domingo, 17 de janeiro de 2010

COMO JOGAVA AQUELA ARGENTINA?




Neste primeiro dos três artigos da série sobre Rubén Magnano,
vamos lembrar, através dos números, como jogava a Argentina
em 2002 e 2004, no auge da carreira do treinador. Confira:



Olhando assim por alto, pode-se chegar à conclusão de que os
hermanos jogaram um basquete melhor em 2002, quando foram
vices, do que em 2004, quando foram campeões. Será? Bem,
não necessariamente. É bom notar que o nível dos adversários
nas Olimpíadas de Atenas foi mais alto que dois anos antes, em
Indianápolis. Vamos a eles, veja se você concorda com a análise:

No Mundial, os rivais de maior peso que cruzaram o caminho da Argentina foram, pela ordem dos jogos: Rússia (Kirilenko, Khryapa, Pashutin), Alemanha (Nowitzki, Okulaja), Estados Unidos (aquele time do vexame liderado por Pierce, Finley e Andre Miller) e Iugoslávia (esta sim, campeã com Stojakovic, Bodiroga - os dois na foto -, Jaric, Divac & Cia, única equipe a derrotar os hermanos no torneio).

Nas Olimpíadas, o caminho foi bem mais árduo, começando na estreia com a própria Iugoslávia (que já era a Sérvia de Bodiroga, Vujanic e Tomasevic), e emendando com Espanha (Gasol, Garbajosa, Navarro, Calderón), Itália (medalha de prata com Basile, Bulleri e Pozzecco), Grécia (Papadopoulos, Hatzivretas, Dikoudis, Papaloukas) e de novo os americanos, desta vez com um time mais forte (Duncan, Iverson, Marbury, Odon, Marion e os jovens LeBron, Wade e Melo).

A concorrência mais forte nos Jogos de Atenas fez desabar a
média de assistências dos argentinos (21.7 para 13.8), mas os
comandados de Magnano continuaram cuidando bem da bola,
com 13 desperdícios por jogo (contra grandes defesas, este é
um bom número). E a defesa, ao menos na estatística, ainda
melhorou em relação ao mundial (76.2 pontos sofridos, contra
77.4 dois anos antes). As duas campanhas também tiveram a
marca dos ataques equilibrados, sem desespero, sob liderança
do craque Manu Ginóbili, que foi cestinha nas duas ocasiões,
mas em nenhuma delas precisou jogar sozinho explodindo em
pontos para levar o time nas costas (médias de 14.1 e 19.3).

Como os números geralmente são traiçoeiros, o texto de amanhã
vai passar longe das estatísticas. Selecionei um jogo simbólico
da carreira de Magnano (a semifinal olímpica contra os EUA em
2004) e revi inteiro, do início ao fim, fazendo várias anotações.
Foi uma verdadeira aula. Amanhã a gente conversa sobre isso.

3 comentários:

Filipe Furtado disse...

Não sei se concordo que o time de 2004 era melhor que o de 2002, não. A tabela era mais dificil, mas pouco. Os servios passaram vergonha e terminaram em penultimo (apesar de geralmente perderem os jogos por pouco) e a diferença entre o time dos EUA de 2002 para o de 2004 é que eles fizeram um jogo bom nas quartas contra a Espanha. Era um time muito bom no papel até você perceber que:
a) O unico "1" dos 12 convocados era Stephon Marbury, só o armador estrela com jogo menos compativel com a FIBA que os americanos poderiam arranjar. Eles teriam ido mlhor com André Miller.
b)Nenhum defensor de perimetro. Semanas antes, Tayshun Prince segurou Kobe a menos de 35%FG nas finais da NBA, digamos que se ele estivesse em Atenas, Manu não teria feito o que quis nas semifinais.
c)Com umas 15 vezes mais jogadores para escolher que qualquer outra seleção terminaram com um grupo de 12 jogadores em que AI e Carmelo pós temporada de rookie tinham os arremessos a distancia mais confiaveis (mas tinham uns 9 caras que poderiam ser descritos como "jogadores atleticos que penetram e atacam a cesta".
Tinham muito talento individual sem duvida, mas a façanha dos argentinos foi muito facilitada pelos americanos manderem um bando de estrelas no lugar de um time para Atenas.

jdinis disse...

Em entrevista de Ruben Magnano ao Draft Brasil (agosto/2009), o treinador diz que a Argentina jogou melhor como equipe no Mundial do que nos Jogos Olímpicos: http://www.draftbrasil.net/wordpress/?p=1958

Abs.

Alexandre Estefan disse...

É Interessante notar que 2002 a pontuação realmente foi bem dividida, mas em 2004 o Gino se tornou verdadeiramente o cestinha da equipe.
No estatística individual o aumento de 5 pontos pode parecer pequeno, mas na % aumenta de maneira significativa, já que a Argentina fez em média 10 pts a menos.
Em 2002 o Gino fez 15,3% dos pontos da Argentina, já em 2004 pulou para 23,5%.. talvez essa mudança não seja tão significativa caso ele tenha jogado menos minutos em 2002.