quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

TAVERNARI, O TÉCNICO E A MÃE




O brasileiro Jonathan Tavernari já é figura conhecida aqui no blog, graças aos textos do Texano. Para apresentar o jogador aos leitores do Globoesporte.com,
fiz entrevistas com ele, com o técnico da BYU, Dave Rose, e com a mãe do Jonathan, a treinadora Thelma Tavernari. JT fala sobre draft, seleção brasileira, culinária e os ídolos Kobe e Shakespeare. Para quem quiser conferir a reportagem, basta clicar aqui.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

UM PAPO COM MONCHO


Moncho Monsalve / Foto: Reprodução

Simpático e de fala mansa, Moncho Monsalve, novo técnico da seleção brasileira, não mudou o tom de voz nem nas perguntas mais duras, prova de que o conciliador de que a CBB tanto precisa pode ser ele.
Por telefone, da Espanha, o treinador falou de tática, tempo de contrato, e admitiu que ser bom com palavras não lhe dá nenhuma segurança de que trará os resultados desejados.

>>> "Ainda não assinei contrato com a CBB. Mas confio no senhor Bozikis, e isso não me preocupa. Tenho um compromisso verbal"

REBOTE - De quanto tempo é seu contrato com a confederação brasileira e o que representou o convite para dirigir uma equipe com um nível que o senhor jamais comandou?
MONCHO MONSALVE - Aos 63 anos, eu já não esperava mais ser chamado para um cargo tão importante. Foi uma surpresa e ao mesmo tempo um sonho se realizando. Nunca treinei uma equipe de ponta. Ainda não assinei contrato com a CBB. Mas confio no senhor Bozikis (Grego), e isso não me preocupa. Tenho um compromisso verbal, e só haverá algo escrito depois da nossa reunião em Madri no começo de fevereiro. Se nos classificarmos para as Olimpíadas, posso continuar como consultor ou treinador.

Moncho Monsalve / Foto: Reprodução- É verdade que o senhor tem uma hérnia que o impede de dar treinamentos?
- Tive um problema grave de hérnia na coluna, fui operado, estou fazendo tratamento, e o médico me garantiu que, até o fim de março, poderei voltar às atividades físicas normalmente. Quando for ao Brasil, ainda na primeira metade de fevereiro, estarei em ótimo estado de saúde.

- Não é tarde para conhecer a estrutura e os novos jogadores?
- Concordo que não é o ideal, mas estou seguindo o campeonato por estatísticas e, em fevereiro, poderei ver dois ou três jogos.

>>> "Há problemas claros no jogo de cinco contra cinco, na defesa e
na condução de bola. É preciso ter mais equilíbrio e cadência"


- Como vê a reação de técnicos brasileiros contra seu nome?
- Acho isso normal, cada um tenta defender o seu lado. Mas só peço que me julguem pelo meu trabalho, não pela minha nacionalidade. Sou eu que estou chegando, preciso me conectar a eles, e não o contrário. Vou precisar deles, afinal a comissão terá dois assistentes brasileiros. Quero que me ajudem a desempenhar um bom papel. Já converso com o Lula Ferreira e vou querer falar com Hélio Rubens, Guerrinha, Flávio Davis...

Alex marcando Delfino / Foto: CBB- O senhor assistiu aos últimos jogos da seleção brasileira? O que achou?
- Há problemas claros no jogo de cinco contra cinco, na defesa e na condução de bola. Não vou mudar o basquete daí, mas sei como ajudá-los. É preciso ter mais equilíbrio e cadência.

- E como melhorar isso? Poderia falar um pouco sobre sua carga tática e a correção dos erros de fundamento?
- O primeiro ponto que vou enfatizar é a defesa. Defesa forte impulsiona um jogo de transição de qualidade e um contra-ataque bem feito. É preciso criar um jogo mais eficiente para os pivôs também. Um exercício que gosto é o seguinte: a cada três passes, um será para o interior do garrafão. Isso é básico. Outro fator que quero que os atletas entendam é o do "um passe a mais", que possibilita um arremesso mais seguro e que, inclusive, o Marcelinho Machado conhece. Muitos alegam que ele é um chutador voraz, mas quando jogou comigo ele se adequou ao estilo. Quanto aos fundamentos, este será um grande problema, porque terei pouco tempo, infelizmente. Mas temos como minimizar isso.

>>> "Claro que soube (da crise que envolveu Marquinhos). Mas isso não o exclui da convocação, até porque não o conheço bem. Vou conversar com ele e ver o que aconteceu"

Marcus no Pan / Foto: CBB- E sobre os jogadores brasileiros, quem o senhor está observando?
- Splitter e Huertas, por exemplo, vejo todos os fins de semana, e eles estão muito bem. Outros que estão na Espanha merecerão uma chance, principalmente o Marcus (foto), o Paulão, o Rafael e o Caio Torres. Tenho visto também o Murilo, de quem gosto muito, Guilherme, Alex e João Paulo Batista. Sobre os da NBA, a mesma coisa - estão sendo observados. Com relação aos da NCAA, não os conheço bem, mas sei que há um na BYU e um em New Mexico [o treinador não lembra os nomes de Jonathan Tavernari e Hatila Passos]. Tenho que buscar informações sobre eles. Além disso, pretendo fazer um camp com todos que podem formar o time. A primeira semana servirá para eu definir os 12.

- E em relação à posição 3, maior deficiência da seleção? O senhor soube do problema do Marquinhos no Pré-Olímpico?
- Claro que soube. Mas isso não o exclui da convocação, porque não o conheço bem. Vou conversar com ele e ver o que aconteceu. Sou partidário da filosofia do Pat Riley: quem quer participar do círculo, que esteja dentro. Quem não quer, que saia e tudo bem. Além disso, não vou permitir que o Marquinhos faça isso comigo, com o time e com a carreira dele, porque não é a melhor decisão. Por aqui me consideram um bom psicólogo porque lido bem com atletas. Considero que temos deficiências nesta posição, sim, mas nada que não possamos corrigir.

Splitter e Murilo / Foto: CBB- Muita gente gostaria de ver o Brasil jogando com três pivôs. Isso é possível?
- Claro que sim! O Varejão e o Murilo (foto) têm capacidade para fazer a posição 3. Hoje, no mundo, times jogam com dois armadores, três alas baixos, três pivôs. Nada é impossível, desde que haja treinamento e construção de espaços.

- E como está sendo seu estudo dos adversários?
- Tenho visto fitas com jogos de todos os adversários europeus. Sobre os africanos, tenho bons contatos e espero obter as fitas rapidamente. Mas também quero que nossos adversários se preocupem conosco, e não apenas o contrário. A verdade é que o Brasil tem um excelente grupo de jogadores, e ainda precisa se concretizar como um time. Estou lendo muito também. Coisas de Dean Smith, Chuck Daly, Obradovic e Mike Fratello me serão úteis.

>>> "Sei que a CBB me contratou, mas o correto é que cada país,
como ocorre na Europa, tenha uma liga própria, sem interferência da entidade máxima, que deveria apenas chancelar o campeonato"


- O senhor soube do racha entre a confederação e os clubes paulistas, que estão fora do Nacional? O que achou?
- Soube, sim. Tive informação, inclusive, de que o Oscar tentou fazer uma liga antes, mas não teve muito sucesso. Se isso acontece, o retrato é claro: a relação entre equipes e confederação não está indo bem. Sei que a CBB me contratou, mas o correto é que cada país, como ocorre na Europa, tenha uma liga própria, sem interferência da entidade máxima, que deveria apenas chancelar o campeonato.

Moncho Monsalve / Foto: Reprodução- E a barreira da língua, como vai fazer para superá-la?
- Já comprei um livro aqui, para tentar diminuir esse problema. Mas basquete não tem mistério. Tenho que me fazer respeitar, pois sou eu que estou chegando. Se precisar, falo em espanhol, inglês, portunhol, qualquer coisa para que os jogadores tenham carinho e respeito por mim.

- Por fim, aonde esta seleção brasileira pode chegar?
- Não tenho dúvida de que conseguiremos a vaga olímpica. Depois saberemos se vamos brigar por medalhas. Prefiro ir passo a passo, até porque sou ótimo com palavras, mas estou aí para ser julgado pelos meus resultados dentro da quadra, não?

DIGA AÍ: DE QUE TIME É ESTE LOGO?



Aí está o logo desta semana! O primeiro leitor que mandar a resposta correta para o e-mail logo@rebote.org ganha cinco pontos. O segundo vai ganhar quatro pontos; o terceiro, três; o quarto, dois; e o quinto, um ponto. Até o fim da fase regular da NBA, teremos um logo novo a cada segunda-feira. Quem fizer mais pontos no geral leva um prêmio relacionado ao basquete. Dê uma olhada no ranking, leia o regulamento, e boa sorte!

POR FAVOR: respostas apenas por e-mail, não nas caixinhas de comentários, para não estragar a brincadeira. Valeu!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

ELES TAMBÉM PASSAM VERGONHA


Goteira no Staples Center / Foto: NBA



É óbvio que não dá para comparar os nossos ginásios com os da NBA, mas os americanos também passam seus vexames de vez em quando. Neste domingo, no Staples Center, o duelo entre LeBron (41 pontos, vitória dos Cavs) e Kobe (33 pontos) abriu espaço para uma incômoda goteira, que paralisou a partida por
12 minutos no primeiro período. Se fosse aqui no Brasil...

domingo, 27 de janeiro de 2008

LOGO - RESULTADO E RANKING


Que molezinha, hein. O último logo foi fácil de acertar: era do New York Knickerbockers (ou apenas Knicks, para os íntimos). Tiago Jokura foi o primeiro a cravar. E Walter Bartels passa
a ser o líder do ranking. Parabéns para eles.
O próximo logo vai ao ar na manhã de terça.

1. Tiago Jokura - 5 pontos
2. Alexandre Estefan - 4 pontos
3. Walter Bartels - 3 pontos
4. Ben Hur Lopes - 2 pontos
5. Andrey Pereira - 1 ponto


Após oito rodadas, o ranking fica assim:

1. Walter Bartels - 21
2. Gustavo Sousa - 20
3. Claudio Mikio - 11
4. Andrey Pereira - 8
5. Cibele Ferreira - 8
6. Tiago Jokura - 7
7. Renato Arêas - 7
8. Ben Hur Lopes - 7
9. Alexandre Estefan - 6
10. Suzana Gutierrez - 4
11. Adrien Venancio - 4
12. Luciano Córdova - 4
13. Marcel Ferreira - 3
14. Michael Swiklo - 2
15. Renzo Castello-Miguel - 2

PLAY!

Wilt Chamberlain no basquete colegial, aos 17 anos. Imperdível.

sábado, 26 de janeiro de 2008

ABSURDO NO PAULISTA






A arbitragem brasileira é péssima, disso ninguém duvida. Mas existem erros e erros. O que é inconcebível, por exemplo, é que se duvide da lisura de uma marcação por conta de interesses sabe se lá de onde e do quê. Na partida em que Franca se classificou para a final do Paulista ao vencer o Paulistano por
75-71, o ala Fernando Pena, do time da casa e em busca do empate, sofreu uma falta claríssima a menos de oito segundos
do fim - foi atingido por Márcio de forma até grosseira.

O que marcou a arbitragem?

Nada, absolutamente nada. Momentos depois, Pena saiu de quadra revoltado, chutando mesas e xingando todos. Agora, vem cá, dá pra criticar o jogador em uma situação dessas? Creio que não, foi apenas uma reação a uma atitude reprovável.

Não viu o lance? Clique no vídeo acima, assista e comente.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

E A AULA?


Curtis Jerrells / Foto: Reprodução

As mais de 12 mil pessoas que foram à Reed Arena para ver o embate entre Baylor e (a dona da casa) Texas A&M tiveram que esperar quatro horas para saber quem sairia vencedor. Cinco prorrogações, 69 faltas, 106 lances livres e oito jogadores desqualificados depois, os visitantes venceram por 116-110. Foi o segundo jogo mais longo da história - em 1981, Cincinnati derrotou Bradley em sete períodos extras.

Baylor, do armador Aaron Bruce, que disputou o último Mundial pela Austrália, e do pivô Kevin Rogers, vencia a partida até um minuto para o fim do tempo regulamentar. Foi ai que o pivô da A&M Bryan Davis e o armador Donald Sloan resolveram mandar o jogo à primeira prorrogação após duas cravadas seguidas.

Foto: ReproduçãoA partir daí, brilhou a estrela de Curtis Jerrells, ala dos Bears. De seus 36 pontos, 22 vieram no tempo extra. Curtis ainda anotou oito assistências e quatro rebotes nos 53 minutos que jogou. Bruce fez 20 pontos com 71% de aproveitamento nos arremessos, pegou sete rebotes e distribuiu quatro assistências, enquanto Rogers teve 19 pontos e 18 rebotes.

Pelos Aggies, Davis terminou com 30 pontos e 14 rebotes. Sloan fez 18 pontos, sete rebotes e sete passes. DeAndre Jordan, jovem pivô que vem subindo nos mock drafts, pouco apareceu.

Resta saber quem conseguiu ir à aula no dia seguinte...

O ADVERSÁRIO DO MINAS


Foto: Fábio Balassiano

Depois de vencer fora de casa e ficar perto das finais da Liga das Américas, o Minas enfrenta logo mais o argentino Libertad. Conheci mais profundamente o adversário do time mineiro na terra deles. Vi a partida da equipe, líder da Liga Argentina, contra o Obras, segundo colocado, que venceu por 78-71.

Na partida que vi, o pivô Battle anotou 10 de seus 15 pontos no primeiro tempo. Com marcação dupla, ficou difícil, porque seus passe e visão de jogo são fracos. O Libertad também não teve resposta para o armador (olho nele!) Fernando Titarelli, que anotou 19 pontos basicamente em infiltrações. Após o buraco em sua defesa, Julio Lamas, técnico de Sunchales, confessou sua preocupação com as investidas de Sucatzky, fato que aconteceria três dias depois.

Além de Battle, Mariano Cerruti, que substituiu Sebastian Ginóbili (irmão de Manu, poupado devido a dores estomacais), foi bem. Anotou 26 pontos e marcou bem o cubano Borrell. Possui força física, ótimo jogo de pernas e boa visão defensiva.

Mas nada que o Minas não consiga deter. Os outros pivôs são fracos, o armador titular (Moldu) é lento e sem variação, e o banco não é bom (contra o Obras, foram apenas 12 pontos).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

ENFIM, BONS VENTOS


Chandler, Pargo e Paul / Foto: NBA

Foi-se o tempo em que o New Orleans Hornets chorava pelos cantos e lamentava a mudança para o Oeste, a enxurrada de lesões, os estragos do furacão Katrina. A previsão do tempo mudou na cidade do jazz. E não mudou pouco. Mudou a ponto de botar o time da abelha na primeiríssima posição de sua conferência. O ponto alto da franquia em mais de uma década se consolidou na noite de quarta-feira, com uma vitória sobre o outro time-sensação do Oeste, o Portland Trail Blazers.

O caminho nos últimos anos foi tão esburacado que, mesmo com a escalada surpreendente, o New Orleans ainda tem o segundo pior público da NBA. Daqui a um mês, no entanto, a relação com a torcida pode ganhar um belo incentivo, graças ao All-Star Game.

Chris Paul e Tyson Chandler têm bola para compor o banco de reservas do Oeste, mas ainda que não sejam chamados, há um alento: como Mike D`Antoni não pode treinar a conferência por dois anos seguidos, são grandes as chances de o posto cair no colo de Byron Scott. É mais um ponto para o orgulho local.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

EM PORTUGUÊS CLARO


Grego / Foto: CBB

Na noite de terça-feira, o Botafogo teve um ex-jogador como espectador na partida contra Catanduva, no Rio.
Grego, o presidente da CBB, acompanhou a derrota de sua ex-equipe. Abordado pelo Rebote na arquibancada do ginásio, ele foi simpático e ao mesmo tempo seco em algumas perguntas. Falou do novo técnico, do estilo da seleção e de sua administração.

REBOTE - Como foi o processo de escolha do Moncho Monsalve? Ele era a segunda opção, não?
GREGO - Não existe isso de segunda opção. Escolhemos o Moncho, e ele será o nosso comandante. Pouca gente sabe, mas ele já estava contratado há seis meses. Ele viria no ano passado para algumas clínicas, visitas e sessões de treinamentos, mas problemas no calendário dificultaram a situação. Ele conhece todos os nossos jogadores e poderá implantar a sua filosofia de jogo. É um disciplinador, mas muito aberto ao diálogo.

>>> "Ninguém vai mudar a nossa maneira de jogar, com chutes de três, transição e velocidade"

- Qual será esta filosofia?
- Será sempre a nossa concepção de jogo, mas com valores europeus. Ninguém vai mudar a nossa maneira de jogar, com chutes de três, transição e velocidade. Ele poderá adaptar isso a uma maneira mais européia, com mais consistência, cuidado com a bola nas mãos, cinco contra cinco...

Moncho Monsalve / Foto: Divulgação- Mas o senhor acha que é possível conciliar isso?
- Não vamos jogar que nem eles, que marcam 50, 60 pontos por jogo. Nossa escola é diferente - somos de anotar, 90, 100 pontos para vencer. Temos que jogar como sempre jogamos, mas com alguns requintes, mudanças. Isso é normal e o Moncho Monsalve (foto) saberá como fazer.

- Muitos técnicos daqui criticam a escolha de um estrangeiro...
- (Cortando a pergunta) Por que você não fala que outros tantos apoiaram a decisão, inclusive o Oscar Schmidt? Chegamos a um ponto que todos temos que apoiar, sem desavenças que não levam a nada. Ninguém mais do que eu apóia os técnicos daqui. Sempre os defendi. Escolhi um de fora porque precisamos de experiência internacional para irmos adiante. Nada além disso.

>>> "Julgar a minha gestão só
por uma classificação olímpica no masculino é errado. Devo ser julgado pelo meu modelo de administração, pelos resultados nas categorias
de base, pelo conjunto da obra"


- Como será a montagem da comissão técnica? O Neto, agora trabalhando em São Bernardo, é um desses nomes, correto?
- (Com um leve sorriso) Os nomes serão conhecidos no momento oportuno, ao fim de fevereiro provavelmente.

Marcelinho / Foto: CBB- Não seria mais prudente o Moncho vir ao Brasil o quanto antes, para conhecer a nossa estrutura, ver como andam os treinamentos, ver os jogos?
- Ele virá, mas não temos pressa. Os jogadores da seleção, com exceção do Marcelinho (foto), atuam fora do Brasil. Ele não precisa vir pra cá, portanto. Tem que ficar na Europa mesmo, analisando nossos atletas e os adversários.

- Quais são os planos da preparação antes do Pré-Olímpico?
- Estou viajando para a Europa, para ver o sorteio e conhecer os nossos adversários. Teremos três semanas completas de treinamento e um torneio na Grécia antes da competição. Chegaremos bem lá e conseguiremos a vaga.

Grego / Foto: CBB- Como avalia sua gestão? As críticas mexem com o senhor?
- Críticas são sempre bem-vindas, desde que construtivas. Acho que julgar a minha gestão só por uma classificação olímpica no masculino é errado. Devo ser julgado pelo meu modelo de administração, pelos resultados nas categorias de base, pelo conjunto da obra.

- Mas nas categorias menores estamos começando a perder para adversários que antes não nos incomodavam...
- Isso é normal. A Argentina cresceu, mas nada que nos assuste. Estamos trabalhando duro para atingir nossos objetivos. Vou continuar por muito tempo ainda à frente da CBB.

O "QUASE" DO BOTA


Karina e Alana / Foto: CBB

Foram implacáveis 14-2 para Catanduva nos primeiros cinco minutos das quartas-de-final do Nacional. Prenúncio de uma lavada em três atos. Mas não foi isso o que aconteceu. O Botafogo reagiu (9-1 para finalizar o quarto e ainda com três bandejas fáceis erradas) e escreveu o "quase" mais bonito do campeonato. O placar final, 78-57, é enganoso.

A tática do treinador alvinegro, Orlando Assunção, foi perfeita: para evitar a marcação por pressão do adversário, trocou uma pivô por mais uma armadora (Helena) no quinteto titular para ajudar na condução de bola. Deu certo, apesar dos 25 erros. Nos arremessos, porém, o time pecou, com 21% nos de três e 36% nos de dois.

Camila / Foto: CBBO único equívoco do técnico foi o excessivo tempo de quadra das titulares. Tata jogou os 40 minutos (10 desperdícios), e outras três atletas atuaram por mais de 30 - Josi ainda teve 27. O resultado foi claro. No intervalo, a boa armadora Camila (na foto - só dois equívocos contra toda a pressão das adversárias) já estava exausta, e Catanduva aproveitou. Foram 30 pontos (cinco bolas de três), mais do que haviam conseguido nos 20 anteriores, minando o ponto forte do time carioca (a defesa).

Edson Ferreto, técnico vencedor, disse que seu time, cujo destaque foi a cubana Ariadna, relaxou, e que isso não acontecerá de novo. O gostinho do "quase", no entanto, ninguém tira das alvinegras, que não escondiam o orgulho,
mais do que justo, ao fim da partida.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

NCAA DE DENTRO DO GINÁSIO


Ginásio da Flórida / Foto: Texano

Marreese Speights / Foto: Reprodução

Nem o frio, a garoa e a ventania (por causa de um tornado) deste sábado afastaram os tocedores. Era noite de basquete no centro
da Flórida, o clássico de maior rivalidade da SEC. No Stephen O`Connell Center, a grande maioria não estava afim de ver os Gators perderem. O atual bicampeão enfrentava o time de Kentucky, segundo maior vencedor da NCAA. Flórida perdeu sete jogadores para a NBA nos últimos três anos, mas o plantel continua forte, com Marreese Speights (foto) e Nick Calathes. Do outro lado, Billy Gillispie tinha em Patrick Patterson seu principal recruta.

No primeiro tempo, o time da casa apresentou uma variação de jogadas com Speights, ditadas por Calathes, o ala que arma os lances no esquema de Billy Donovan. Gillispie insistia no consagrado inside-out característico da universidade, envolvendo Patterson e o armador Ramel Bradley durante toda a primeira etapa, que os Gators levaram por cinco pontos. Mas enquanto a UK jogava certinho, era visível a deficiência da UF nos rebotes.

Ginásio da Flórida / Foto: TexanoNo segundo tempo, o jogo engrossou. Os Wildcats abusavam das faltas e da catimba, as bolas de três começaram a cair, e o time inexperiente da Flórida se desesperou: Speights se pendurou com quatro faltas. A torcida ficou tensa e, numa bola de três a dois segundos do fim, Bradley calou os mais de 12
mil pagantes. Prorrogação. Foi aí que a torcida se inflamou. O`Connell tremeu, e Calathes acabou com o jogo. Fez oito de seus 24 pontos - terminou ainda com oito rebotes e oito assistências. Speights anotou 20 pontos e quatro tocos. Do outro lado, Patterson, eliminado por faltas, registrou 15 pontos e oito rebotes.

Longe do ideal, os novos Gators até fizeram bonito e venceram a partida por 81-70. O ala-pivô Al Horford, hoje calouro do Atlanta Hawks, estava no ginásio. E deve ter gostado.

DIGA AÍ: DE QUE TIME É ESTE LOGO?



Aí está o logo desta semana! O primeiro leitor que mandar a resposta correta para o e-mail logo@rebote.org ganha cinco pontos. O segundo vai ganhar quatro pontos; o terceiro, três; o quarto, dois; e o quinto, um ponto. Até o fim da fase regular da NBA, teremos um logo novo a cada segunda-feira. Quem fizer mais pontos no geral leva um prêmio relacionado ao basquete. Dê uma olhada no ranking, leia o regulamento, e boa sorte!

POR FAVOR: respostas apenas por e-mail, não nas caixinhas de comentários, para não estragar a brincadeira. Valeu!

TUMOR DE NENÊ É MALIGNO




Em entrevista ao site da revista Época, o médico brasileiro Fernando Kim, que operou Nenê, afirma que o tumor do jogador é maligno e seu testículo direito foi removido - ao contrário de tudo que vinha sendo divulgado até agora. Mesmo com o câncer, o pivô tem quase 100% de chances de se recuperar totalmente.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

EFEITO MICHAEL JORDAN?




Um ano depois de reunir o corpo de jurados mais célebre da história do campeonato de enterradas, a NBA transfere o poder do veredicto: saem os nobres da plaquinha, entra a voz do povo. Na edição 2008, o júri vai continuar lá para decidir os primeiros rounds. Na grande final, contudo, as placas terão o mesmo valor de cada um dos milhares (ou milhões) de fãs que poderão votar pelo site oficial da liga ou por mensagens de texto no telefone celular.

Será que a mudança é reflexo do comportamento ranzinza de Michael Jordan no ano passado? O mestre estava rabugento, e aquele 10 ali da foto foi nota raríssima. E mais: como não têm o recurso do replay, os jurados não viram que Dwight Howard colou um adesivo no topo da tabela. Resultado: deram nota baixa para a melhor cravada da noite, e D-12 ficou fora da final.

No dia 16 de fevereiro, o pivô do Orlando Magic terá mais uma chance de desbancar Gerald Green, o atual campeão. Os dois competem com o acrobático Rudy Gay ("eu tenho algo que eles ainda não viram") e o calouro-sensação Jamario Moon. Com a diferença de que, desta vez, a palavra final é sua, torcedor.

PALPITÕES NO FEMININO


Iziane, de Ourinhos / Foto: CBB

Começam hoje os playoffs
do Nacional feminino, com Ourinhos x Fluminense e Santo André x Sport. O Flu vai jogar a série inteira em São Paulo - para cortar gastos com taxas de arbitragem - e Catanduva fará o mesmo no Rio - para fortalecer a imagem do time em outra praça, segundo a CBB. Nós, que temos acompanhado de perto a luta das equipes, entendemos as necessidades de cada um. Esportivamente falando, contudo, não dá para aprovar uma série de playoff que ignora o mando de quadra - e, por conseqüência, o regulamento. A torcida de Catanduva, por exemplo, lotou o ginásio na primeira fase, mas só vai poder acompanhar o time na rodada inicial pelo site da confederação.

Enfim, vida que segue. Meus palpites e os do Balassiano são praticamente iguais: 3-0 para Ourinhos, Catanduva e São Bernardo (contra Florianópolis). Nós dois vamos de Sport contra Santo André (3-2 para mim, 3-1 para o Bala). A conferir.

BOLAS E LETRAS NA IRLANDA


Rus Bradburd / Foto: Reprodução

A história de Rus Bradburd não seria nada diferente da maioria dos técnicos americanos. Mais de uma década em uma universidade de ponta, reconhecimento, emprego garantido. Mas Rus escolheu o caminho mais difícil. Cansado depois de 14 temporadas como assistente de New Mexico e UTEP, decidiu, no ano 2000, largar a modalidade para se dedicar a classes secretas de literatura. Em 2002, foi para a Irlanda, onde voltou ao cargo de treinador (no Tralee Frosties Tigers), mas desta vez de forma bem diferente. Para unir suas duas paixões, o basquete e as letras, ele escreveu Paddy on
the hardwood
, livro descrito pelo ex-jogador Jerry West como o melhor que já leu em toda sua vida. Em conversa com o Rebote por e-mail, o autor conta um pouco de sua experiência.

REBOTE - Começo com uma pergunta que está em seu próprio site: por que um técnico de sucesso nos Estados Unidos larga tudo para treinar basquete na Irlanda?
RUS BRADBURD - Na verdade eu já estava exausto das longas horas como técnico universitário. Minha vida ficou vazia. E me interessei por leitura, aí comecei a fazer aulas de literatura escondido em New Mexico. Em 2000, resolvi não esconder mais e segui na carreira de escritor. A razão pela qual comecei no esporte foi porque amava o jogo e ensinar aos atletas. Mas após 14 anos, estas já não eram mais razões para ficar. Tinha perdido minha pureza neste sentido. E só a recuperei na Irlanda.

Capa do livro / Foto: Reprodução- Como foi o período na Irlanda?
- Treinei por duas temporadas o Tralee Frosties Tigers. A primeira foi um desastre total. Tínhamos apenas seis atletas depois do Natal, e éramos o time mais jovem, apesar de nossa fanática torcida em Tralee. Essa, aliás, é uma das partes mais interessantes do basquete no país: os fãs são jovens, adolescentes. Os atletas, por sua vez, são muito duros e fortes. Eles jogam com narizes quebrados, dedos arrebentados. Mas ao mesmo tempo faltam a treinos para ir à Igreja no dia de Natal, sem a menor cerimônia. O campeonato é muito importante, mas aprendi que uma Copa local, de apenas quatro partidas, tem o mesmo valor, o que era inimaginável para um americano.

>>> "O ginásio de Tralee era um gelo, molhado, e tinha um piso inadequado. As paredes eram pintadas de verde escuro, os aros eram bambos e as tabelas eram feitas de madeira."

- E sobre a parte estrutural: o basquete não é tão popular assim na Irlanda, correto?
- O basquete deve ser o décimo esporte mais popular do país. Por isso, a situação econômica é difícil. Só os estrangeiros são pagos (cerca de US$ 1.200 por mês). Os irlandeses, não. E isso gera problemas políticos e de ciúmes entre os atletas. Além disso, os jogos são aos sábados e treinávamos apenas três vezes por semana. Mesmo assim, os jogadores locais são ótimos, acredite. Sobre estrutura, nossa, é terrível. O ginásio de Tralee, um dos piores do país, era um gelo, molhado, e tinha um piso inadequado. As paredes eram pintadas de verde escuro, os aros eram bambos e as tabelas eram feitas de madeira. Isso ajudou, claro, a escrever o livro. Alguns jogadores tampouco eram comprometidos com a equipe. Um deles, o foco central da obra, chama-se Kieran Donaghy, a quem conheci bem jovem. Ele era meio louco, e nunca havia jogado no campeonato local. Sua vontade de aprender a cada dia e seu crescimento fizeram com que eu voltasse a amar o jogo como eu amava antes.

Rus Bradburd / Foto: Reprodução- Você se considera uma espécie de descobridor do basquete irlandês?
- Não sei, mas certamente o meu livro é o primeiro sobre o basquete de lá. Isso também é relativo, pois quase não há livros sobre a modalidade fora dos Estados Unidos. Mas acho que consegui capturar o charme que é viver naquele país e o jogo em si.

- E agora, quais são seus planos? Visitar outros países sem tradição ou voltar aos EUA?
- Por causa do sucesso do meu livro, ganhei uma excelente proposta de trabalho. Em janeiro comecei a dar aulas de literatura como professor assistente da New Mexico University. Isso significa que minha carreira de técnico acabou. Mesmo assim, o basquete ainda está em minha vida, porque tenho um programa para crianças pobres em El Paso e serei o comentarista oficial da TV da universidade nesta temporada.

LOGO - RESULTADO E RANKING


O logo da semana passada era do New Yorker Phantoms, da liga alemã. Difícil, né? Verdade, tanto que tivemos apenas dois acertadores - e foram justamente os dois primeiros do ranking, Gustavo e Walter, que abriram um pouco mais de vantagem. Ninguém vai desafiar a dupla?

1. Gustavo Sousa - 5 pontos
2. Walter Bartels - 4 pontos


Após sete rodadas, o ranking fica assim:

1. Gustavo Sousa - 20
2. Walter Bartels - 18
3. Claudio Mikio - 11
4. Cibele Ferreira - 8
5. Andrey Pereira - 7
6. Renato Arêas - 7
7. Ben Hur Lopes - 5
8. Suzana Gutierrez - 4
9. Adrien Venancio - 4
10. Luciano Córdova - 4
11. Marcel Ferreira - 3
12. Tiago Jokura - 2
13. Michael Swiklo - 2
14. Renzo Castello-Miguel - 2
15. Alexandre Estefan - 2


O próximo logo vai ao ar na manhã de terça. Fiquem ligados.

A PRIMEIRA DE FRAN


Franciele / Foto: Divulgação

Bons sinais para o Mann Filter, de Zaragoza. Na estréia de Franciele, a equipe, até então lanterna do campeonato Espanhol, obteve neste sábado sua segunda vitória, ao derrotar Hondarribia, rival
da cidade, por 86-80, na prorrogação. Ao lado de Ega (19 pontos, 10 rebotes e quatro assistências), Fran se destacou com 12 pontos e oito rebotes em apenas 23 minutos.

O site da equipe se derrama em elogios à brasileira, dizendo que a presença dela mudou completamente o aspecto da equipe. Em um rápido papo na internet após a partida, Fran, humilde e tímida, ficou feliz com as palavras, mas admitiu:

"Eles são meio exagerados", afirmou a jogadora, que, mesmo de folga, foi à quadra da equipe treinar neste domingo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

VAMOS CORRER OU VAMOS JOGAR?


Moncho Monsalve / Foto: CBB

Cogitou-se um Moncho, o López, vice-campeão europeu com a Espanha em 2003, apesar de visto com ressalvas pela crítica. No fim das contas, a CBB trouxe outro Moncho, o Monsalve, também espanhol, com quase quatro décadas de carreira e apenas um título em clubes da primeira divisão. A passagem pelas seleções também não anima: Espanha B, República Dominicana, Suíça, Tunísia e o sub-21 de Marrocos.

Justamente por ter uma carreira inexpressiva como treinador, Monsalve é um quase-anônimo para a maioria de nós. Sem conhecê-lo, seria leviano dizer que ele não está à altura da seleção brasileira. Tomara que esteja. Na entrevista que a confederação enviou à imprensa, o espanhol dá declarações interessantes. Parece ser estudioso, tem dossiês sobre os brasileiros da NBA e da Europa e diz acompanhar de perto a nossa turma nas quadras da Espanha. É um bom começo.

Moncho Monsalve / Foto: CBBO problema é que, sobre tática (nossa principal carência), ele dá duas respostas - uma boa e uma ruim. A boa é: "No cinco-contra-cinco em meia quadra,
a equipe deve saber jogar sem a bola. Um conceito de ângulos e espaços hoje é fundamental,
e devemos melhorar nesse aspecto". OK, é justamente disso que precisamos. Só que aí vem outra declaração: "Não vou mudar os aspectos de jogo tradicionais dos brasileiros, mas é possível melhorar alguns conceitos. Minha idéia é implantar defesa/rebote/contra-ataque e jogo de transição".

É tudo que a gente não precisa: alimentar um esquema viciado que corre na contramão do basquete internacional moderno. Em vez de apostar ainda mais no jogo de transição, um europeu era nossa esperança de uma guinada para um caminho de equilíbrio, paciência, movimentação sem bola, passes conscientes. Em resumo, o famoso "cinco-contra-cinco" que o próprio Moncho cita.

Tomara que, na prática, a primeira declaração tenha mais peso que a segunda. Não para levar o Brasil a Pequim, o que é mesmo muito difícil, mas para que o espanhol plante uma semente aqui antes de ser lançado de volta para o outro lado do Atlântico, como a própria CBB dá a entender que fará após o Pré-Olímpico.

SAIU O NOVO TÉCNICO DA SELEÇÃO

É o espanhol Juan Manuel Moncho Molsalve, de 63 anos, oficialmente divulgado pela CBB agora há pouco. A apresentação está marcada para fevereiro. Moncho já dirigiu Oscar, em 1978, e mais recentemente Marcelinho Machado, no Cantabria Lobo.

"Não vou mudar os aspectos de jogo tradicionais dos brasileiros, mas é possível melhorar alguns conceitos. Minha idéia é implantar defesa/rebote/contra-ataque e jogo de transição", diz ele.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

BOLETIM NENÊ: DÚVIDAS VOLTAM

A notícia de que o tumor de Nenê é benigno já não é tão certa.
O comunicado no site do jogador foi retirado, e o Denver afirma que prefere esperar exames mais conclusivos. Uma matéria do Denver Post fala que, até agora, o que se tem é uma biópsia preliminar, e novos testes serão divulgados nos próximos dias.

DESAFIO BEM LONGE DE CASA


Franciele / Foto: Reprodução

"Prefiro ouvir muito antes de falar". Parece discurso de uma menina. E a autora, Franciele Aparecida Nascimento, maior revelação do basquete brasileiro, é uma menina. Com 20 anos e 1,87m (“Espero crescer muito ainda...), a ala está pronta para o maior desafio de sua carreira: tentar brilhar nas quadras da Espanha.

Sem lembrar ("cara, começa com Z") da cidade espanhola (Zamora) em que atuou pela seleção juvenil, a atleta acaba de chegar à Espanha. Ela assinou por quatro temporadas com o Rivas Futura, mas foi cedida ao Zaragoza, time de Ega. Fran sabe que terá problemas no início, mas nada que tire seu sono.

>>> "A fase por aqui não é das melhores, né. Muito time fechando. O momento é desfavorável, e como não sei quando terei uma nova chance, decidi tentar" - Franciele

"Vou chegar ouvindo mais do que falando e me dedicando nos treinamentos. Não tem essa de saudade. Se pensar nisso, não jogo. Odeio ficar só, mas não tem solução: vou me alimentar de basquete o tempo todo", avalia Fran, que já viveu com 16 moças num alojamento e ficará longe da família (sua mãe, que assim como a filha tem pavor de avião, ainda nem cogita passar uns tempos por lá).

Franciele / Foto: CBBFranciele, que usa o número
14 em homenagem à data de nascimento do já falecido pai (“ele sempre foi minha maior fonte de inspiração”), conta que não foi só o dinheiro que pesou na decisão.

"A fase por aqui não é das melhores, né. Tem muito time fechando. O momento é desfavorável, e como não sei quando terei uma nova chance, decidi tentar", diz Fran, que, assim como o ídolo Lisa Leslie, consegue enterrar ("mas só em treinos, porque precisa ter confiança pra fazer no jogo").

A ala ganhou fama após o Mundial Sub-21 de 2007. No torneio, foi a nona maior cestinha (14.8), a quarta em rebotes (9.1) e a segunda em tocos (1.6). Principal aposta do então recém-empossado Paulo Bassul no Pré-Olímpico do Chile, a caloura não decepcionou. Tímida fora das quadras ("Eu não sabia nem o que dizer pras meninas"), dentro ela foi além das expectativas: 7.8 pontos (atrás de Iziane e Micaela, de quem ouviu a singela frase "você será igual a mim no futuro") e 5.4 rebotes em 16 minutos por partida. Mas é a partir de uma idéia do treinador da seleção que beira a maior dúvida da jogadora.

Franciele / Foto: CBB"Ele (Bassul) conversou comigo e quer me ver treinando e jogando na ala (posição 3). Mas me sinto mais confortável na ala-pivô e não sei como será minha adaptação, preciso ver direitinho para não me prejudicar", diz, lembrando que a carga de treinamentos no país europeu é menor que a daqui. "Isso não é problema. Conversei com algumas meninas que estão por lá (inclusive a amiga Isis) e são poucas horas por semana mesmo, mas eu posso treinar e evoluir por conta própria. Para jogar onde o Paulo quer, preciso ganhar muito em fundamento e um arremesso mais confiável (seu jogo se baseia em cortes e aproximações perto da tabela). Ah, e tenho que melhorar demais na defesa, porque ainda dou uns vacilos brabos. Sempre aprendi a enxergar tudo como oportunidade de melhora. Acho que tá dando certo..."

Apontando as jovens Michelle Splitter e Clarissa como boas revelações do basquete feminino, ela diz que já sonhou em disputar a sua primeira Olimpíada com 20 anos. Lembrada do seu pânico de aviões e da duração da viagem à China, reagiu do jeito mais Franciele possível: "Vixe, nem tinha pensado nisso.
Ah, mas isso é o de menos, né. Quero é estar lá..."