do Mocho, ele acha mesmo que vai dar para pegar vaga pra olimpiada. Fiquei com tanta pena que até comecei a gostar dele.
Comentários derrotistas como o do cara aqui de cima que dão pena...
gostei da entreviusta, um cara inteligente, porem, q naum conhece bem os jogadores, esse camp q ele diz de uma semana será excelente para ele conhecer tds quew puderem comparecer, espero que seja tempo suficienmte para n cometer nenhuma injustiça, mas ele mesmo disse, bons nas palavras ele eh, ja fez me ficar até otimista, o negócio agoa eh na prática...
Excelente entrevista. Pelo menos o Moncho não é arrogante e tão-pouco prepotente, foi bem humilde. Gostei. Com a palavra ele foi bem, mas como ele mesmo disse, vamos ver em quadra. Boa sorte Moncho!
O cara realmente disse tudo: fala muito bem, vamos ver o que fara. E eh um pepino bem grande que ele esta agarrando.
Pouco tempo de treinamento, descofiancas de jogadores e assistentes, jogadores importantes machucados. Falta de fundamentos. Confederacao sem a menor credibilidade...
Como sempre estarei torcendo, nao consigo torcer contra o Brasil no basquete ou em qualquer esporte, mas se a vaga vier... Olha... digamos que sera um feito e tanto!
eu diria q a nossa chance é a croacia ir desfalcada e fazer uma partida inesquecivel tipo akela do pan 87
nossa chance hj eu diria 1%
Acho importante ele chamar o tavernari.
o mlk acho q tem que ir sim
nao acham
ele ta arrebentando em BYU
ele tem que ir!!
e outra coisa o Baby seria fundamental para termos mais presença no garrafão
antes de mais nada, otima entrevista !!
qto ao moncho agora, acho que só dele montar um time sem ter seus "afilhdos" como tinha o Lula ja vai ser um avanço, somando ao fato dele vir com nova mentalidade, nova motivação, sei la, pode dar certo.
e outra coisa, quem joga basquete sabe, a chegada de um novo treinador pode fazer com que jogadores que antes nao tinham muito espaço e nem importancia ganhem moral, eu levo fé na subida do Huertas, e em segundo plano do Marcus Toledo.
vamo dar uma força ae pro cara... mas q vai ser foda, n tenho duvidas
O pessimismo que tive ao ver o nome dele anunciado a cada entrevista que leio dele vai embora.
Ao menos sei que se o Brasil não conseguir a vaga, vai ser culpa única e exclusivamente do planejamento e estrutura, pois temos jogadores capacitados e um técnico que está com vontade, correndo atrás de informações, e que ainda demonstrou ser inteligente sem arrogância.
O Bom de um tecnico espanhol é que talvez, finalmente, teremos o huerta de armador principal. O grande problema é o Marcelinho Machado. Provavelmente ele fara parte dos 12. Xiii
Grande Fábio tudo bem, bela entrevista, o cara é bom de papo, mas o que interessa mesmo é saber se ele na prática vai estar conectado com o que se joga atualmente de mais moderno no basquetebol mundial e ai só o tempo vai dizer. Material humano nós temos, não vamos ter é tempo para treinarmos adequaamente, velho filme que se repete e que é sempre o nosso maior adversário.
Muito bom e esperançoso por um lado, mas totalmente desentimulante por outro
Po cara
Caio torres , ele so pode estar de sacanagem/Rafael já se mostrou que nao tem condição de segurar uma barra enfrente a uma seleção, ele é fraco pra seleção/Paulao e marcus sao os unicos pra mim q tem condições de terem uma chance.
Gostei do que ele falou sobre os pivos interagir mais no jogo, gostei de ler isso!!!
Agora pra mim indispensaveis são Jonathan tavernari e Hatila passos que merecem sim uma chance.
Jonathan principalmente
E por que ele nem citou o baby??
acho que o baby sera fundamental nessa equipe!!!
Gostei da entrevista e o novo técnico mostrou muita serenidade em suas analises e isso poderá ajudar muita na unidade da equipe
Ah, esqueci de elogiar o Fábio, na hora de criticar nunca esqueço.. hehe
Bela entrevista Fábio, parabéns.
Sinceramente ?Discordo dos otimistas ...
olha só :
"Foi uma surpresa e ao mesmo tempo um sonho se realizando. Nunca treinei uma equipe de ponta."
"fui operado, estou fazendo tratamento, e o médico me garantiu que, até o fim de março, "
"mas estou seguindo o campeonato por estatísticas e, em fevereiro, poderei ver dois ou três jogos"
sinceramente, parece até piada ... não critico a pessoa em si pq não conheço,mto menos sua competência, mas parece piada né ?
Nunca dirigiu uma equipe de ponta, problema de saúde e não faz a MENOR IDÉIA de como anda o basquete aqui ... com tantos problemas assim,parece q escolheram um estrangeiro 'bem problemático' e com tudo para dar errado para depois chegar para todo mundo e dizer 'tá vendo, não queriam um estrangeiro ? Deu merda!" .. e aí nosso amigo idiota se perpetua na cbb por mais uns 50 anos ...
ridículo
sinceramente, to otimista igual eu tava na epoca do pre-olimpico das americas... vamo ve neh =D
Ez, creio que o fato dele nunca ter dirigido equipe de ponta já era de conhecimento de todos aqui, por isso o desânimo inicial.
O fato médico, ele mesmo respondeu, vai estar 100% na época necessária.
E quanto a acompanhar o basquete nacional, ele vai fazer um trabalho "tampão" de curtíssimo prazo, é mais importante ele estar acompanhando os jogadores que vão jogar como Huertas, Tiago.. do que o nosso Nacional.
É o que temos, não vejo 1 otimista aqui garantindo que a vaga está garantida ou elogiando o Grego.
Gostei muito da entrevista do Mocho.
Se eu já gostava da idéia de um treinador de fora agora teho certeza.
Só pelas palavras (isso mesmo só pelas palavras) já dá pra ver uma mentalidade bem mais evoluida do que a dos nossos treinadores, que na mais alta ignorância se manifetsarm contra.
Mocho boa sorte. Vc parec ser muito boa pessoa além de um profissional bem preparado.
Gostei muito da entrevista do Mocho.
Se eu já gostava da idéia de um treinador de fora agora teho certeza.
Só pelas palavras (isso mesmo só pelas palavras) já dá pra ver uma mentalidade bem mais evoluida do que a dos nossos treinadores, que na mais alta ignorância se manifetsarm contra.
Mocho boa sorte. Vc parec ser muito boa pessoa além de um profissional bem preparado.
Voto de confiança dado a ele.. espero q ele tenha sucesso.... apesar de ser muito dificil.....
Ez, você disse que ele não tem a menor ideia do que se passa no nosso basquete só porque vc quis citar essas partes, sem citar as partes em que ele fala do problema do Marquinhos, do fracasso da NLB, entre outros...pra mim ele não está tão por fora sim
e ele diz que conseguiu botar uma rédea no Marcelinho Machado e fazer ele render bem sem ser Crazy Shooter...bom, se for verdade, é uma ótima notícia, pois o Marcelinho, apesar de todas as críticas, é um jogador experiente e que tem bom passe e bom arremesso. Ressaltando - quando colocam rédeas nele...
Diego, eu apenas acho q tudo que ele falou não é segredo para ninguém. Todo mundo sabe sobre o marquinhos, NLB. 3 ou 4 telefonemas no máximo resolvem o problema, mesmo se ele estivesse morando em MARTE para não saber o q está acontecendo, bem como não é preciso ser nenhum especialista p saber que o jogo de meia quadra bem como a defesa brasileira inexistem. Mais uma vez, não se trata de uma crítica pessoal ao técnico, mas acho q a vaga foi mesmo para o brejo. Acho q mesmo sendo um técnico de segundo ou terceiro escalão na europa, é um upgrade absurdo qdo olhamos para o Lula. Acho q com esse prazo, com o grego na seleção, nem larry brown ou Poppovich fariam esse time jogar direito. Acho q para a próxima olimpíada tlvz mas tem q ser um trabalho mais longo, planejado e competente, coisa q c esses caras que estão comandando o basquete, acho impossível de acontecer.
Ah, sobre o marcelinho, vou repetir o que eu disse aqui durante o pré .. ele só é um Crazy Shooter, pq na seleção não existem jogadas, não existe tática, não existe NADA. Todo mundo sabe que ele passa bem, inclusive ele foi bem nas assistências durante o pré ... bons números pra um finalizador. O time do brasil é repleto de crazy people hehehe
Crazy shooter, Crazy disher (leandrinho), Crazy Turnover e por aí vai
seria hilário se não fosse trágico.
bem quer saber minha opiniao li a materia e os comentarios, nao vai dar certo o problema do basquete nao é treino , tecnicos , clubes , o problema é eleição em quanto 27 federações decidir o destino do basquete brasileiro vai ser assim , a eleição tem que ser ampla todos participarem jogadores , ex jogadores, arbitros ex arbitros , tecnicos ex tecnicos clubes com historia como franca pinheiros e outros clubes ai o presidente da cbb mudara sua postura arrogante e ditatorial vai trabalha para o basquete e nao para um grupinho quer um exemplo meu amigo morei em alagoas la so tem basquete por um mes pode isso e vota igual a federação paulista cariocagaucha , tem que mudar por ai na minha confederação a cbla confederação brasileira de lutas associadas estamos atras de um outro caminho todos participam do colegio eleitoral da cbla e nao as federações assim tem eleição e o que com cbb e outras confederações é um acordo politico joguei basquete e morei nos usa praticando o wrestling a luta olimpica quem faz esporte sao os clubes mas nao tem direita a nada em termos nacionais , em quanto nao houver uma entidade como ado associação dos desportistas olimpicos coma ha na espanha os atletas nao terao direito a nada acompanho basquete e digo problema é ELEIÇÂO
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