quarta-feira, 10 de outubro de 2007
UM HOMEM DE BEM PARA KNIGHT
Maior vencedor de jogos da NCAA, três vezes campeão universitário (1976, 81 e 87), campeão olímpico em 1984 e estrela do reality show da ESPN americana Knight School. Bob Knight pode ser criticado por seus métodos, mas é o técnico mais excêntrico dos Estados Unidos. Admirador de Oscar e tendo ministrado clínicas no Brasil nos anos 80, será neste ano que ele, enfim, vai dirigir um brasileiro. Caberá a Ricardo de Bem (foto), em Texas Tech, o primeiro contato tupiniquim com o tresloucado comandante.
Nada que assuste o paulistano de 23 anos.
"No começo, quando fui informado pelo meu técnico de Nebraska do interesse de Texas Tech, fiquei um pouco assustado pela fama do cara. Recebi cartas de intenção, ligações, e decidi conhecê-lo. Fui visitar o campus da universidade, e Coach Knight foi muito educado, simpático e alegre comigo. Fez até piadas. Conversei com outros jogadores, que não tiveram dúvidas em dizer que ele é carinhoso com os atletas, mas exigente nos treinamentos. Não havia motivo para recusar", diz ao Rebote, de seu apartamento do Texas, o ala-pivô de 2,08m, que antes do time texano defendeu por dois anos o junior college de Nebraska.
Ricardo começou no Palmeiras e passou pelo São Paulo antes de chegar às categorias de base do agora extinto Ribeirão Preto. Lá foi treinado por Lula Ferreira (na foto), por quem foi profissionalizado, e conheceu o rigor pela primeira vez.
"Era muito jovem e gostava de andar com tranças no cabelo, cortes diferentes, roupas alegres. Ele pedia para eu só me concentrar nas questões relativas ao basquete. Foi engraçado, mas não era por rebeldia. Aprendi muito sobre disciplina com ele", conta Ricardo, que depois passou por Bauru e Mogi antes de ser levado pelo ex-ala do Uniara Gilson de Jesus para os EUA em 2002.
Consciente da realidade do basquete brasileiro e já com um razoável sotaque americano, Ricardo não pensou muito e aceitou o convite de Gilsinho. Abstraiu a saudade, o frio, a barreira da língua, as diferenças alimentares. E acha que agiu corretamente.
"Percebi que, no Brasil, eu não conseguiria viver de basquete. Lendo o noticiário, reparei que a situação não estava boa e só aqui nos EUA eu poderia desenvolver meu jogo e estudar. Agora, por exemplo, estou cursando Assistência Social", revela, lembrando do rigor com que Bob Knight cuida das notas de seus alunos. "Aqui é o seguinte, cara: se não tiver a nota mínima (C, ou 60%), não joga. Com ele, nem o Michael Jordan jogaria se não tivesse notas", diverte-se o jogador, que pensa em transferir o seu curso para Administração nos próximos meses. Na próxima temporada, ele terá como companheiro o ala Tyler Hoffmeister, vencedor do reality protagonizado pelo técnico na TV.
Uma boa amostra do espírito quase militar de Knight (na foto) pôde ser medido por Ricardo em sua primeira visita ao campus da Texas Tech. Bob mostrou-lhe as ocupações e, antes de se despedir, arregaçou as mangas e levou o brasileiro à quadra de treino. Mostrou-lhe um pouco de sua motion offense (sistema de jogo utilizado pelo treinador em que os pivôs são fundamentais), como quer ver o brasileiro (na posição 4) e em quais pontos seu jogo deveria evoluir.
Amante de hip-hop e cinema, Ricardo de Bem pretende fincar raízes na terra do basquete.
"Aqui, se eu não conseguir uma oportunidade na quadra, poderei seguir uma carreira. Meu sonho é viver no mundo do basquete, mas se não obtiver sucesso, terei um diploma e minha idéia é ficar aqui", finaliza o atleta, que namora uma jogadora brasileira de vôlei universitário e mantém contato diário com a família.
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10 comentários:
Muito boa a entrevista, parabéns.
Pena o Ricardo já ter 23 anos, mas é bom ver que as Universidades americanas cada vez mais abrem as portas para os Brasileiros.
O que tem ele ter 23 anos????? Ele ainda é muito jovem!!! Com certeza, dependendo de sua evolução em quadra, poderá entrar na NBA, pelo que vi de seu Junior College, quando estive lá nos EUA, foi bastante elogiado, por seu aguerrimento em quadra e seu ótimo jogo de garrafão!!!
Alexandre, o Ricardo vai se formar em 2009. 24 anos não está tão ruim assim. Ele tem altura e está no Texas. Quer lugar melhor pra desenvolver pivôs/ alas de força?
tomara que o novo técnico da seleção olhe pra ele e pra vários outros bons brasileiros que estão nas faculdades dos eua e na europa, porque o lula só consegue enxergar NBA e marcelo machado!
leonardo, o El Ogro já faleceu na seleção brasileira. Não se preocupe com isso.
Verdade texano, ele deverá ter um grande desenvolvimento e pode no futuro até servir a seleção, o pena é pelo fato de não ter chegado antes lá, e se for pensar em NBA fica bem complicado, mas não impossivel, e não falei que estava horroroso, apenas também não é nenhuma maravilha(o fato da idade, pq chegar a esse ponto.. mesmo se tivesse 30anos seria excelente)
Olha gente, esse cara deve ter melhorado uns 500%, por que na epoca de Ribeirao, Bauru e Mogi,ele era pior que o Morro.
mas se melhorou, beleza.
Faço das palavras do Alexandre as minhas, porém muito cuidado com as expectativas com relação a jogadores que atuam no basquete universitário americano. Já tivemos inúmeros casos de jogadores de despontam por lá e quando saem para jogar não rendem o esperado.
Faço das palavras do Alexandre as minhas, porém muito cuidado com as expectativas com relação a jogadores que atuam no basquete universitário americano. Já tivemos inúmeros casos de jogadores de despontam por lá e quando saem para jogar não rendem o esperado. BRuno Lima.
nossa no brasil todo mundo quer jogar o brasileiro mais para baixo ainda nao pode ver ninguem com um pouco de fama ja vem falar q o cara jogava mal etc.... se ele esta la pq ele merece mais ai galera vamso dar valor nos jogadores do brasil se nao vai ser difcil viu !! eu espero q ele tenha um bom ano jogando por TTech
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