UM TRABALHO PELA METADE

Todo mundo liberado. O STJD acatou o pedido do Flamengo e adiou o julgamento de Duda, Hélio, Wagner, Jefferson, Vitor e Dedé pela confusão no jogo 3 da final do NBB em Brasília. Ou seja, o time carioca vai com força máxima para a quinta partida neste domingo, em Anápolis. O advogado do Fla alegou que teve pouco tempo para armar a defesa dos atletas, e todos os auditores votaram a favor do clube. Achar que deveria ou não haver punição vai de cada um. Mas simplesmente adiar o julgamento me parece uma péssima decisão. Fica no ar um cheiro de pizza e a sensação de que, na hora de dar o exemplo e moralizar, o trabalho foi feito pela metade.

Continuo achando que a culpa original do tumulto foi da organização, que permitiu a invasão de quadra. Por isso concordo com a decisão de tirar o mando de quadra do Universo, e ainda acho que o clube e sua diretoria deviam ser punidos com multa pesada. Após a invasão, todo o resto foi consequência. Mas o fato de ser consequência não permite a cada um fazer o que quiser.

São plenamente passíveis de punição atitudes como a de Dedé, que tentou agredir torcedores com uma enorme estrutura metálica; de Vitor Boccardo, que corria ensandecido tentando bater em quem estava à sua frente; do próprio Wagner, que foi agredido, mas desviou o caminho do vestiário para voltar ao tumulto. O fato de terem sido expostos à invasão deveria ser levado em conta no julgamento e poderia até contribuir para redução de pena ou absolvição. O que não pode é simplesmente não julgar. Cria-se uma solução feia, com sabor de impunidade.

Mais uma vez, o basquete brasileiro perdeu uma grande chance de dar o exemplo agindo de maneira rápida e eficaz. Empurrou o problema com a barriga, talvez para "não prejudicar o espetáculo". Em vão. O espetáculo já está prejudicado.