quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

18 MINUTOS COM MAGNANO




Na quarta-feira, o contato de Rubén Magnano com os jornalistas foi bem diferente do que aconteceu em São Paulo na semana passada. Em vez da entrevista coletiva, ele bateu papos rápidos, separadamente, de dois em dois, ao lado do bar de um hotel em Copacabana. Pelo Globoesporte.com, eu e a repórter Danielle Rocha ficamos exatos 18 minutos com o argentino. O resultado da conversa está aí abaixo.



>>> "Quando um jogador quer defender a camisa de sua seleção,
ele defende. Dá para lembrar o
caso do Scola. Contra a vontade
do jogador, nada se pode fazer"


- Como está a expectativa pela viagem aos Estados Unidos?
- Tenho muitíssima expectativa pela viagem. O que espero
encontrar é um "Sim, eu quero" bem grande. Seria uma grande
satisfação. O mais importante é que os jogadores queiram jogar
pela a seleção brasileira e assumam este compromisso por tudo
o que isso significa esportivamente e extra-esportivamente.

- Ainda que os atletas se comprometam a defender a seleção,
as questões físicas podem ser um empecilho? O Leandrinho,
por exemplo, vem convivendo com lesões ao longo do ano...

- Sem dúvidas, saberemos muito mais sobre esses problemas na
viagem, falando pessoalmente com os atletas. Mas pelo que me
diz a CBB, no caso do Leandrinho não há nenhuma lesão que o
impeça de jogar o Mundial. Então imagino que não precisamos
temer nada nesse aspecto.

- Na época em que treinava a Argentina, havia algum tipo de
pressão dos times da NBA para não liberar os jogadores?

- Não posso falar com certeza porque nunca se sabe, mas creio
que possa ter havido algum tipo de pressão. Mesmo assim,
quando um jogador quer defender sua seleção, ele defende.
Dá para lembrar o caso do Scola, por exemplo. Contra a vontade
do jogador, nada se pode fazer.



- Como se faz para despertar essa vontade no jogador?
- Desde muito jovem se desperta essa vontade. Temos que educar e fazer os jogadores sentirem o que significa a seleção para cada um. Jogam 12, mas é preciso ter muitos outros para que o processo siga o caminho. É importante, através dos técnicos, desenvolver uma identidade com sua instituição, seja uma escola, um clube ou uma seleção. Isso dá um diferencial ao jogador na hora de vestir a camisa de seu país.

- Se não puder contar com alguns destes atletas que atuam no
exterior, ainda assim é possível fazer um bom papel no Mundial?

- É claro que será muito mais difícil. Na Copa América, eu já vi
uma atitude muito elogiável da seleção. Espero encontrar esta
mesma atitude, por isso minha expectativa é por um "Sim, eu
quero". Se conseguirmos, daremos um passo importantíssimo,
não apenas em relação ao que pode acontecer na Turquia, mas
pelo que isso representa para os jogadores que estão abaixo.
Isso criaria um grande respeito pela seleção nacional. É muito
Importante que o jogador queira, mas com atitudes, não apenas
com palavras. É preciso fazer, não apenas dizer.



>>> "Nós vamos trabalhar com
uma lista extensa de jogadores.
Podemos falar tranquilamente
de 30, mas pode ser até mais"


- A sua primeira convocação terá quantos jogadores? Já foi
feito algum tipo de um planejamento nesse aspecto?

- Temos calendário com Sul-Americano sub-18, Sul-Americano
adulto e o início da preparação para o Mundial. Vamos trabalhar
com uma lista extensa de atletas. Podemos falar tranquilamente
de 30 jogadores, mas podem ser até mais.

- É possível que essa lista já tenha jogadores naturalizados?
- Vi o americano Shamell jogar quando fui à partida entre
Pinheiros e Palmeiras. Gostei muito. Conseguindo a cidadania
brasileira, não vou descartá-lo.



- Quando a Argentina enfrentava o Brasil, quais eram os pontos fortes e fracos que o senhor percebia na nossa seleção?
- [Faz uma pausa e dá um leve sorriso] O Brasil sempre se caracterizou muito pelo seu poder ofensivo. O que fazíamos era concentrar muito o nosso jogo no sistema defensivo, para diminuir um pouco a produção do Brasil. Felizmente conseguimos sucesso em várias ocasiões.

- O Brasil já foi bicampeão mundial e medalhista olímpico. Em
quanto tempo o país vai conseguir recuperar essa tradição?

- Isso não está em nenhum livro. Falar disso seria uma mentira,
e nem cabe a mim. Precisamos começar a trabalhar urgente.
Oxalá tenhamos uma boa performance na Turquia, tomara.
Sem dúvida isso pode acelerar o processo. Mas fixar um prazo
seria irresponsável da minha parte.

- A seleção vai ter muito mais a sua cara no Pré-Olímpico de
2011 do que no Mundial da Turquia neste ano?

- Não tenho dúvidas de que, com o passar do tempo, melhora o
conhecimento mútuo entre o técnico e os jogadores. Eles vão
aprendendo o que eu gosto e eu vou aprendendo o que eles
gostam. Além das questões físicas, táticas e técnicas, também
está em jogo um conteúdo emotivo. É preciso colocar a seleção
acima dos nomes individuais. E é claro que isso também é um
aprendizado, leva tempo.



>>> "Disseram que não deixo
os jogadores falarem com suas
famílias. Por favor! Não gosto
é que eles usem os celulares
nos compromissos da seleção"


- O senhor é conhecido como um técnico duro e disciplinador.
- [Sorri desconfiado]

- Não é?
- Depende do que vocês entendem por duro e disciplinador. Se
ser disciplinador significa que vamos começar a treinar às 19h, e
não às 19h10m, então sim, sou muito disciplinador. Se significa
que o almoço é às 12h e portanto não pode começar às 12h30m,
ou que vamos usar a camisa branca, então eu sou disciplinador.

- Mas muito se comenta sobre regras e proibições, como o veto
ao uso de telefones celulares na concentração...

- Isso foi uma coisa publicada aqui, mas foi um mal-entendido.
Disseram que eu não deixo os jogadores falarem com suas
famílias. Por favor! O que não gosto é que eles usem os celulares
nos compromissos da seleção – almoço, jantar, treinos, vestiário,
a caminho do jogo. Disseram também que eu não permito atletas
de cabelos longos, mas é só ver o Luis Scola...

6 comentários:

Anônimo disse...

Tomara que as grandes estrelas do basquete brasileiro tenham vontade de defender a seleção por mais uma vez.

Rafael Ribeiro

Aquino disse...

Sinceramente, não sei se averá comprometimento desses kras ao ponto que o Ruben exige. Ainda que eles venham tem que se doar mto, e não em parte. Isso me faz pensar por quanto tempo permaneceram.

Claro que não estou criticando a exigencia do treinador. Só n sei até onde vai a vontade desses kras de vestir a amarelinha.

Anônimo disse...

Acabou a vida boa pra muita gente aí!

Bom trabalho Magnano, treinador fora de série!

Renato disse...

O homem é aparentemente sério, mas há de se ver na prática como esta seriedade será colocada em prática junto ao time.

No grupo de jogadores, ninguém ali é bobo ou prequiçoso. ninguém chega a jogar na NBA, na Europa ou mesmo como profissional aqui no Brasil sem ter ralado muito mais que os outros, sacrificado o corpo, os estudos e a família, chegando cedo e saindo tarde dos treinos.

Portanto temos de ter cuidado em achar que um Nenê ou um Leandro Barbosa não necessariamente já não entrem com a disposição de se sacrificar, ou só eventualmente vão fazer isso só porque o novo técnico "linha dura" cobrou.

O fato é que a entrega de coração e empenho tem de ser recíproca. De um lado o jogador sacrifica físico, carreira profissional e até condições da família, mas do outro lado tem de haver um empenho, estrutura, organização, *talento* e *coerência* e *sinceridade* dignos do tanto que estes caras estão deixando pra trás, não basta só o nome na camisa e "bla bla bla" de discurso.

E jogador tem faro, vai saber reconhecer rapidinho se o sujeito tem conteúdo ou se é mais um cara cheio de bravatas e só.

Por aqui, esperamos que nosso amigo Magnano tenha conteúdo e recursos pra estabelecer uma relação produtiva, honesta e de homem pra homem (não de cima pra baixo) com a equipe. Se ele conseguir, podemos ir muito longe com este elenco.

Anônimo disse...

Perfeito para mim as palavras do técnico.

Mas meu medo é essa lista de 30 jogadores.

não acham?

abraços

Sandro

peter schiling disse...

Sandro, não tenho medo de uma lista de 30 jogadores. Pq teria medo?